Maria visita Isabel (LC1, 39-47)
12 de dezembro de 2015Quem deu autoridade a João Batista para batizar?
13 de dezembro de 2015LECTIO DIVINA
Terceiro Domingo do Advento
Domingo, 13 de dezembro de 2015
“Moradores de Sião,
alegrem-se e louvem a Deus,
pois o santo e poderoso Deus de Israel
mora no meio do seu povo”.
Isaías 12.6
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Senhor, aqui estou,
sentado à porta de minha tenda,
descansando do trabalho duro,
tentando sentir tua brisa,
acalmando meu corpo e meu espírito,
lembrando tantas idas e vindas…
Acolherei tua Palavra,
como palavra geradora de vida,
mesmo que outros zombem dela
e de tuas promessas.
Aqui estou, Senhor…
Não passes ao largo, sem deter-te.[1]
TEXTO BÍBLICO: Lucas 3.10-18
A mensagem de João Batista
Mateus 3.1-12; Marcos 1.1-8; João 1.19-28
10Então o povo perguntava:
— O que devemos fazer?
11Ele respondia:
— Quem tiver duas túnicas dê uma a quem não tem nenhuma, e quem tiver comida reparta com quem não tem.
12Alguns cobradores de impostos também chegaram para serem batizados e perguntaram a João:
— Mestre, o que devemos fazer?
13— Não cobrem mais do que a lei manda! — respondeu João.
14Alguns soldados também perguntavam:
— E nós, o que devemos fazer?
E João respondia:
— Não tomem dinheiro de ninguém, nem pela força nem por meio de acusações falsas. E se contentem com o salário que recebem.
15As esperanças do povo começaram a aumentar, e eles pensavam que talvez João fosse o Messias. 16Mas João disse a todos:
— Eu batizo vocês com água, mas está chegando alguém que é mais importante do que eu, e não mereço a honra de desamarrar as correias das sandálias dele. Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo. 17Com a pá que tem na mão, ele vai separar o trigo da palha. Guardará o trigo no seu depósito, mas queimará a palha no fogo que nunca se apaga.
18João anunciava de muitas maneiras diferentes a boa notícia ao povo e apelava a eles para que mudassem de vida.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Pe. Daniel Kerber[2]
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
O que o povo perguntava? Quem respondeu e o que disse? Quem eram os demais que se aproximaram? Como se dirigiram a João? O que devem fazer eles e os soldados? Que diz João não merecer fazer àquele que está chegando?
Algumas pistas para compreender o texto:
O texto de hoje é a continuação do evangelho do domingo passado; agora João faz o chamado à conversão.
Podemos perceber duas partes no evangelho. Na primeira (vv. 10-14), três grupos perguntam a João o que devem fazer no caminho da conversão, e João responde com atitudes adequadas a cada grupo. Na segunda parte (vv. 15-17), João indica o que ele está fazendo e anuncia a vinda de outro “mais importante” do que ele. O texto conclui-se com o v. 18.
Nos três diálogos com os grupos, nota-se, pela tríplice repetição da pergunta “o que devemos fazer?” (vv. 10,12,14), que a proposta de conversão de João aponta para coisas bem concretas, para o “fazer”.
O primeiro grupo é “o povo”, sem maior especificação. É-lhe proposto partilhar a roupa e a comida, ou seja, o necessário para viver. É um convite que nos toca a todos, o convite à solidariedade.
O segundo grupo é o dos “cobradores de impostos”, os publicanos. Tais cobradores eram considerados pecadores, pois não somente cobravam para Roma (que estava explorando o país), mas também, com frequência, enriqueciam-se com as comissões dos impostos. No entanto, não são rechaçados por João: este os convida a serem justos e a não cobrarem mais do que o devido.
O terceiro grupo é o dos soldados, ou seja, não judeus. Também eles se sentem interpelados pela pregação de João e se aproximam para batizar-se e converter-se. A proposta para eles é não abusar do próprio poder, conformando-se com o que recebem.
Estes três grupos indicam, de algum modo, a globalidade (o povo, os pecadores, os estrangeiros); assim cumpre-se a afirmação de que a salvação de Deus alcança a todos (Lc 3.6).
Diante desse quadro, o povo pergunta-se se João não seria o Messias, mas ele responde claramente que não, e mostra os sinais do Messias: ele batizará com Espírito Santo e fogo (cf. At 2.1-4), é incomparavelmente mais poderoso e maior do que João (o desamarrar as correias das sandálias era um serviço reservado ao escravo; João não se considera digno sequer de prestar esse serviço ao Messias); ademais, ele é quem realizará o julgamento (separar o trigo da palha). João anuncia a vinda do Senhor, mas quando este vier, superará totalmente o anúncio do Batista.
O chamado de João à conversão e o anúncio da vinda do Messias ecoam hoje em nós, a fim de que respondamos, com nossa vida, à chegada do Salvador.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
O evangelho dominical continua a guiar-nos por este caminho de Advento, dizendo com João Batista: o Salvador já vem. Devemos viver esse acontecimento não como algo que se deu há dois mil e quinze anos, mas como uma realidade atual. Nos momentos difíceis ou áridos de nossa vida, continuamos, como as pessoas daquele tempo, a esperar o Messias e a buscar salvação e felicidade em coisas ou pessoas que nos distraem; quem dera que, em nossas vidas, exista um João Batista que nos diga: não sou eu… é Ele! Assim, poderemos descobrir o rosto de Jesus com mais eficácia; mesmo que não nos conceda o que pedimos, com toda certeza nos dará o de que realmente estamos precisando.
O Papa Francisco, seguindo a missão de João Batista, fala-nos do advento como a ocasião propícia para saber esperar: “Este caminho nunca está concluído. Como na vida de cada um de nós há sempre necessidade de voltar a partir, de se erguer, de reencontrar o sentido da meta da próxima existência, assim para a grande família humana é necessário renovar sempre o horizonte comum para o qual estamos encaminhados. O horizonte da esperança! Este é o horizonte para percorrer um bom caminho. O tempo do Advento, que hoje começamos de novo, restitui-nos o horizonte da esperança, uma esperança que não desilude porque está fundada na Palavra de Deus. Uma esperança que não decepciona, simplesmente porque o Senhor nunca desilude! Ele é fiel! Ele não desilude! Pensemos e sintamos esta beleza.
“O modelo desta atitude espiritual, deste modo de ser e de caminhar na vida, é a Virgem Maria. Uma simples jovem de aldeia, que tem no coração toda a esperança de Deus! No seu seio, a esperança de Deus assumiu a carne, fez-se homem, fez-se história: Jesus Cristo. O seu Magnificat é o cântico do Povo de Deus a caminho, e de todos os homens e mulheres que esperam em Deus, no poder da sua misericórdia. Deixemo-nos guiar por ela, que é mãe, é mãe e sabe guiar-nos. Deixemo-nos orientar por Ela neste tempo de espera e de vigilância laboriosa”.[3]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Qual é o Messias que eu espero? Preocupo-me, como os soldados e os cobradores de impostos, com entender o que devo fazer para recebê-lo? Vejo no modo como Maria espera um exemplo a ser seguido?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Esperamos em ti, Senhor, porque por meio de teu Filho,
depositaste em nós teu Santo Espírito,
primeiros dons da herança eterna;
te pedimos que a esperança nos ajude a enfrentar
o duro combate diário da fé.
Aumenta nosso ânimo,
fortalece nossa coragem,
pois esperamos gozar tua bem-aventurança
no país da vida.
Por Jesus Cristo nosso Senhor. Amém.[4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Senhor, que devo fazer? Vem ao meu coração e me fala.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, dedicarei um tempo para ler minha Bíblia. Buscarei o evangelho de cada dia e descobrirei nas palavras o que Deus tem para mim[5].
“A fé e a esperança são as duas asas da alma:
com elas se eleva das coisas terrenas
e sobe do visível ao invisível
(Santo Antônio de Pádua)
[2] É sacerdote da Arquidiocese de Montevidéu (Uruguai) e administrador paroquial da Paróquia de são Alexandre de são Pedro Claver. Colabora também com as Sociedades Bíblicas Unidas no trabalho de tradução da Bíblia para as línguas indígenas e prestou serviço como “auditor” para o Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja (2008). É membro da equipe de apoio da escola bíblica do Cebipal (Centro Bíblico para a América Latina, do CELAM).
[3] Papa Francisco, 1º de dezembro de 2013. Angelus na Praça de São Pedro (https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/angelus/2013/documents/papa-francesco_angelus_20131201.html)
[5] Ajude-se com o seguinte link: http://www.servicioskoinonia.org/biblico/calendario/