“Quando os alimenta, o Senhor Deus é generoso; ele satisfaz a todos os seres vivos”
3 de agosto de 2014O amor cura nossa cegueira (Mt 15,1-2.10-14)
5 de agosto de 2014Jesus mandou que os discípulos entrassem na barca e seguissem, à sua frente, para o outro lado do mar, enquanto ele despediria as multidões. Depois de despedi-las, Jesus subiu ao monte, para orar a sós. A noite chegou, e Jesus continuava ali, sozinho. A barca, porém, já longe da terra, era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. Pelas três horas da manhã, Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar. Quando os discípulos o avistaram, andando sobre o mar, ficaram apavorados, e disseram: “É um fantasma”. E gritaram de medo. Jesus, porém, logo lhes disse: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!”
Então Pedro lhe disse: “Senhor, se és tu, manda-me ir a teu encontro, caminhando sobre a água”. E Jesus respondeu: “Vem!” Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!” Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?” Assim que subiram na barca, o vento se acalmou.
Os que estavam na barca, prostraram-se diante dele, dizendo: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!” Após a travessia desembarcaram em Genesaré. Os habitantes daquele lugar reconheceram Jesus e espalharam a notícia por toda a região. Então levaram a ele todos os doentes; e pediam que pudessem, ao menos, tocar a barra de sua veste. E todos os que a tocaram, ficaram curados.
Em minha oração, o que, principalmente, chamou minha atenção foi a última frase: “E todos os que a tocaram, ficaram curados.”
Li várias vezes o texto com a perspectiva dessa frase que tanto me tocou.
Vou percebendo, no texto, que Jesus nos traz uma nova realidade. Apesar de não podermos percebê-la por nenhum de nossos cinco sentidos, há uma novidade transcendental na pessoa de Jesus, que pode se tornar realidade na vida de quem o recebe.
Jesus manda os discípulos entrarem na barca e irem para a outra margem, enquanto ele despediria as multidões. Depois, Jesus sobe o monte e fica a sós, para orar.
A oração está no centro das ações de Jesus. Ele acabara de multiplicar cinco pães e dois peixes para alimentar cinco mil homens, sem contar as mulheres e crianças. Sucesso total! Um popstar atual iria para a balada comemorar com os amigos, porém Jesus quer ficar a sós, para poder se conectar com o Pai. Ele não perde de vista a realidade transcendental que reside nele. Uma realidade que necessita, continuamente, ser realimentada na energia da fonte que a revigora.
Isso me inspira a reforçar em mim o compromisso de manter uma oração constante, de buscar sempre estar em sintonia com Deus.
Minha oração me conduz a perceber que receber Jesus é tornar possível em mim a vivência dessa realidade. Pedro percebeu a possibilidade de vivê-la e pediu a Jesus: “Senhor, se és tu, manda-me ir a teu encontro, caminhando sobre a água”.
Não é assim que acontece também conosco, quando estamos vivendo situações difíceis em nossas vidas? Também não pedimos a Jesus ajuda para caminhar sobre as situações adversas? Também não é comum que depois desse pedido tenhamos algum tipo de “iluminação” e comecemos a caminhar confiantes? Também não é comum duvidarmos e perdermos a confiança, sentindo que estamos novamente nos afundando nos problemas?
Vou percebendo que esta cena que se dá com Pedro é como se víssemos nossa vida refletida em um espelho. É o caminho que fazemos com Jesus. Sentimos o mundo se fechar ao nosso redor, pedimos com insistência, começamos uma caminhada, sentimos medo, perdemos a confiança, sentimos que estamos afundando, gritamos por socorro e, no meio de tudo, vamos caminhando.
Jesus quer mais para nós. Nossa vida pode ser mais plena. Haverá sempre tribulações, porém podemos atravessá-las de formas diferentes. Podemos atravessá-las nos sentindo sufocados por elas, como podemos, também, caminhar por cima delas. E, melhor ainda, recebendo Jesus em “nosso barco”, as tribulações se acalmam: “Assim que subiram na barca, o vento se acalmou”.
À dúvida de Pedro e ao questionamento de Jesus: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?”, os habitantes da região de Genesaré nos surpreendem, dando uma grande demonstração de fé, pois querem que seus doentes possam, ao menos, encostar nas barras das vestes de Jesus.
Para mim, esse trecho do evangelho me levou a pensar nas minhas doenças, minhas fraquezas, minhas limitações e me convidou, numa atitude de maior confiança, de uma fé mais robusta, a apresentar tudo a Deus, tocando, ao menos, nas barras dessa realidade que nos transcende, na qual poderemos nos libertar de nossos medos.
Finalmente, percebo que a fé é o nosso sexto sentido, que pode nos fazer tocar, sentir e viver a realidade que Jesus nos apresentou. Será sempre por meio da fé que eu poderei me libertar dos medos que me escravizam, que me sufocam e me impedem de chegar até Jesus.
Deixo o silêncio invadir meu ser e me coloco diante de Deus, para poder sentir mais essa realidade em mim.
Que Jesus, nosso mestre e senhor, continue a nos inspirar, ajudando-nos a fortalecer a fé e a orar como ele nos ensinou, permitindo-nos tocar nas barras de suas vestes para nos curar de nossos medos. Amém!
***
João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG