O valor do Reino (Mateus 13,44-46)
23 de agosto de 2014O amor é coerente (Mateus 23,13-22)
25 de agosto de 2014PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Vem, Espírito Santo!
Abre-me o ouvido do coração para que perceba tuas mais íntimas sugestões,
aquelas que me ditas no oculto do meu interior,
e faze com que as acolha com obediência amorosa,
para que seja meu gozo e minha alegria seguir em tudo tua vontade.
Que não eu não invente o caminho pelo qual hei de seguir,
mas que me acompanhe a certeza de que obedeço ao que procede de ti.
Tu sempre me deixas conhecê-lo pela paz interior, unida a essa obediência.
Ángel Moreno, Buenafuente del Sistal[1]
TEXTO BÍBLICO: Mateus 16.13-20
A afirmação de Pedro
Marcos 8.27-30; Lucas 9.18-21
13Jesus foi para a região que fica perto da cidade de Cesareia de Filipe. Ali perguntou aos discípulos:
— Quem o povo diz que o Filho do Homem é?
14Eles responderam:
— Alguns dizem que o senhor é João Batista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum outro profeta.
15— E vocês? Quem vocês dizem que eu sou? — perguntou Jesus.
16Simão Pedro respondeu:
— O senhor é o Messias, o Filho do Deus vivo.
17Jesus afirmou:
— Simão, filho de João, você é feliz porque esta verdade não foi revelada a você por nenhum ser humano, mas veio diretamente do meu Pai, que está no céu.18Portanto, eu lhe digo: você é Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e nem a morte poderá vencê-la. 19Eu lhe darei as chaves do Reino do Céu; o que você proibir na terra será proibido no céu, e o que permitir na terra será permitido no céu.
20Então Jesus ordenou que os discípulos não contassem a ninguém que ele era o Messias.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Padre Daniel Kerber
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
A que região Jesus chegou? Qual foi a primeira pergunta que Jesus fez a seus discípulos? O que eles responderam? Qual a nova pergunta que Jesus fez? O que respondeu Simão Pedro? Quem revelou a Simão Pedro sua resposta? O que Jesus prometeu a Simão Pedro?
Algumas considerações para uma leitura proveitosa…
Com esta passagem, chegamos a um dos momentos centrais na vida de Jesus com seus discípulos. Depois de haver ensinado com obras e palavras, milagres e parábolas, Jesus retira-se com seus discípulos e lhes pergunta quem ele é.
O texto estrutura-se com uma breve introdução geográfica (v. 13) e, em seguida, o diálogo de Jesus com seus discípulos: duas perguntas de Jesus, e duas respostas – uma dos discípulos (v. 14) e outra de Pedro, como porta-voz dos Doze (v. 16). Jesus responde a Pedro confirmando sua profissão de fé e lhe faz a promessa sobre a Igreja (vv. 17-19). O texto termina-se com o mandato de Jesus de não contar a respeito do que falaram (v. 20).
A vida pública de Jesus já estava avançada: tendo ele realizado muitos milagres e pregado o Reino, Jesus retira-se, juntamente com seus discípulos, em direção ao norte, para a região de Cesareia de Filipe, para além do limite da Galileia. A separação geográfica parece querer indicar um ensinamento particular de Jesus com os discípulos, o que fica confirmado pelo mandato de não revelar o que aconteceu, no final do texto (v. 20).
O diálogo começa com uma pergunta geral, sobre a opinião que os contemporâneos de Jesus tinham sobre ele. Esta pergunta é fundamental, porque na época, a identidade não estava tão marcada por uma perspectiva “individual”, como o é agora, mas era mais grupal, e tinha uma importância singular o que os demais apreciavam em uma pessoa. Jesus, porém, não se detém apenas na opinião dos outros, mas interpela diretamente seus discípulos: “E vocês? Quem vocês dizem que eu sou?” (v. 15).
Pedro responde. Este Pedro, que é, segundo Mateus, o primeiro discípulo chamado por Jesus, juntamente com seu irmão André (Mt 4.18ss), é nomeado em primeiro lugar na lista dos apóstolos (10.2) e várias vezes toma a iniciativa (14.28; 15.15; 17.4 etc.). Podemos entender esta resposta de Pedro como porta-voz dos Doze: “O senhor é o Messias, o Filho do Deus vivo” (v. 16). O início do evangelho já havia apresentado Jesus como o Messias (=Cristo [1.1]); agora, porém, Pedro acrescenta: “O Filho do Deus vivo”. Pedro confessa abertamente sua fé em Jesus, e isto vai abrir novo caminho de revelação de Jesus que se verá nos evangelhos seguintes.
Jesus confirma a profissão de fé de Pedro, e esclarece-lhe que sua fé não é obra humana, mas que foi o Pai quem lha revelou. Em seguida, anuncia a Pedro sua missão na Igreja e a solidez desta, fundada sobre a “pedra” apostólica (cf. 7.24ss). Ao mesmo tempo, dá-lhe as “chaves” que são o ensinamento de Jesus que Pedro proclama e expõe, e confere-lhe o poder de ligar e desligar, que pode ser entendido como “permitir” e “proibir”, ou de perdoar os pecados ou retê-los (cf. 18.18).
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
O Papa Bento XVI diz-nos (encontro com os jovens na Praça Matteotti, de Gênova, domingo, 18 de maio de 2008):
“É o mesmo Jesus que, falando com os discípulos, distingue: “Quem diz o povo que Eu sou?” (cf. Mt 16.15) referindo-se àqueles que o conhecem de longe, por assim dizer, ‘indiretamente’, e ‘Quem dizeis vós que Eu sou?’, referindo-se a quantos o conhecem ‘diretamente’, tendo vivido com Ele, tendo entrado realmente na sua vida muito pessoal até serem testemunhas da sua oração, do seu diálogo com o Pai.
“Assim também para nós é importante não nos limitarmos à superficialidade dos muitos que ouviram alguma coisa acerca dele que era uma grande personalidade… mas entrar numa relação pessoal para o conhecer realmente. E isto exige o conhecimento da Escritura, sobretudo dos Evangelhos, onde o Senhor fala conosco. Estas palavras nem sempre são fáceis, mas entrando nelas, entrando no diálogo, batendo à porta das palavras, dizendo ao Senhor “Abre-me”, encontramos realmente palavras de vida eterna, palavras vivas para hoje, atuais como eram naquele momento e como o serão no futuro.
“ Este diálogo com o Senhor nas Escrituras deve ser sempre também um diálogo não só individual, mas de comunhão, na grande comunhão da liturgia, do encontro muito pessoal da Santa Eucaristia e do sacramento da Reconciliação, onde o Senhor diz a mim ‘Perdoo-te’”.[2]
Agora perguntemo-nos:
Quem é Jesus para mim? Até onde quero chegar em minha relação com Jesus? Busco-o em sua Palavra, pessoal e comunitariamente? Procuro viver continuamente os sacramentos que me aproximam de Jesus Cristo?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Revela-te a mim, Senhor, e deixa que te veja, luz de meus olhos.
Vem, alegria de meu espírito, doce Deus e Senhor meu.
Quero abraçar-te, que estejas em meu coração;
quero amar-te, doçura de minha alma,
minha fortaleza, esperança em todas as minhas tribulações;
abre meus ouvidos para que possa escutar tua voz;
ilumina meus olhos com tua luz,
envia como um raio teu esplendor;
dá-me um coração que sempre pense em ti, que sempre te ame;
dá-me uma memória que sempre se lembre de ti,
um entendimento que te compreenda,
um pensamento que sempre esteja unido a ti…
Santo Agostinho
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Abro meu coração e te digo:
“Jesus, tu és meu Senhor, meu Salvador”
Faze tua obra em mim!
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Tal como fez Jesus com seus discípulos, perguntarei a meus companheiros e amigos: “Quem é Jesus para você?” e lhes levarei meu testemunho de fé, iluminando-o com uma citação bíblica muito importante para mim…
“Os que fazem profissão de pertencer a Cristo
se distinguem por suas obras.”
Santo Inácio de Antioquia
[2] http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/speeches/2008/may/documents/hf_ben-xvi_spe_20080518_genova-giovani_po.html