Enxergar de novo (Lc 18,35-43)
17 de novembro de 2014Enfrentando o medo (Lc 19, 11-28)
19 de novembro de 2014Jesus tinha entrado em Jericó e estava atravessando a cidade. Havia ali um homem chamado Zaqueu, que era chefe dos cobradores de impostos e muito rico. Zaqueu procurava ver quem era Jesus, mas não conseguia, por causa da multidão, pois era muito baixo. Então ele correu à frente e subiu numa figueira para ver Jesus, que devia passar por ali.
Quando Jesus chegou ao lugar, olhou para cima e disse: “Zaqueu, desce depressa! Hoje eu devo ficar na tua casa”. Ele desceu depressa, e recebeu Jesus com alegria. Ao ver isso, todos começaram a murmurar, dizendo: “Ele foi hospedar-se na casa de um pecador!” Zaqueu ficou de pé, e disse ao Senhor: “Senhor, eu dou a metade dos meus bens aos pobres, e se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais”. Jesus lhe disse: “Hoje a salvação entrou nesta casa, porque também este homem é um filho de Abraão. Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido”.
Após ler algumas vezes esse trecho do evangelho, minha atenção se volta, principalmente, para o movimento de Zaqueu em direção à conversão.
O evangelista ressalta a curiosidade de Zaqueu, que deseja ver quem era Jesus. Há certas dificuldades para conseguir essa façanha: sua estatura e a multidão.
Zaqueu é inteligente, traça uma estratégia, executa-a com disciplina e pode, enfim, ver quem era Jesus.
Até aqui, a cena se parece com muitas outras de fãs que fazem tudo para ver seus ídolos. Penso nos milhares de apaixonados por futebol que movem mundos e fundos para estar nas partidas de seus clubes favoritos. Enfrentam filas enormes para comprar seus ingressos, às vezes passando a noite em frente às bilheterias, e depois o trânsito e mais filas para entrar e sair do estádio.
A diferença começa quando Jesus passa e faz o convite. Duas coisas chamam minha atenção. Primeiramente, porque a ordem do convite é inversa ao padrão comum que conhecemos, ou seja, normalmente, é o dono da casa que nos convida a ir a sua casa, porém, aqui é Jesus que convida Zaqueu a recebê-lo na casa dele. Depois, há a necessidade de descer da árvore.
O convite para nossa oração hoje me parece ser este: Jesus quer entrar em nossa vida, ele sempre quer entrar, como nos fala a primeira leitura de hoje: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa e tomaremos a refeição, eu com ele e ele comigo”. (Ap 3, 20)
A nós, pois, cabe o movimento de descer para recebê-lo.
Penso que este movimento de descida, de sair de uma posição superior e de assumir a verdadeira condição humana, que se dá na igualdade, na fraternidade, é pressuposto para podermos abrir a porta de nossa casa para o Senhor.
No capitulo 2 da carta aos filipenses, São Paulo nos exorta a não fazer nada por competição e desejo de receber elogios, mas por humildade, considerando os outros superiores a nós mesmos, e nos lembra do movimento que o próprio Cristo fez, da condição divina à condição de servo, de homem obediente até a cruz.
E nós? De onde devemos descer?
No silêncio de nossos corações, deixemos que o Espírito identifique as árvores de vaidades, de preconceitos e de falta de coragem sobre as quais estamos, permitindo que possamos descer e abrir a porta de nossa casa, para a entrada do Senhor.
Tenhamos confiança de que, ao entrar em nossa casa, Jesus transformará nossas vidas, como fez com a vida de Zaqueu. Ele tem esse poder. Só precisamos dar a chance de ele entrar. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG