“Venha comigo!” (Jo 21, 20 -25)
3 de junho de 2017PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Suave luz, luz esplêndida,
fogo do trono enviado
sobre os discípulos de Cristo
como seu dom mais sagrado.
Torna pleno os corações,
a nossa voz enriquece.
Os corações e as línguas
concordes vibrem, em prece.
Consolador Santo, vinde,
os corações abrandai,
regei as línguas fiéis,
fel e veneno queimai.[1]
TEXTO BÍBLICO: João 20.19-23
Jesus aparece aos onze discípulos
Mateus 28.16-20; Marcos 16.14-18; Lucas 24.36-49
19Naquele mesmo domingo, à tarde, os discípulos de Jesus estavam reunidos de portas trancadas, com medo dos líderes judeus. Então Jesus chegou, ficou no meio deles e disse:
— Que a paz esteja com vocês!
20Em seguida lhes mostrou as suas mãos e o seu lado. E eles ficaram muito alegres ao verem o Senhor. 21Então Jesus disse de novo:
— Que a paz esteja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês.
22Depois soprou sobre eles e disse:
— Recebam o Espírito Santo. 23Se vocês perdoarem os pecados de alguém, esses pecados são perdoados; mas, se não perdoarem, eles não são perdoados.
. 1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
Em que dia Jesus se apresentou a seus discípulos? De quem os discípulos tinham medo? Como estavam as portas? Como Jesus os saudou? Como os enviou? O que fez para dar-lhes o Espírito Santo? O que os discípulos podem fazer?
Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Daniel Kerber [2]
Cinquenta dias depois da páscoa, celebra-se a festa de Pentecostes, que recordava o dom da Aliança (os mandamentos) ao povo no Mote Sinai (cf. Êx 19ss; Lv 23.26). Lucas retoma esta tradição e narra o dom do Espírito Santo no Contexto desta festa. Já não serão as tábuas da lei, mas o Espírito gravado nos corações dos fiéis (cf. Ez 36.27; Jr 31.31ss) quem guiará a vida da nova comunidade.
O evangelho de João que lemos hoje antecipa esse dom do Espírito, e mostra Jesus ressuscitado dando o Espírito aos discípulos. João concentra-se na experiência pascal o que Lucas vai desenvolver pedagogicamente durante cinquenta dias.
A cena desenrola-se na tarde do domingo de Páscoa. Tem duas partes: a introdução, que mostra o tempo e o lugar onde os discípulos se encontram (v. 19a) e, em seguida, a presença de Jesus, com suas palavras e gestos (vv. 19b-23).
Embora o discípulo amado tivesse acreditado (Jo 20.8), os discípulos continuam com medo, e mantêm as portas fechadas. Ali Jesus se apresenta e lhes dá o dom da paz. Não é simplesmente uma saudação ou um desejo, mas Jesus mesmo é a paz (cf. Ef 2.14), porque venceu o último inimigo, a morte, e vem com seu troféu: a paz, que ele dá a seus discípulos com sua própria presença no meio deles. Aqui se cumpre aquela promessa da última ceia: “Deixo com vocês a paz” (Jo 14.27). As mãos e o lado são a demonstração de sua identidade, como a dizer “eu sou o crucificado, ressuscitei e estou no meio de vocês”.
A reação própria desta presença ressuscitada é a alegria. A ressurreição transforma o medo em alegria e em envio, e o impasse em comunicação ousada, como vemos no relato dos Atos dos Apóstolos (cf. At 2.1-11).
Jesus, que é o enviado do Pai, agora faz seus discípulos participarem de sua própria missão, e por isso os envia com a força do Espírito. Como o faz com frequência, Jesus ilumina com suas palavras os gestos que realiza: sopra, e lhes diz o que tal sopro significa: “Recebam o Espírito Santo”.
No relato da criação, o sopro divino havia feito do modelo de barro um homem vivente (cf. Gn 2.7); agora, na ressurreição, dá-se algo como uma nova criação, e o Senhor volta a soprar sobre sua comunidade, tornando-a portadora de sua vida, que se mostrará também no perdão dos pecados”.
O que o Senhor me diz no texto?
É chegada a festa de Pentecostes, na qual renovamos a presença do Espírito Santo em meio à Igreja. Jesus, que na Páscoa nos deu mostras de sua vida nova, agora nos dá o presente maior: seu Espírito. O Espírito Santo habita em nós, faz-nos viver a comunhão com Deus e nos dá a coragem para sermos discípulos missionários de Jesus. Ele é nosso melhor companheiro de viagem; com ele, nenhuma missão será difícil, desanimada ou sem sentido.
Continuemos nossa meditação com estas palavras do Papa Bento XVI: “O Espírito Santo é o Espírito de Jesus Cristo, o Espírito que une o Pai ao Filho no Amor que, no único Deus, doa e recebe. Ele une-nos de tal modo, que certa vez São Paulo pôde dizer: “Todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3.28). Com o seu sopro, o Espírito Santo impele-nos rumo a Cristo. O Espírito Santo age corporalmente, e não apenas sob os pontos de vista subjetivo, ‘espiritual’. Aos discípulos que O consideravam somente um ‘espírito’, Cristo ressuscitado disse: ‘Sou Eu mesmo! Tocai-me e olhai; um simples espírito um fantasma não tem carne nem ossos, como verificais que Eu tenho’ (cf. Lc 24.39). Isto é válido para Cristo ressuscitado, em todas as épocas da história.
“Cristo ressuscitado não é um fantasma, não é somente um pensamento, uma ideia. Ele permaneceu o Encarnado; ressuscitou Aquele que assumiu a nossa carne e continua sempre a edificar o seu Corpo, fazendo de nós o seu Corpo. O Espírito sopra onde quer, e a sua vontade é a unidade que se faz corpo, a unidade que encontra o mundo e o transforma[3]”.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Como é minha relação com o Espírito Santo? Conheço seus dons e frutos? Peço ao Senhor que seu Espírito seja minha fortaleza e meu guia durante minha vida? Em minha comunidade, pedimos o Espírito Santo e vemos seu agir quando saímos em atividade missionária? Cada que você lê a Bíblia, pede ao Espírito Santo que o guie?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Espirito de Deus, enviai dos
céus um raio de luz.
Vinde, Pai dos Pobres, dai aos
corações vossos sete dons.
Consolo que acalma, hóspede da
alma, doce alivio, vinde!
No labor, descanso, na aflição, remanso, no calor, aragem.
Ao sujo, lavai. Ao seco, regai. Curai o doente
Dobrai o que é duro, guiai no
escuro, o frio aquecei.
Enchei, luz bendita, chama que crepita o íntimo de nós.
Sem a luz que acode, nada o
homem pode, nenhum bem há nele.
Dai a vossa igreja,
que espera e deseja, vossos sete dons.
Dai, em premio ao forte, uma santa
morte, alegria eterna. Amém.[4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Vem, Espírito Santo, e renova minha vida! “.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Quando eu estiver com minha comunidade, família ou amigos, vou convidá-los a fazer uma oração ao Espírito Santo na qual lhe peçamos que ilumine nossas vidas e atividades missionárias.
“Pentecostes é todo um poema de luz, de graça e de caridade”
São João XXIII
[1] Hino do Ofício das Leituras (Domingo de Pentecostes).
[2] É sacerdote da Arquidiocese de Montevidéu (Uruguai) e administrador paroquial da Paróquia de são Alexandre de são Pedro Claver. Colabora também com as Sociedades Bíblicas Unidas no trabalho de tradução da Bíblia para as línguas indígenas e prestou serviço como “auditor” para o Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja (2008). É membro da equipe de apoio da escola bíblica do Cebipal (Centro Bíblico para a América Latina, do CELAM).
[3] Papa Bento XVI, Homilia, 3 de junho de 2006 (https://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/homilies/2006/documents/hf_ben-xvi_hom_20060603_veglia-pentecoste.html)
[4] Sequência de Pentecostes.