José, quando acordou… (Mateus 1,16.18-21.24a)
19 de março de 2016Deus aceita o perfume…
21 de março de 2016“Ó Senhor Deus, não te afastes de mim!
Vem depressa me socorrer.”
Sl 22.19
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Jesus, Filho de Deus,
que me chamas a teu encontro cada dia,
quero acolher-te em minha vida.
Acolher-te para crer em ti e em tua palavra
de amor e de vida,
de esperança e de paz.
Acolher-te para amar-te
com um amor cálido e profundo,
saído do fundo do meu coração.
Acolher-te para proclamar-te
com decisão e coragem,
como dono e senhor de meu ser e de minha vida.
Acolher-te para comunicar com entusiasmo e alegria,
com gestos e palavras,
tua mensagem de salvação e de vida eterna.
TEXTO BÍBLICO: João 8.1-11
Jesus diante de Pilatos
Mateus 27.1-2,11-14; Marcos 15.1-5; João 18.28-38a
1Em seguida o grupo todo se levantou e levou Jesus para Pilatos. 2Lá, começaram a acusá-lo, dizendo:
— Pegamos este homem tentando fazer o nosso povo se revoltar, dizendo a eles que não pagassem impostos ao Imperador e afirmando que ele é o Messias, um rei.
3Aí Pilatos perguntou a Jesus:
— Você é o rei dos judeus?
Jesus respondeu:
— Quem está dizendo isso é o senhor.
4Então Pilatos disse aos chefes dos sacerdotes e à multidão:
— Não encontro nenhum motivo para condenar este homem.
5Mas eles insistiram:
— Ele está causando desordem entre o povo em toda a Judeia. Ele começou na Galileia e agora chegou aqui.
Jesus diante de Herodes
6Ouvindo isso, Pilatos perguntou:
— Este homem é da Galileia?
7Quando soube que Jesus era da região governada por Herodes, Pilatos o mandou para ele, pois Herodes também estava em Jerusalém naquela ocasião. 8Herodes ficou muito contente quando viu Jesus, pois tinha ouvido falar a respeito dele e fazia muito tempo que queria vê-lo. Ele desejava ver Jesus fazer algum milagre. 9Então fez muitas perguntas a Jesus, mas ele não respondeu nada. 10Os chefes dos sacerdotes e os mestres da Lei se apresentaram e fizeram acusações muito fortes contra Jesus. 11Herodes e os seus soldados zombaram de Jesus e o trataram com desprezo. Puseram nele uma capa luxuosa e o mandaram de volta para Pilatos. 12Naquele dia Herodes e Pilatos, que antes eram inimigos, se tornaram amigos.
Jesus é condenado à morte
Mateus 27.15-26; Marcos 15.6-15; João 18.39—19.16
13Pilatos reuniu os chefes dos sacerdotes, os líderes judeus e o povo14e disse:
— Vocês me trouxeram este homem e disseram que ele estava atiçando o povo para fazer uma revolta. Pois eu já lhe fiz várias perguntas diante de todos vocês, mas não encontrei nele nenhuma culpa dessas coisas de que vocês o acusam. 15Herodes também não encontrou nada contra ele e por isso o mandou de volta para nós. Assim, é claro que este homem não fez nada que mereça a pena de morte. 16Eu vou mandar que ele seja chicoteado e depois o soltarei.
17[Na Festa da Páscoa, Pilatos tinha o costume de soltar algum preso, a pedido do povo.] 18Aí toda a multidão começou a gritar:
— Mata esse homem! Solta Barrabás para nós!
19Barrabás tinha sido preso por causa de uma revolta na cidade e por assassinato.
20Então Pilatos, querendo soltar Jesus, falou outra vez com a multidão. 21Mas eles gritavam mais ainda:
— Crucifica! Crucifica!
22E Pilatos disse pela terceira vez:
— Mas qual foi o crime dele? Não vejo neste homem nada que faça com que ele mereça a pena de morte. Vou mandar que ele seja chicoteado e depois o soltarei.
23Porém eles continuaram a gritar bem alto, pedindo que Jesus fosse crucificado; e a gritaria deles venceu. 24Pilatos condenou Jesus à morte, como pediam. 25E soltou o homem que eles queriam — aquele que havia sido preso por causa de revolta e de assassinato. E entregou Jesus para fazerem com ele o que quisessem.
A crucificação de Jesus
Mateus 27.32-44; Marcos 15.21-32; João 19.17-27
26Então os soldados levaram Jesus. No caminho, eles encontraram um homem chamado Simão, da cidade de Cirene, que vinha do campo. Agarraram Simão e o obrigaram a carregar a cruz, seguindo atrás de Jesus.
27Uma grande multidão o seguia. Nela havia algumas mulheres que choravam e se lamentavam por causa dele. 28Jesus virou-se para elas e disse:
— Mulheres de Jerusalém, não chorem por mim, mas por vocês e pelos seus filhos! 29Porque chegarão os dias em que todos vão dizer: “Felizes as mulheres que nunca tiveram filhos, que nunca deram à luz e que nunca amamentaram!” 30Chegará o tempo em que todos vão dizer às montanhas: “Caiam em cima de nós!” E dirão também aos montes: “Nos cubram!” 31Porque, se isso tudo é feito quando a lenha está verde, o que acontecerá, então, quando ela estiver seca?
32Levaram também dois criminosos para serem mortos com Jesus. 33Quando chegaram ao lugar chamado “A Caveira”, ali crucificaram Jesus e junto com ele os dois criminosos, um à sua direita e o outro à sua esquerda.
34[Então Jesus disse:
— Pai, perdoa esta gente! Eles não sabem o que estão fazendo.]
Em seguida, tirando a sorte com dados, os soldados repartiram entre si as roupas de Jesus. 35O povo ficou ali olhando, e os líderes judeus zombavam de Jesus, dizendo:
— Ele salvou os outros. Que salve a si mesmo, se é, de fato, o Messias que Deus escolheu!
36Os soldados também zombavam de Jesus. Chegavam perto dele e lhe ofereciam vinho comum 37e diziam:
— Se você é o rei dos judeus, salve a você mesmo!
38Na cruz, acima da sua cabeça, estavam escritas as seguintes palavras: “Este é o Rei dos Judeus”.
39Um dos criminosos que estavam crucificados ali insultava Jesus, dizendo:
— Você não é o Messias? Então salve a você mesmo e a nós também!
40Porém o outro o repreendeu, dizendo:
— Você não teme a Deus? Você está debaixo da mesma condenação que ele recebeu. 41A nossa condenação é justa, e por isso estamos recebendo o castigo que nós merecemos por causa das coisas que fizemos; mas ele não fez nada de mau.
42Então disse:
— Jesus, lembre de mim quando o senhor vier como Rei!
43Jesus respondeu:
— Eu afirmo a você que isto é verdade: hoje você estará comigo no paraíso.
A morte de Jesus
Mateus 27.45-56; Marcos 15.33-41; João 19.28-30
44Mais ou menos ao meio-dia o sol parou de brilhar, e uma escuridão cobriu toda a terra até as três horas da tarde. 45E a cortina do Templo se rasgou pelo meio. 46Aí Jesus gritou bem alto:
— Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!
Depois de dizer isso, ele morreu. 47Quando o oficial do exército romano viu o que havia acontecido, deu glória a Deus, dizendo:
— De fato, este homem era inocente!
48Todos os que estavam reunidos ali para assistir àquele espetáculo viram o que havia acontecido e voltaram para casa, batendo no peito em sinal de tristeza. 49Todos os amigos de Jesus e as mulheres que o tinham seguido desde a Galileia ficaram de longe, olhando tudo aquilo.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Pe. Mario Montes Moraga
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
O que Jesus respondeu a Pilatos? Quais eram as razões pelas quais acusavam Jesus diante de Pilatos? Quais foram as pessoas que não encontraram culpa em Jesus? O que disse Jesus às mulheres? O que Jesus prometeu ao ladrão que lhe pediu que dele se lembrasse quando viesse como Rei? Qual foi a frase que Jesus disse ao morrer?
Algumas pistas para compreender o texto:
São Lucas é o evangelista do amor e da misericórdia de Deus, e é a partir desta ótica que nos narra a paixão de Cristo. Não está interessado em apresentar responsabilidades, nem nos judeus nem nos discípulos. Que sentido tem buscar culpáveis, se o sangue de Jesus perdoou todos os pecados? Por isso, não narra que os discípulos adormeceram, ou fugiram, não relata os insultos do Sumo Sacerdote nem as zombarias dos soldados. Não coloca diante de nós um Jesus sozinho e abandonado na cruz, mas no-lo apresenta rodeado de amigos que compartilham seus sofrimentos.
A Paixão que o evangelista Lucas escreve nos apresenta Jesus perdoando e reconciliando. Neste evangelho, Pilatos aparece mais inocente na condenação de Jesus à morte do que nos outros Evangelhos; o soldado que foi ferido na orelha durante a prisão de Jesus é curado; Jesus dirige um olhar amoroso a Pedro, que o traiu; na cruz, tem palavras de perdão para o bom ladrão, para os judeus que dele escarnecem, para o centurião. Até mesmo dois inimigos, Herodes e Pilatos, dão-se um aperto de mãos… O amor do Pai se manifesta no anjo, que é enviado a Jesus durante sua agonia no Getsêmani, a fim de confortá-lo. Mesmo que o relato da paixão seja inquietante, a provação a que Jesus é submetido é sinal da presença de Deus e instrumento de seu amor e de seu perdão.
Jesus é apresentado como o justo perseguido, o inocente por excelência. Através de sua bondade e de sua misericórdia, chega a ser fonte de salvação para aqueles que o encontram no caminho da cruz. Sua inocência é sublinhada várias vezes, desde Pilatos até o centurião romano, passando pelo povo, que no relato atual não é hostil a Jesus, mas muito pelo contrário: assiste mudo e absorto à sua morte e retorna arrependido e emocionado para Jerusalém, batendo no peito (Lc 23.27,35,48-49).
Na realidade, o inimigo de Jesus em sua Paixão é Satanás, pois desde o começo da narrativa volta a aparecer em cena (cf. Lc 4.13, nas tentações). Jesus, porém, com sua fidelidade ao Pai, que não desaparece nem em sua morte (Lc 23.46), vence o mal a partir da cruz. Em sua narrativa, são Lucas destaca a misericórdia de Deus, revelada na pessoa de seu Filho. Os destinatários desta misericórdia são: Pedro, em sua negação (Lc 22.61); as mulheres que choram por ele (Lc 23.27), os que o crucificam (Lc 22.34) e o malfeitor (Lc 22.43). Podemos afirmar que o relato da Paixão é um resumo de toda a vida de Jesus e de sua misericórdia para com os pecadores.
Por outro lado, as palavras de Jesus na cruz são apresentadas em grande parte por São Lucas: o perdão aos que lhe fazem o mal, a promessa do paraíso ao bom ladrão, a suprema confiança do abandono nas mãos do Pai (Lc 22.46, citando o Salmo 31.6). O evangelista também nos orienta sobre as atitudes que correspondem a nosso espírito: as lágrimas de Pedro, a compaixão das mulheres de Jerusalém, o arrependimento do povo que volta para Jerusalém a bater no peito. Todo o relato da Paixão está marcado pela presença da Páscoa (cf. Lc 22.1,7; 23.54,56), da qual o evangelista faz uma nova interpretação em seu relato da instituição da Eucaristia, como instituição da nova Páscoa (cf. Lc 22.14-23).
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Iniciamos uma nova Semana Santa. É importante que, não obstante as circunstâncias que se nos apresentam, celebremos cada momento da Paixão do Senhor descobrindo na liturgia elementos que nos aproximem de sua cruz e nos levem a uma ressurreição verdadeira, que se demonstre em nossa vida cotidiana. Este é um convite para nós: assumir a Páscoa como inspiração para direcionar a vida para o caminho do Mestre.
Meditemos uma parte da homilia de São João Paulo II, dirigida aos jovens, antes da JMJ de Toronto, Canadá: “Vocês, queridos jovens, com a sua atenta e entusiasta participação nesta solene celebração, demonstram que não se envergonham da Cruz. Não temem a Cruz de Cristo. Ao contrário, sentem por ela amor e veneração, porque é o sinal do Redentor morto e ressuscitado por nós. Quem crê em Jesus crucificado e ressuscitado leva a Cruz como um triunfo, como prova evidente de que Deus é amor. Com a doação total de si, precisamente com a Cruz, o nosso Salvador venceu definitivamente o pecado e a morte. Por isso aclamamos com júbilo; ‘Glória e louvor a ti, ó Cristo, que com a tua Cruz redimiste o mundo!’. […]
“Mas a fé em Cristo não é previsível. A leitura da sua Paixão põe-nos diante de Cristo, vivo na Igreja. O mistério pascal, que reviveremos nos dias da Semana Santa, é sempre atual. Nós somos hoje os contemporâneos do Senhor e, como o povo de Jerusalém, como os discípulos e as mulheres, somos chamados a decidir se estar com Ele, se fugir ou permanecer simples espectadores da sua morte.
“Queridos jovens, não percam o sabor de cristãos, o sabor do Evangelho! Mantenham-no vivo, meditando constantemente o mistério pascal: a Cruz seja para vocês a escola de sabedoria. Não se orgulhem de mais nada, a não ser desta sublime cátedra de verdade e de amor”.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
O que sentimos por Jesus? Admiração? Dor por sua paixão? Alegria pela salvação que nos vem dele? Reconheço a cruz como o lugar da vitória? Posso fazer com que meus momentos difíceis sejam confiados à misericórdia de Deus? Posso manifestá-la ao meu redor?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Amoroso e divino Jesus crucificado,
que cheio de amor pelos homens te ofereceste
diante do Eterno Pai e foste morto em sacrifício pelos pecados do mundo!
Recebe todo o meu ser em oferenda e faze de mim o que quiseres.
Sobre os braços de tua Cruz,
abro os meus para perdoar e abraçar a todos os meus inimigos,
aos quais desejo o bem e a salvação
e me comprometo a ajudar quanto me for possível.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Jesus, lembra-te de mim, pois em minha cruz, nada sou sem ti.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Informo-me a respeito da programação das celebrações da Semana Santa em minha paróquia e me comprometo com assistir com devoção e fé a fim de viver a Páscoa de Jesus.
“Na cruz, foi Cristo que morreu, ou foi a morte que morreu nele?
Oh, que morte, que matou a morte!”
Santo Agostinho de Hipona