Eles falam mas não praticam. Mt 23,1-12
26 de agosto de 2017O que mais vale: a oferenda ou o coração de quem doa?
28 de agosto de 2017PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Obrigado, Senhor, porque ao ler e ao estudar tua Palavra,
convida-nos a seguir-te com fidelidade.
Tua mensagem deixa marcas em nossa mente e em nosso coração.
Fortalecidos por tua luz, dispomo-nos a tornar realidade
tudo quanto teu Espírito nos faz compreender.
Agora, Senhor, estamos preparados para viver segundo tua vontade.
Que tua Santa Mãe, a Virgem Maria, também nossa Mãe,
seja nossa estrela e guia na missão de anunciar até o fim dos séculos
a Boa Nova a toda a criação. Amém.[1]
TEXTO BÍBLICO: Mt 16.13-20
A afirmação de Pedro
Marcos 8.27-30; Lucas 9.18-21
13Jesus foi para a região que fica perto da cidade de Cesareia de Filipe. Ali perguntou aos discípulos:
— Quem o povo diz que o Filho do Homem é?
14Eles responderam:
— Alguns dizem que o senhor é João Batista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum outro profeta.
15 — E vocês? Quem vocês dizem que eu sou? — perguntou Jesus.
16Simão Pedro respondeu:
— O senhor é o Messias, o Filho do Deus vivo.
17Jesus afirmou:
— Simão, filho de João, você é feliz porque esta verdade não foi revelada a você por nenhum ser humano, mas veio diretamente do meu Pai, que está no céu. 18Portanto, eu lhe digo: você é Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e nem a morte poderá vencê-la. 19Eu lhe darei as chaves do Reino do Céu; o que você proibir na terra será proibido no céu, e o que permitir na terra será permitido no céu.
20Então Jesus ordenou que os discípulos não contassem a ninguém que ele era o Messias.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
A que lugar chegou Jesus? O que Jesus pergunta e o que respondem os discípulos? Como é a resposta do povo? Qual dos discípulos deu a resposta correta à pergunta de Jesus? Por que pôde responder corretamente à pergunta? Quem o ajudou? Qual é a verdadeira identidade de Jesus? Qual elemento Jesus usa para definir a missão de Pedro? Que missão Jesus confia a Pedro?
Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini[2]
Jesus pergunta a seus discípulos sobre a opinião que o povo tem a respeito do “Filho do Homem”, ou seja, dele mesmo. Levemos em conta que Jesus foi conseguindo, durante seu ministério na Galileia, um crescente prestígio, o que deve ter sido um grande sinal de interrogação. Entre as respostas do povo, destaca-se a identificação com Elias, o profeta que viria para preparar a chegada do Messias. O certo é que o povo não atina com a verdadeira identidade de Jesus, pois embora lhe tenham reconhecido uma dimensão profética, não descobriram seu caráter messiânico divino. Imediatamente se segue a mesma pergunta, desta vez, porém, dirigida a todos os discípulos.
Quem toma a palavra e responde é Pedro: “O senhor é o Messias, o Filho do Deus vivo”. Pedro, assim, confessa a identidade de Jesus, sua messianidade e sua divindade; ou seja, que Jesus é mais do que um profeta ou precursor do Messias. Depois desta confissão de fé, Jesus dirige algumas palavras exclusivamente a Pedro. Em primeiro lugar, declara-o feliz, bem-aventurado, porque chegou a este conhecimento por uma revelação do Pai (cf. Mt 11,25-30), não como fruto da natureza humana (“a carne e o sangue”). Ato contínuo, confia-lhe a missão especial ligada ao “sobrenome” ou apelido que lhe impõe: ser a rocha ou a pedra sobre a qual se edificará a igreja (o nome de Pedro liga-se ao de pedra segundo a origem grega deste termo: petra). Já desde o Antigo Testamento, a pedra simboliza o lugar que permite ter apoio firme, segurança (cf. Sl 62,3: “Somente ele é a rocha que me salva; ele é o meu protetor, e eu nunca serei derrotado”). Jesus, por sua vez, no sermão da montanha, compara aquele que escuta e cumpre suas palavras a alguém que constrói sua casa sobre a rocha, a fim de indicar-lhe a solidez (Mt 7,24-25).
O termo ekklesía (igreja) é traduzido com o sentido de convocatória: são o grupo de pessoas que se reuniram por terem sido convocadas por Deus. Em Mateus, faz-se referência ao novo povo de Deus, a Igreja, que surge em substituição a Israel como sinal histórico e sociológico da presença do Reino de Deus. A fé de Pedro é, portanto, a rocha que dará tanta solidez ou firmeza à Igreja, que o reino da morte (Hades) não prevalecerá contra ela. Vale dizer, garante a permanência da fé da Igreja para além da morte. Nesta Igreja, Jesus concede a Pedro o poder (simbolizado pelas chaves) de ligar e desligar, ou seja, de admitir e excomungar, de permitir e proibir; de perdoar e condenar; de aprovar ou desaprovar interpretações do evangelho. Indiscutível é o lugar preeminente de Pedro nos Evangelhos e em muitos dos demais escritos do Novo Testamento. Esta preeminência de Pedro aparece ligada a seu temperamento e à sua fé. A seu temperamento, pois Pedro aparece como um homem empreendedor, um líder que toma iniciativas quando seus irmãos ficam quietos e, às vezes, mostra-se até temerariamente impulsivo. É o mesmo Pedro que pede a Jesus para ir caminhando sobre a água até ele, mas em seguida duvida; que alardeia uma valentia que o impediria de negar Jesus, mas a quem renega em seguida; que toma a palavra quando Jesus desafia seus discípulos a ir-se embora. Contudo, esta iniciativa, ligada a seu temperamento, passa a segundo plano diante do conteúdo de sua confissão de fé. Com efeito, é ele quem confessa Jesus como Salvador; justamente por isso, Simão Pedro precede seus irmãos na fé.
O que o Senhor me diz no texto?
Antes de mais nada, este evangelho nos ensina que o verdadeiro conhecimento de Cristo provém do próprio Deus, do Pai; é uma revelação, uma graça, um dom celestial. Por outro lado, o ensinamento em chave eclesial é que para conhecer Jesus em profundidade, é preciso integrar-se ao grupo dos discípulos, unir-se à comunidade, à Igreja. Isto porque o Pai revelou a Pedro e aos demais discípulos a identidade de Jesus.
Continuemos com a reflexão de nosso Pedro de hoje, o Papa Francisco: “Três pensamentos sobre o ministério petrino, guiados pelo verbo ‘confirmar’. Em que é chamado a confirmar o Bispo de Roma?
1. Em primeiro lugar, confirmar na fé. O Evangelho fala da confissão de Pedro: ‘Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo’ (Mt 16.16), uma confissão que não nasce dele, mas do Pai celeste. É por causa desta confissão que Jesus diz: ‘Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja’ (16.18). O papel, o serviço eclesial de Pedro tem o seu fundamento na confissão de fé em Jesus, o Filho de Deus vivo, tornada possível por uma graça recebida do Alto. Na segunda parte do Evangelho de hoje, vemos o perigo de pensar de forma mundana. Quando Jesus fala da sua morte e ressurreição, do caminho de Deus que não corresponde ao caminho humano do poder, voltam a aflorar em Pedro a carne e o sangue: ‘Pedro começou a repreendê-lo, dizendo: (…) «Isso nunca Te há-de acontecer! »’ (16.22). E Jesus tem uma palavra dura: ‘Afasta-te, Satanás! Tu és para Mim um estorvo’ (16.23). Quando deixamos prevalecer os nossos pensamentos, os nossos sentimentos, a lógica do poder humano e não nos deixamos instruir e guiar pela fé, por Deus, tornamo-nos pedra de tropeço. A fé em Cristo é a luz da nossa vida de cristãos e de ministros na Igreja!
2. Confirmar no amor. Na segunda leitura, ouvimos as palavras comoventes de São Paulo: ‘Combati o bom combate, terminei a corrida, permaneci fiel’ (2Tm 4.7). Qual combate? Não é o das armas humanas, que, infelizmente, ainda ensanguenta o mundo, mas o combate do martírio. São Paulo tem uma única arma: a mensagem de Cristo e o dom de toda a sua vida por Cristo e pelos outros. E foi precisamente este fato de expor-se em primeira pessoa, deixar-se consumar pelo Evangelho, fazer-se tudo para todos sem se poupar, que o tornou credível e edificou a Igreja. O Bispo de Roma é chamado a viver e confirmar neste amor por Cristo e por todos, sem distinção, limite ou barreira. (…)
3. Confirmar na unidade. Aqui detenho-me a considerar o gesto que realizamos. O Pálio é símbolo de comunhão com o Sucessor de Pedro, ‘princípio e fundamento perpétuo e visível da unidade de fé e comunhão’ (Lumen gentium, 18). (…) O Concílio Vaticano II afirma que o Senhor ‘constituiu [os Apóstolos] em colégio ou grupo estável e deu-lhes como chefe a Pedro, escolhido de entre eles’ (ibid., 19). Confirmar na unidade: o Sínodo dos Bispos, em harmonia com o primado. Devemos avançar por esta estrada da sinodalidade, crescer em harmonia com o serviço do primado. E continua o Concílio: ‘Este colégio, enquanto composto por muitos, exprime a variedade e universalidade do Povo de Deus’ (Lumen Gentium, 22). Na Igreja, a variedade, que é uma grande riqueza, sempre se funde na harmonia da unidade, como um grande mosaico onde todos os ladrilhos concorrem para formar o único grande desígnio de Deus. E isto deve impelir a superar sempre todo o conflito que possa ferir o corpo da Igreja. Unidos nas diferenças: não há outra estrada para nos unirmos. Este é o espírito católico, o espírito cristão: unir-se nas diferenças. Este é o caminho de Jesus![3]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Teria eu a coragem de responder em público “Quem é Jesus para mim?” O que diria? Sinto desejos de conhecer mais e melhor Jesus? Creio e aceito que Jesus tenha confiado a homens fracos seu próprio poder de perdoar os pecados? Vejo na figura do Papa o sucessor de Pedro com sua mesma missão?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Creio, Senhor, que o Pai te enviou à História para salvar o homem;
creio que és o Messias, o Cristo, o Ungido, o Libertador;
creio, Senhor, que és homem nascido de Mulher, de Maria Virgem;
creio, Senhor, que és o Filho de Deus, nascido do seio do Pai.
Creio, Senhor, que viveste como uma pessoa comum e amaste como ninguém;
creio, Senhor, que realizaste tua Missão com a força de teu Espírito;
creio, Senhor, que anunciaste um Reino novo, uma Nova Humanidade;
creio, Senhor, que em tua palavra deixaste uma Boa Notícia para o homem.
Creio que sanaste, curaste, libertaste o homem do pecado e da dor.
Creio que teu Pai, Deus, te ressuscitou com o poder de teu Espírito.
Creio que vives ressuscitado em tua Igreja e continuas, hoje, salvando a história. [4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Tu és o Filho de Deus, meu salvador“.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, perguntarei a três amigos: “Quem é Jesus para você?”, e compartilharei com eles minha experiência de fé.
“Aquele que se afasta do Papa ou atenta contra ele é um insensato, pois o Papa é que tem as chaves do Sangue de Cristo crucificado.”
Santa Catarina de Sena