Paz (Lc 19,41-44)
20 de novembro de 2014Deus da vida
22 de novembro de 2014Leitura: Mateus 12,46-50
Naquele tempo, enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. Alguém disse a Jesus: ‘Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar contigo.’ Jesus perguntou àquele que tinha falado: ‘Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?’ E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse:
‘Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.’
Oração:
Sempre que Jesus é (aparentemente) ríspido, nosso olhar deve ficar mais atento. É assim na expulsão dos mercadores do templo (Mt 21, 12-16), é assim quando ele diz “mulher” para referir-se à sua mãe, algo que acontece em Caná (Jo 2, 4) e também no Calvário (Jo 19, 26)… Hoje começamos a oração com esta pergunta: que a aparente rispidez de Jesus ao fazer “pouco caso” daqueles que constituíam sua família “de sangue” me diz?
“Honra teu pai e tua mãe, para que prolonguem os teus dias na terra que Iahweh teu Deus te dá” (Ex 20, 12). “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas. Não vim revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento” (Mt 5, 17). Esses dois trechos da Palavra iluminam e ajudam a ver a profundidade do que Jesus declara no evangelho de hoje.
A aparente afronta de Jesus ao quarto mandamento constituí, na verdade, uma ampliação, pois Jesus não exclui para incluir. Ajuda-nos a entender o profundo sentido do que Ele faz tentar responder à pergunta: quem, senão o criador de uma regra, tem legitimidade para ampliá-la? A ampliação do mandamento nos conta que Jesus é o Filho. Porém, não é só a revelação indireta de quem Jesus é. A ampliação da família de Jesus, que não é só sua mãe e irmãos, que querem Lhe falar, mas todos que fazem a vontade do Pai, fala da vontade de Deus de, através da história do povo judeu, cujo cume e reviravolta é Jesus, abraçar a humanidade toda como uma família.
Rezando com o evangelho de hoje, vinha à mente um caso acontecido com Dom Helder Câmara. Diz-se que um dia o bispo enviou um homem pobre, desempregado e maltrapilho a um amigo seu, empresário, pedindo que o empregasse, apresentando-o como seu irmão de sangue. Diante de sua incredulidade e estupefação, o bispo respondeu: “Desculpe meu amigo, mas João é verdadeiramente meu irmão…”. “Mas o senhor disse: irmão de sangue…”. “Sim, ele é verdadeiramente meu irmão de sangue, pois Cristo deu o seu sangue por ele como por mim, por você e por todos os homens. Nós somos todos verdadeiramente irmãos de sangue, pelo sangue do Senhor…”.
Nossa disposição para fazer a vontade de Deus nos torne a cada dia mais seus filhos, irmãos de todos os homens, e pais e mães de todos os filhos mais novos, pequenos e indefesos do único Pai. Como família, que todos possamos sentar à mesa e comer; deitar sob um teto seguro e descansar; ter, além de companhia, amor.
João Gustavo H. M. Fonseca – estudante de Direito da UFMG – membro de Família Missionária Verbum Dei de Belo Horizonte.