Cuidando do mais óbvio
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Nas vossas orações não useis de vãs repetições, como os gentios, porque imaginam que é pelo palavreado excessivo que serão ouvidos. Não sejais como eles, porque vosso Pai sabe do que tendes necessidade antes de lho perdirdes. Portanto, orai desta maneira:
Pai nosso que estás nos céus,
santificado seja o teu Nome,
venha o teu Reino,
seja feita a tua vontade
na terra, como no céu.
O pão nosso de cada dia
dá-nos hoje.
E perdoa-nos as nossas dívidas
como também nós perdoamos aos nossos devedores.
E não nos submetas à tentação,
mas livra-nos do Maligno.
Pois, se perdoardes aos homens os seus delitos, também vosso Pai celeste vos perdoará; mas se não perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoará vossos delitos.
Uma só vontade
Nosso Pai sabe do que precisamos, antes de o pedirmos. Essa observação ilumina um aspecto fundamental da oração: ela age de modo a promover uma organização de nossos pensamentos e nossas vidas, no propósito de alcançarmos de fato a liberdade que nos faça receptivos à vontade de Deus.
Se o Pai, onisciente como é, conhece as nossas necessidades, por que precisamos enunciá-las uma a uma na oração? Precisamos reconhecer que não necessariamente nossos pedidos correspondem às nossas reais necessidades. Se a princípio examinarmos o conjunto de coisas que instintivamente pedimos ao Pai, identificaremos diversas efemeridades, e pior, saberemos de inúmeras preces carregadas de pecado, como a vaidade, a inveja, a ganância etc. Quando pensamos nos pedidos que queremos colocar em nossa oração, um a um, acabamos por expô-los a nós mesmos, dando-nos a oportunidade de conhecermos aquilo que temos achado conveniente para os nossos dias e que não condiz com a vontade de Cristo.
Dessa forma, assim como há o exame de consciência para a confissão dos pecados, a boa oração nos exige um profundo exame de necessidades para a confecção de nossas preces. Então, fazer preces para um Pai que já sabe do que precisamos é algo que nos dá organização espiritual, à medida em que nos purifica do pecado e nos revela o que é de fato indispensável para nosso viver. Em outras palavras, esse exame de necessidades faz com que a vontade de Deus e nossa vontade sejam uma coisa só.
Estejamos atentos para o modo como rezamos. A oração não é um simples despejo de palavras. Além de nos colocar em intimidade com o Pai, ela nos promove organização espiritual, indispensável para bem reconhecermos o Deus que vem habitar e permanecer em nosso coração.
Marcelo H. Camargos. Acadêmico de medicina na UFMG. Família Missonária Verbum Dei.