A Lei antiga ou a Lei do Amor?
5 de setembro de 2016Felizes os pobres (Lc 6,20-26)
7 de setembro de 2016“Naquela ocasião Jesus subiu um monte para orar e passou a noite orando a Deus. Quando amanheceu, chamou os seus discípulos e escolheu doze deles. E deu o nome de apóstolos a estes doze: Simão, em quem pôs o nome de Pedro, e o seu irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu; Simão, o nacionalista; Judas, filho de Tiago; e Judas Iscariotes, que foi o traidor.
Jesus desceu do monte com eles e parou com muitos dos seus seguidores num lugar plano. Uma grande multidão estava ali. Era gente de toda a Judeia, de Jerusalém e das cidades de Tiro e Sidom, que ficam na beira do mar. Eles tinham vindo para ouvir Jesus e para serem curados das suas doenças. Os que estavam atormentados por espíritos maus também vieram e foram curados. Todos queriam tocar em Jesus porque dele saía um poder que curava todas as pessoas.”
“Jesus subiu um monte para orar e passou a noite orando a Deus.” Antes de uma decisão importante como a escolha dos discípulos e de uma realidade que urgia com premência pelos ensinamentos e a força de Jesus, ele passa a noite em oração. Ele busca no Pai e não em si mesmo a luz, o discernimento e a fortaleza/os dons. E eu? Como me preparo para uma decisão? Como são minhas escolhas?
Jesus nos convida a aprender com ele a passar a noite em oração. A noite simboliza os momentos em que não vemos com clareza. São João da Cruz falava da “noite escura da alma”. Geralmente nestes momentos do que mais fugimos é da oração. Como às vezes ela parece árida, seca, temos dificuldade de nos conectar, tomamos decisões precipitadas e ações estabanadas, que não trazem o melhor fruto. Quando Jesus vai à nossa frente para passar a noite em oração, o que Ele nos mostra é que todo o tempo, favorável ou desfavorável, é momento de buscar no Pai o Espírito para nos guiar na vida.
Jesus escolhe seus discípulos e em nossa oração podemos agradecer o dom dessa escolha. O fato de estar aqui agora lendo essa reflexão e buscando a oração já é um sinal de sua escolha. Podemos perguntar-lhe: Para o que você me escolhe, Jesus?
“Deu o nome de apóstolos a estes”. Apóstolo significa “enviado”. Nos escolhe para nos enviar. O evangelista Marcos, de onde Lucas bebeu para este trecho do Evangelho, coloca: “Constituiu o grupo dos Doze para que ficassem com ele e para enviá-los a pregar, com autoridade para expulsar os demônios.” (Marcos 3, 13-15). Jesus nos chama para estar com ele, para viver unidos a ele. E para ser enviados a dar a Palavra que escutamos na intimidade a todos aqueles que precisam dela para também terem a sua vida transformada. Esta autoridade vem de quem primeiro se deixar afetar por essa Palavra e vai dando os passos que compreende a partir dela.
“Jesus desceu do monte com eles e parou com muitos dos seus seguidores num lugar plano. Uma grande multidão estava ali. (…) Eles tinham vindo para ouvir Jesus e para serem curados das suas doenças.” Às vezes temos preguição da multidão. É engraçado o que acontece dentro de alguns de nós (de mim acontece). Temos uma resistência para subir o monte, às vezes enrolamos para chegar à oração. Mas temos uma resistência para descer também. Que tendência de querer ficar no “eu e Deus, Deus e eu”. A multidão necessitada com a qual você depara no dia a dia vem de onde? Repare melhor. Só daí de onde você pensou?
Nossas multidões vêm de todos os lugares também. No trabalho, no estudo, na comunidade, nas ruas…. Eles também precisam ouvir Jesus. Ouvir este que traz uma Boa Nova transformadora. Precisam ser curados. De que? Começar a contemplar as pessoas com quem nos deparamos quando descemos do monte junto com Jesus.
“Todos queriam tocar em Jesus porque dele saía um poder que curava todas as pessoas.” De onde vem esse poder em Jesus? Perguntar para ele em nossa oração, dialogar com ele sobre isso. O que entendi foi: Vem do movimento de subir e descer. Da busca do Pai como fonte e da misericórdia pelos irmãos. De ambos. E é isto que nos convida a experimentar.
Peçamos ao Espírito que nos impulsione para ambos os movimentos, para subir com Jesus ao Pai e descer com Ele aos irmãos. E que vá nos configurando em verdadeiros apóstolos, enviados à realidade na qual nos coloca.
Tania Pulier, comunicadora social, membro da Família Missionária Verbum Dei e da pré-CVX Cardoner