Solidariedade (Marcos 8,1-10)
11 de fevereiro de 2017Precisamos de sinais de Deus?
13 de fevereiro de 2017“Felizes os que guardam os mandamentos de Deus
e lhe obedecem de todo o coração!”
Sl 119.2
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito de Jesus,
doador da vida,
mostra-nos o caminho do Evangelho.
Precisamos de tua orientação,
Mestre da Esperança.
Queremos caminhar
em nossa realidade
injusta, cruel e dura,
desabrochando brotos
de alimento e de vida nova.
Ajuda-nos a animar
todos os que nos rodeiam;
ensina-nos a ajudar
e a lançar sementes de transformação.
TEXTO BÍBLICO: Mateus 5.17-37
A Lei de Moisés
17 — Não pensem que eu vim para acabar com a Lei de Moisés ou com os ensinamentos dos Profetas. Não vim para acabar com eles, mas para dar o seu sentido completo. 18Eu afirmo a vocês que isto é verdade: enquanto o céu e a terra durarem, nada será tirado da Lei — nem a menor letra, nem qualquer acento. E assim será até o fim de todas as coisas. 19Portanto, qualquer um que desobedecer ao menor mandamento e ensinar os outros a fazerem o mesmo será considerado o menor no Reino do Céu. Por outro lado, quem obedecer à Lei e ensinar os outros a fazerem o mesmo será considerado grande no Reino do Céu. 20Pois eu afirmo a vocês que só entrarão no Reino do Céu se forem mais fiéis em fazer a vontade de Deus do que os mestres da Lei e os fariseus.
O ódio
21 — Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: “Não mate. Quem matar será julgado.” 22Mas eu lhes digo que qualquer um que ficar com raiva do seu irmão será julgado. Quem disser ao seu irmão: “Você não vale nada” será julgado pelo tribunal. E quem chamar o seu irmão de idiota estará em perigo de ir para o fogo do inferno. 23Portanto, se você estiver oferecendo no altar a sua oferta a Deus e lembrar que o seu irmão tem alguma queixa contra você, 24deixe a sua oferta ali, na frente do altar, e vá logo fazer as pazes com o seu irmão. Depois volte e ofereça a sua oferta a Deus.
25 — Se alguém fizer uma acusação contra você e levá-lo ao tribunal, entre em acordo com essa pessoa enquanto ainda é tempo, antes de chegarem lá. Porque, depois de chegarem ao tribunal, você será entregue ao juiz, o juiz o entregará ao carcereiro, e você será jogado na cadeia. 26Eu afirmo a você que isto é verdade: você não sairá dali enquanto não pagar a multa toda.
O adultério
27 — Vocês ouviram o que foi dito: “Não cometa adultério.” 28Mas eu lhes digo: quem olhar para uma mulher e desejar possuí-la já cometeu adultério no seu coração. 29Portanto, se o seu olho direito faz com que você peque, arranque-o e jogue-o fora. Pois é melhor perder uma parte do seu corpo do que o corpo inteiro ser atirado no inferno. 30Se a sua mão direita faz com que você peque, corte-a e jogue-a fora. Pois é melhor perder uma parte do seu corpo do que o corpo inteiro ir para o inferno.
O divórcio
Mateus 19.1-9;Marcos 10.1-12;Lucas 16.18
31 — Foi dito também: “Quem mandar a sua esposa embora deverá dar a ela um documento de divórcio.” 32Mas eu lhes digo: todo homem que mandar a sua esposa embora, a não ser em caso de adultério, será culpado de fazer com que ela se torne adúltera, se ela casar de novo. E o homem que casar com ela também cometerá adultério.
Os juramentos
33 — Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: “Não quebre a sua promessa, mas cumpra o que você jurou ao Senhor que ia fazer.” 34Mas eu lhes digo: não jurem de jeito nenhum. Não jurem pelo céu, pois é o trono de Deus; 35nem pela terra, pois é o estrado onde ele descansa os seus pés; nem por Jerusalém, pois é a cidade do grande Rei. 36Não jurem nem mesmo pela sua cabeça, pois vocês não podem fazer com que um só fio dos seus cabelos fique branco ou preto. 37Que o “sim” de vocês seja sim, e o “não”, não, pois qualquer coisa a mais que disserem vem do Maligno .
1. LEITURA
Que diz o texto?
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
A que Jesus dará o sentido completo? Quem será considerado grande no Reino do Céu? O que acontecerá com quem ficar com raiva de seu irmão? De que se trata cometer adultério no coração? Por que não se deve jurar, nem pelo céu, nem pela terra, nem por Jerusalém?
Algumas pistas para compreender o texto:
No evangelho de hoje, Jesus continua seu ensinamento no sermão da montanha.
O texto introduz o tema da lei, aprofundando-a e interiorizandoa-a em quatro aspectos: o homicídio (vv. 21-26); o adultério (vv. 27-30); o divórcio (vv. 32-32) e o juramento (vv. 33-37).
O evangelho de Mateus, que se dirige a cristãos que provêm principalmente do ambiente judaico, apresenta Jesus como um novo Moisés. Assim como Moisés havia subido o monte para receber a Lei do Senhor e comunicá-la ao povo, também Jesus sobe o monte e ensina a seus discípulos. Por outro lado, no tempo de Jesus, Moisés era a autoridade indiscutida como porta-voz da Palavra Deus. Quem é este Jesus que se atreve a questionar e a corrigir o próprio Moisés? Desse modo, vai-se apresentando também aos discípulos e aos leitores a consciência que Jesus tinha de sua própria identidade.
Em primeiro lugar, Jesus apresenta-se não como alguém que vem para abolir a lei, mas como quem lhe dá o sentido completo (v. 17). Ou seja, há uma continuidade entre Jesus e o respeito à tradição judaica, mas também se dá uma superação, porque Jesus corrige e, portanto, supera Moisés.
Nos quatro temas que o texto menciona, Jesus interioriza a lei, que já não permanece simplesmente uma observância externa. Não é simplesmente não matar ou não cometer adultério: Jesus quer que a palavra penetre não só nas obras, mas também nas intenções, nos desejos profundos dos discípulos e dos que o escutam. Por isso, quando trata do mandamento de “não matar”, quer chegar até à reconciliação profunda, e declara a nulidade das oferendas do culto quando existem inimizades e rancores.
Quando trata do adultério, convida à radicalidade de evitar as ocasiões que possam levar à impureza. Por isso fala de “arrancar o olho” – por onde entra o desejo – e de “cortar a mão” – que se atreve ao que não deve –, quando são ocasião de cair em pecado; naturalmente está falando da maneira exagerada, mas o próprio exagero está a indicar a radicalidade.
Por fim, trata dos temas do divórcio e do juramento. Diante do divórcio, que em algumas tradições rabínicas do tempo de Jesus era muito comum, Jesus faz uma advertência, e reprova o casamento com alguém que esteja divorciado. E com o juramento, que também era uma prática comum na mentalidade religiosa da época, Jesus ensina a comprometer-se simplesmente com a própria palavra.
O que o Senhor me diz no texto?
O Evangelho convida-nos a assumir as leis com a o olhar de Jesus: trata-se de fazer com que cada momento de nossa vida seja inspirado pelo amor e pela paz que o Senhor nos dá. É um chamado a dividir com nossos irmãos a oportunidade de alcançar a salvação respondendo sincera e radicalmente às exigências do Evangelho, e não cumpri-las por temor ou por medo, mas por fidelidade, convicção e amor a Deus.
O Papa Bento partilha conosco o seguinte comentário sobre o texto e a respeito da plenitude da Lei de Cristo: “Jesus explica-o mediante uma série de antíteses entre os mandamentos antigos e o seu modo de os repropor. Cada vez começa: ‘Ouvistes o que foi dito aos antigos…’, e então afirma: ‘Mas Eu vos digo…’. Por exemplo: ‘Ouvistes o que foi dito aos antigos: “Não matarás, mas quem matar será castigado pelo juízo do tribunal”. Mas Eu vos digo: todo aquele que se irar contra seu irmão será castigado pelos juízes’ (Mt 5.21-22). E assim por seis vezes. Este modo de falar causava grande impressão no povo, que permanecia assustado, porque aquele ‘Eu vos digo’ equivalia a reivindicar para si a mesma autoridade de Deus, fonte da Lei. A novidade de Jesus consiste, essencialmente, no fato de que Ele mesmo ‘completa’ os mandamentos com o amor de Deus, com a força do Espírito Santo que habita nele. E nós, através da fé em Cristo, podemos abrir-nos à obra do Espírito Santo, que nos torna capazes de viver o amor divino. Por isso, cada preceito se torna verdadeiro, como exigência de amor, e todos convergem num único mandamento: ama a Deus com todo o coração, e ao teu próximo como a ti mesmo. ‘A caridade é o pleno cumprimento da lei’, escreve são Paulo (Rm 13.10).
“Caros amigos, talvez não seja ocasional, que a primeira grande pregação de Jesus se chame ‘Sermão da montanha’! Moisés subiu ao monte Sinai para receber a Lei de Deus e levá-la ao Povo eleito. Jesus é o Filho do próprio Deus que desceu do Céu para nos levar ao Céu, à altura de Deus, pelo caminho do amor. Aliás, Ele mesmo é este caminho: só devemos segui-lo, para cumprir a vontade de Deus e entrar no seu Reino, na vida eterna”.[3]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Reviso minhas intenções e motivos para agir? Peço ao Espírito Santo para que me oriente nos momentos em que me sinto descontente com um amigo? Sou radical para pôr fim às situações que me fazem pecar? Reconheço que quando Jesus veio, fez de seu ambiente uma nova história, e o mesmo desejo fazer?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Ajuda-me a conservar a pureza de alma, a ser modesto em minhas atitudes,
exemplar no convívio com o próximo e verdadeiramente cristão em minha conduta.
Concede-me tua ajudar para dominar meus instintos, para fomentar em mim tua graça,
para cumprir teus mandamentos e obter minha salvação.
Ensina-me, Senhor, a compreender a pequenez do que é terreno, a grandeza do divino,
a brevidade desta vida e a eternidade da futura.
Concede-me, Senhor, uma boa preparação para a morte e um santo temor do Juízo,
a fim de livrar-me do inferno e obter tua glória.
Por Cristo Nosso Senhor. Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
“Senhor, que minhas ações, decisões e pensamentos sempre sejam guiados por tua nova lei”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Escolho uma situação, pessoa ou lugar que me estimulam a prejudicar-me ou a prejudicar outra pessoa, e decido, com o auxílio de Deus, tomar distância e romper com esse pecado.
“Preferiria cometer erros com gentileza e compaixão
a fazer milagres com descortesia e dureza.”
Madre Teresa de Calcutá