A esperança
30 de dezembro de 2014Leitura: Jo 1, 1-14
No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus e era Deus. Ele estava com Deus no princípio. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito. Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram. Surgiu um homem enviado por Deus, chamado João. Ele veio como testemunha, para testificar acerca da luz, a fim de que por meio dele todos os homens cressem. Ele próprio não era a luz, mas veio como testemunha da luz. Estava chegando ao mundo a verdadeira luz, que ilumina todos os homens. Aquele que é a Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus. Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade. Dele, João dá testemunho, clamando: ‘Este é aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim passou à minha frente, porque ele existia antes de mim’. De sua plenitude todos nós recebemos graça por graça. Pois por meio de Moisés foi dada a Lei, mas a graça e a verdade nos chegaram através de Jesus Cristo. A Deus, ninguém jamais viu. Mas o Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele no-lo deu a conhecer.
Oração:
O evangelista João, já no início da sua mensagem e de forma poética, fala da Trindade e de sua história de amor pelo homem. Jesus é a Palavra que esteve desde o início, na criação (Gn 1, 1-31); Ele é a Palavra que se encarna para revelar a luz e a verdade do Pai (Jo 1, 18); Ele é a Palavra que volta ao Pai depois de ter cumprido a missão (Is 55, 10-11). O natal, nessa perspectiva, é lembrar que Deus, não se contentando com o presente da vida na criação, resolve viver com o homem, através de sua Palavra encarnada, para recriá-lo e “amá-lo de perto”.
O evangelista, tratando de assunto tão misterioso como é a encarnação, não prescinde da figura de João Batista. “Houve um homem enviado por Deus. (…) Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz”. A distinção do evangelista nos aponta dois aspectos importantes: em primeiro lugar, que uma é a luz e outra é sua testemunha; em segundo lugar, que a luz, como confirma toda a história do povo judeu, com ápice em João Batista, quer contar com anunciadores.
O texto bíblico de hoje, ao invés de nos remeter à cena do nascimento de Jesus, ou à do anúncio do anjo, ou à visita de Maria a Isabel, ou à profecia daqueles que viram o menino no Templo, nos mostra o papel de todo cristão no mistério de termos sido visitados pela luz: o cristão dá testemunho até todos “se tornarem filhos de Deus”. Se Deus não prescindiu do anúncio e do testemunho antes de nascer na manjedoura, certamente não prescinde do anúncio e testemunho dos profetas de hoje para tocar o mundo a cada dia.
Nossa oração talvez possa seguir, hoje, os passos do evangelista:
1) Eu reconheço em minha vida que a luz não é apreendida pelas trevas? Quais dificuldades em enxergar que o bem, a verdade e o amor vencem o mal, a mentira e a indiferença? (Jo 1, 1-5)
2) Trilho meu caminho de cristão para ser testemunha da luz, tal qual foi João Batista? Tenho sempre em mente que não sou digno de desamarrar as sandálias d’Aquele que anuncio? Ou às vezes me esqueço e “uso” a fé, crescendo até que Ele diminua ou desapareça? (Jo 1, 6-8.26-27)
3) Recebo a luz em minha vida e ajudo os meus familiares, amigos e colegas a receberem-na também? (Jo 1, 7-14)
Que nosso testemunho e nosso anúncio façam-nos todos Filhos e Irmãos.
João Gustavo H. M. Fonseca – estudante de Direito da UFMG, membro da Família Verbum Dei de Belo Horizonte