(Lc 15, 1-10)
8 de novembro de 2018“Falarão de tua imensa bondade e cantarão com alegria a respeito da tua fidelidade”
11 de novembro de 2018Alguns dias antes da Páscoa dos judeus, Jesus foi até a cidade de Jerusalém. No pátio do Templo encontrou pessoas vendendo bois, ovelhas e pombas; e viu também os que, sentados às suas mesas, trocavam dinheiro para o povo. Então ele fez um chicote de cordas e expulsou toda aquela gente dali e também as ovelhas e os bois. Virou as mesas dos que trocavam dinheiro, e as moedas se espalharam pelo chão. E disse aos que vendiam pombas:
— Tirem tudo isto daqui! Parem de fazer da casa do meu Pai um mercado!
Então os discípulos dele lembraram das palavras das Escrituras Sagradas que dizem: “O meu amor pela tua casa, ó Deus, queima dentro de mim como fogo.”
Aí os líderes judeus perguntaram:
— Que milagre você pode fazer para nos provar que tem autoridade para fazer isso?
Jesus respondeu:
— Derrubem este Templo, e eu o construirei de novo em três dias!
Eles disseram:
— A construção deste Templo levou quarenta e seis anos, e você diz que vai construí-lo de novo em três dias?
Porém o templo do qual Jesus estava falando era o seu próprio corpo. Quando Jesus foi ressuscitado, os seus discípulos lembraram que ele tinha dito isso e então creram nas Escrituras Sagradas e nas palavras dele.
Espírito de amor e de luz, que procede do Pai e do Filho, vem em nosso auxílio e nos inspire uma boa oração.
O Templo é um lugar sagrado e deve ser respeitado e preservado, para que nele possamos fazer a experiência do silêncio que nos conecta a Deus.
O silêncio é uma necessidade humana para a percepção da presença de Deus. Quando calamos em nós todas as vozes que nos fazem mercadores e mercadorias de um mundo que se consome no consumo constante, temos a chance de perceber a presença de nosso criador, nosso Pai e amigo.
Jesus, em sua índole subversiva, comete um ato extremo, para nos proporcionar a exata dimensão da importância de se preservar o lugar sagrado de Deus.
O texto é singular porque leva ao conhecimento de que Deus habita em Jesus e, por esta razão, Ele é o Templo que não se pode destruir para sempre. Derrubem-no e ele será reconstruído em três dias.
Interessante que, no evangelho de João, o evangelista narra esta passagem da expulsão dos vendilhões no início do seu relato. Nos outros três evangelhos sinóticos a passagem é narrada mais no final.
Pensando em outras passagens do evangelho de João, seguintes a esta, podemos perceber que Jesus quer nos conscientizar de que nós também somos templos de Deus e nosso olhar e cuidado para com nós mesmos deve considerar a beleza e importância desta revelação.
Em uma dessas passagens, Jesus diz à samaritana que chegaria o tempo, e ele já chegou, em que ninguém iria adorar a Deus nem naquele monte e nem em Jerusalém. Ainda acrescenta que os verdadeiros adoradores, aqueles que o Pai deseja, O adoram em espírito e verdade (cf Jo 4,21-24).
Jesus também diz que aquele que o ama fará sua vontade e será amado pelo Pai. E Ele e seu Pai farão morada nele (cf Jo 14,21-23).
Ora, seguindo o relato de João, fica evidente que nós também somos templos de Deus. Por essa razão, Deus pode ser adorado onde quer que estejamos. Onde estivermos Ele está presente e pode ser adorado.
Tomar consciência disso é uma responsabilidade tamanha. Será que, por essa razão, preferimos nos esquecer de que somos templos vivos de Deus?
Costumamos nos levantar pela manhã, dar bom dia ao Deus que nos habita e tomar consciência de Sua presença em nós? Vamos passar a fazê-lo?
Costumamos, ao nos ajoelhar diante do sacrário, tomar consciência de que o mesmo Cristo que está na hóstia consagrada que adoramos, também habita nosso ser? Sou capaz de reconhecer que o Cristo que me habita também habita aquele que desprezo?
Quando lemos o texto com esta perspectiva, de sermos templos vivos de Deus, podemos nos perguntar: que tipo de mercado tenho feito em mim mesmo?
Às vezes, trocamos nossa saúde, horas de sono e descanso, por um tanto de afazeres que só têm sentido na manutenção de uma falsa imagem de nós mesmos. Às vezes, trocamos tempo de estar com a família e com os amigos por tempo nas redes sociais ou diante de um televisor. Às vezes, trocamos a necessidade de sermos compassivos e misericordiosos por julgamentos moralistas e sem sentido, apenas para ficarmos, falsamente, de bem com nossa consciência.
Hoje, somos convidados a tomar consciência do “mercado” que fizemos de nossa vida e, aquietando-nos, contemplar Jesus entrando em nosso templo pessoal. Deixemos que Ele expulse todas essas coisas do nosso ser. Permitamos que Ele restaure o sentido mais genuíno da nossa vida, aquele sonhado por Deus.
Maria, mãezinha querida, que tão bem compreendeu e viveu a graça de ser habitada por Deus, faça-nos companhia e nos lembre sempre de que a Trindade está conosco onde estivermos. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte