Entre as muitas divisões (João 7, 40-53)
12 de março de 2016Jesus perdoa uma mulher apanhada em adultério (Jo 8, 1-11)
14 de março de 2016Que aqueles que semeiam chorando façam a colheita com alegria!” ( Sl 126.5 )
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Jesus, Filho de Deus,
que me chamas a teu encontro cada dia,
quero acolher-te em minha vida.
Acolher-te para crer em ti e em tua palavra
de amor e de vida,
de esperança e de paz.
Acolher-te para amar-te
com um amor cálido e profundo,
saído do fundo do meu coração.
Acolher-te para proclamar-te
com decisão e coragem,
como dono e senhor de meu ser e de minha vida.
Acolher-te para comunicar com entusiasmo e alegria,
com gestos e palavras,
tua mensagem de salvação e de vida eterna.
TEXTO BÍBLICO: João 8.1-11
Jesus perdoa uma mulher apanhada em adultério
Depois todos foram para casa, mas Jesus foi para o monte das Oliveiras. 2De madrugada ele voltou ao pátio do Templo, e o povo se reuniu em volta dele. Jesus estava sentado, ensinando a todos. 3Aí alguns mestres da Lei e fariseus levaram a Jesus uma mulher que tinha sido apanhada em adultério e a obrigaram a ficar de pé no meio de todos. 4Eles disseram:
— Mestre, esta mulher foi apanhada no ato de adultério. 5De acordo com a Lei que Moisés nos deu, as mulheres adúlteras devem ser mortas a pedradas. Mas o senhor, o que é que diz sobre isso?
6Eles fizeram essa pergunta para conseguir uma prova contra Jesus, pois queriam acusá-lo. Mas ele se abaixou e começou a escrever no chão com o dedo. 7Como eles continuaram a fazer a mesma pergunta, Jesus endireitou o corpo e disse a eles:
— Quem de vocês estiver sem pecado, que seja o primeiro a atirar uma pedra nesta mulher!
8Depois abaixou-se outra vez e continuou a escrever no chão. 9Quando ouviram isso, todos foram embora, um por um, começando pelos mais velhos. Ficaram só Jesus e a mulher, e ela continuou ali, de pé. 10Então Jesus endireitou o corpo e disse:
— Mulher, onde estão eles? Não ficou ninguém para condenar você?
11— Ninguém, senhor! — respondeu ela.
Jesus disse:
— Pois eu também não condeno você. Vá e não peque mais!]
1. LEITURA
Que diz o texto?
Alexander Arévalo
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
Onde estava Jesus ao amanhecer? Quem levou a mulher surpreendida em adultério? O que disseram que se devia fazer com ela segundo a lei de Moisés? Por que perguntaram a Jesus o que deviam fazer? Como Jesus respondeu? Quais foram os primeiros a ir-se embora? Com que frase se conclui o diálogo entre a mulher e Jesus?
Algumas pistas para compreender o texto:
Hoje, no V Domingo da Quaresma, descobrimos novamente um encontro frente à frente com a misericórdia: é o que nos relata a passagem da mulher que fora surpreendida a cometer adultério.
Os escribas e fariseus querem pôr Jesus à prova trazendo uma mulher flagrada em adultério. Conforme a lei de Moisés, não há dúvida de que a decisão é aplicar a pena de morte estabelecida para os adúlteros (Levítico 20.10). No entanto, consideram que Jesus acolhe os pecadores e tem misericórdia deles; por isso, estão muito interessados em manipular a situação para pôr à prova o Mestre, pois se Jesus se pronunciasse a favor da mulher, estaria em conflito com as autoridades romanas, pois o direito de condenar alguém à era reservado a eles. Além do mais, seria uma incoerência com seu anúncio misericordioso.
Esta é a única passagem onde se mostra Jesus a escrever, sinal da nova lei que se instaura com sua vida por amor à humanidade. Em seguida, Jesus diz: “Quem de vocês estiver sem pecado, que seja o primeiro a atirar uma pedra nesta mulher!” (João 8.7), e espera que comece o apedrejamento. Santo Agostinho, em seu comentário a este evangelho, diz: “O Senhor, em sua resposta, respeita a Lei e não renuncia à sua mansidão”. Jesus, com sua atitude, entra no coração dos acusadores, a fim de que examinem o próprio pecado e, assim, um a um, começam a retirar-se, a começar pelos mais velhos.
Imediatamente depois, o relato concentra-se no encontro de Jesus com a mulher acusada. É um encontro frente à frente: o olhar penetrante de Jesus leva a sério o pecado daquela mulher, mas não a condena. Em seguida, pergunta-lhe: “Mulher, onde estão eles? Não ficou ninguém para condenar você?” (João 8.10). Este é o momento mais importante em que se faz presente a consoladora misericórdia de Jesus. “Pois eu também não condeno você. Vá e não peque mais!” (João 8.11). Santo Agostinho expressa este momento dramático com uma frase brilhante: “Apenas dois ficaram ali: a miserável e a Misericórdia”.
As duas etapas em que se dá o acontecimento deixa evidente a autoridade de Jesus, que está acimada lei de Israel e, por sua vez, a compreensão e a familiaridade com que ele, em nome do Deus da nova Lei, trata a mulher.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Conforme lemos e analisamos atentamente, o Evangelho deste domingo concentra nossa atenção em uma mulher acusada de adultério. Ela mantém-se em silêncio, não se defende, tampouco pede a Jesus que lhe perdoe. A ação misericordiosa de Jesus é totalmente gratuita. Não importam as circunstâncias de nosso pecado ou de nossos sentimentos. Ele vem para perdoar-nos e estimular-nos a começar uma vida nova.
O Papa Bento XVI acompanha-nos com a seguinte meditação: “Caros amigos, da palavra de Deus que ouvimos sobressaem indicações concretas para a nossa vida. Jesus não começa com os seus interlocutores um debate teórico sobre o trecho da lei de Moisés: não lhe interessa vencer uma disputa acadêmica a propósito de uma interpretação da lei mosaica, mas a sua finalidade consiste em salvar uma alma e revelar que a salvação só se encontra no amor de Deus. […]
Aqui, põe-se em evidência o fato de que o perdão divino e o seu amor recebido com coração aberto e sincero nos incutem a força de resistir ao mal e de ‘não tornarmos a pecar’, de nos deixarmos arrebatar pelo amor de Deus, que se torna a nossa força. A atitude de Jesus torna-se, deste modo, um modelo a seguir para cada comunidade, chamada a fazer do amor e do perdão o coração palpitante da sua vida. […]
Estimados irmãos e irmãs, no caminho quaresmal que estamos a percorrer e que se aproxima rapidamente da sua conclusão, sejamos acompanhados pela certeza de que Deus nunca nos abandona, e que o seu amor é nascente de alegria e de paz; é força que nos impele poderosamente ao longo do caminho da santidade, se necessário inclusive até ao martírio.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Estou à espreita do agir de meus irmãos a fim de criticá-los? Ponho em dúvida a misericórdia de Deus para com os outros? Já experimentei a misericórdia de Deus em minha vida? Esforço-me para não voltar a pecar?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Te amarei, Senhor, te darei graças
e confessarei o teu nome, porque me perdoaste
ações tão más e tão indignas.
Atribuo à tua graça e à tua misericórdia
o fato de teres dissolvido meus pecados como gelo.
À tua graça devo também
o ter fugido do mal que não pratiquei.
Confesso que tudo me foi perdoado:
o mal que de livre vontade cometi
e o que não pratiquei graças à tua ajuda.
Que homem há que, refletindo na sua enfermidade,
ouse atribuir às próprias forças
a sua castidade e inocência,
para amar-te menos
como se lhe fosse pouco necessária a misericórdia
com que perdoaste os pecados
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Senhor, ajuda-me a reconhecer meu pecado e livra-me de tornar a cair.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, rezarei por todos os que sofrem os julgamentos dos outros. Oferecerei uma visita a Jesus Sacramentado, na qual lhe pedirei misericórdia e fortaleza para os que se sentem acusados e perseguidos.
“Meu passado, Senhor, confio-o à tua misericórdia; meu presente, ao teu amor; meu futuro, à tua providência”.
São Pio de Pietrelcina