Não julgueis
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27 de junho de 2018Leitura: Mateus 7, 6.12-14
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Não deis aos cães as coisas santas, nem atireis vossas pérolas aos porcos; para que eles não as pisem com os pés e, voltando-se contra vós, vos despedacem. Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles. Nisto consiste a Lei e os Profetas. Entrai pela porta estreita, e espaçoso é o caminho que leva à perdição, porque larga é a porta e muitos são os que entram por ele! Como é estreita a porta e apertado o caminho que leva à vida! E são poucos os que o encontram!
Palavra da Salvação.
ORAÇÃO
Refletir sobre a passagem de Marcos neste dia é um convite ao entendimento do profundo conhecimento que Cristo tem da dimensão humana.
Uma primeira reflexão nos é proposta logo no início da passagem: “Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Não deis aos cães as coisas santas, nem atireis vossas pérolas aos porcos; para que eles não as pisem com os pés e, voltando-se contra vós, vos despedacem. “
Existe uma expressão muito popular que costumamos usar para dizer que alguma coisa deu certo ou errado: estávamos no lugar certo e na hora certa, quando alguma coisa foi boa, ou o contrário, que estávamos no lugar errado na hora errada, quando o resultado foi ruim. Ou seja, somos convidados a pensar que, como seguidores do Cristo, devemos estar sempre atentos à forma como nos fazemos presentes na vida das pessoas, pois uma mesma atitude pode ser boa ou ruim dependendo do lugar e da circunstância. Caso não atentemos para isso, podemos estar dando coisas santas aos cães ou lançando pérolas aos porcos.
É preciso ter cuidado com as coisas preciosas, sejam elas gestos ou palavras. Devemos dar ao que é precioso um lugar de cuidado, de respeito, de valor. Falar quando realmente nossas palavras puderem ter acolhida, forem importantes, acrescentarem à vida das pessoas. Ter atitudes efetivas, intencionadas. Entender que palavras bonitas e bons gestos podem ser mal interpretados ou mal recebidos dependendo da forma ou circunstância em que se apresentam.
É verdade que devemos anunciar sempre, não perder oportunidade de evangelizar… mas precisamos estar sempre conectados ao Santo Espírito para que tenhamos sabedoria e discernimento para saber quando fazer isso e de que forma. Pode ser com palavras ou com o silêncio presente; pode ser com um sorriso aberto ou um abraço acolhedor…
Uma outra reflexão, quando Jesus diz: “Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles.” É um convite à experiência de nos colocarmos no lugar das pessoas antes de qualquer julgamento ou precipitação. Se conseguirmos nos colocar no lugar das pessoas, teremos compaixão por elas e uma maior condição de adequação dos nossos atos à real necessidade daquele momento.
E para finalizar nossa reflexão de hoje, Jesus no diz: “Entrai pela porta estreita, e espaçoso é o caminho que leva à perdição, porque larga é a porta e muitos são os que entram por ele! Como é estreita a porta e apertado o caminho que leva à vida! E são poucos os que o encontram!”
Por que entrar pela porta estreita? Por que a porta larga nos leva à perdição? Por que é apertado o caminho que leva à vida? Uma possível resposta seria dizer que precisamos fazer escolhas na vida e nos responsabilizar por elas. Não se pode ter tudo, andar por todos os caminhos, servir a todos os senhores. Precisamos de coerência diante das nossas escolhas.
E isso se aplica a todas as decisões que tomamos na vida, seja a escolha profissional, a opção por uma religião ou a escolha de um relacionamento pessoal. Todas as escolhas exigem renúncias e apresentam desafios. Hoje presenciamos muito sofrimento nas pessoas que se perdem da sua própria essência por ceder, em momentos difíceis, à ilusão de um caminho mais curto e menos sofrido: se diante de qualquer dificuldade resolvermos mudar de trabalho, religião ou parceiro, começaremos a nos perder na nossa própria vida.
Por isso o caminho que leva à vida é estreito. Seguir Cristo exige este rigor. Não podemos servir a vários senhores. Dizer-nos cristãos e enveredar por caminhos muitas vezes contrários a esta opção, nos tira do caminho da vida.
Peçamos ao Deus de amor e bondade que nos proteja em nossa caminhada, enviando-nos seu Santo Espírito para que tenhamos sabedoria e discernimento em nossas escolhas e, sobretudo, para que nos tornemos perseverantes e coerentes na nossa caminhada.
Maria Luzia de Moraes Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte