“Ó Senhor, Senhor nosso,
a tua grandeza é vista no mundo inteiro”.
Sl 8.2
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Jesus:
Hoje quero escutar tua voz,
mas falta silêncio ao meu redor.
Ensina-me a ficar calado
e a escutar atento tua voz.
Que tua palavra ilumine minha vida,
que tua palavra me comprometa
e me faça viver em tua presença,
mesmo que eu não te conheça
e saiba quase nada do Evangelho.
Quero ser teu amigo,
mas me preocupo tão pouco contigo!
Hoje vens visitar-me
e me convidas a abrir a porta
do meu coração.
Do fundo de meu ser,
Te espero e grito a Ti:
TEXTO BÍBLICO: João 16.12-15
12— Ainda tenho muitas coisas para lhes dizer, mas vocês não poderiam suportar isso agora. 13Porém, quando o Espírito da verdade vier, ele ensinará toda a verdade a vocês. O Espírito não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que ouviu e anunciará a vocês as coisas que estão para acontecer. 14Ele vai ficar sabendo o que tenho para dizer, e dirá a vocês, e assim ele trará glória para mim. 15Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso eu disse que o Espírito vai ficar sabendo o que eu lhe disser e vai anunciar a vocês.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
Para onde o Espírito da verdade guiará os discípulos? O que lhes ensinará? Como mostrará a glória de Deus? Por que Jesus diz: “o Espírito vai ficar sabendo o que tenho para dizer”?
Algumas pistas para compreender o texto:
No evangelho que hoje proclamamos, Jesus anuncia a seus discípulos: “Ainda tenho muitas coisas para lhes dizer”. Contudo, já não dispõe de tempo, pois precisa subir para onde se encontra o Pai e, a partir dali, enviará o Espírito Santo: “… ele ensinará toda a verdade a vocês”. Este é um fragmento da despedida de Jesus na última Ceia. Para o Mestre, o tempo é breve e tem muitas coisas para comunicar a seus discípulos. Por isso, fala-lhes do Espírito da Verdade, aquele que lhes dará a conhecer tudo. Não é que vai dizer coisas diferentes daquelas que Jesus explicou: sua função será a de iluminar e ajudar a entender as palavras ditas pelo Mestre.
A verdade não é um conceito, ou uma categoria, mas uma pessoa. A verdade plena é a compreensão mais profunda de Jesus e de sua mensagem. O conhecimento de uma pessoa vai-se dando continuamente, dia após dia. Facilitar esse conhecimento da pessoa de Jesus no mistério da Santíssima Trindade será trabalho do Espírito. Trata-se, porém, de uma tarefa enorme, porque toda a nossa vida de fé não bastará para esgotar a riqueza que se esconde no seio das relações entre as três pessoas divinas no único Deus.
Depois da ressurreição, os discípulos compreenderam algumas palavras do Mestre, mas não podiam medir seu alcance e transcendência; precisavam de uma ajuda interior que lhes mostrasse as enormes possibilidades de vida, de amor e de força transformadora que tal conhecimento tinha para nosso mundo. Este será o trabalho do Espírito Santo: “…dirá tudo o que ouviu e anunciará a vocês as coisas que estão para acontecer”. Significa levar os cristãos até um conhecimento pleno de Jesus e de sua mensagem. Por isso, Jesus diz-nos que “o Espírito vai ficar sabendo o que eu lhe disser e vai anunciar a vocês”.
Jesus estará ausente corporalmente, mas seu Espírito permanecerá entre os seus para, como bom pedagogo, lembrar, esclarecer e guiar até o sentido profundo de seus ensinamentos. Os discípulos não podiam compreender nesse momento o que ele queria dizer-lhes. O Espírito Santo é quem os ensinará no profundo de seus corações essas verdades e os fará ver mais claramente a esperança no futuro e a recompensa.
Tudo o que é do Pai é de Jesus. O mesmo mistério do Pai, relacionado com o Filho, é o que o Espírito anunciará, mostrando, de fato, quem é Jesus, qual é sua dignidade, qual a missão que cumpriu e que glória vai compartilhar conosco.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Ao celebrar a Festa da Santíssima Trindade, devemos acreditar que fomos criados para viver naturalmente em comunidade. Seu amor, ao criar-nos, ao salvar-nos e ao assistir-nos é o que deve inspirar-nos diariamente a partilhar com nossos irmãos os diversos momentos da vida, nos quais deixamos transparecer nossa condição de filhos de Deus. Não basta tentar entender o mistério em si, pois, na realidade, não o conseguiremos; o que vale a pena é refletir sobre a razão por que Deus nos revela esse mistério: Ele mesmo se nos oferece como exemplo de amor comunitário.
O Papa Bento XVI compartilha conosco sua reflexão: “No dia de hoje contemplamos a Santíssima Trindade, do modo como Jesus no-la fez conhecer. Ele revelou-nos que Deus é amor, ‘não na unidade de uma única pessoa, mas na Trindade de uma só substância’ (Prefácio): é Criador e Pai misericordioso; é Filho Unigênito, eterna Sabedoria encarnada, morto e ressuscitado por nós; é, finalmente, Espírito Santo que tudo move, cosmos e história, rumo à plena recapitulação final. Três Pessoas que são um só Deus, porque o Pai é amor, o Filho é amor e o Espírito é amor. Deus é tudo e somente amor, amor puríssimo, infinito e eterno. Não vive numa solidão maravilhosa, mas é sobretudo fonte inesgotável de vida que se doa e se comunica incessantemente.
“Em certa medida podemos intuí-lo, observando quer o macrouniverso: a nossa terra, os planetas, as estrelas e as galáxias; quer o microuniverso: as células, os átomos e as partículas elementares. Em tudo o que existe está num certo sentido gravado o ‘nome’ da Santíssima Trindade, porque todo o ser, até às últimas partículas, é um ser em relação, e assim transparece o Deus-relação, transparece por fim o Amor criador. Tudo deriva do amor, tende para o amor e se move impelido pelo amor, naturalmente com diferentes graus de consciência e de liberdade.
“’Ó Senhor, nosso Deus / como é admirável o vosso nome em toda a terra’ (Sl 8.2), – exclama o salmista. Falando de ‘nome’ a Bíblia indica o próprio Deus, a sua identidade mais verdadeira; identidade que resplandece sobre toda a criação, onde cada ser, pelo próprio facto de existir e pelo ‘tecido’ de que é feito, faz referência a um Princípio transcendente, à Vida eterna e infinita que se doa, em síntese, ao Amor. ‘É nele – disse São Paulo no Areópago de Atenas – que realmente vivemos, nos movemos e existimos’ (At 17.28). A prova mais forte de que fomos criados à imagem da Trindade é esta: somente o amor nos torna felizes, porque vivemos em relação, e vivemos para amar e ser amados. Utilizando uma analogia sugerida pela biologia, diríamos que o ser humano traz no seu ‘genoma’ o vestígio profundo da Trindade, de Deus-Amor”.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Quanto me preocupo com entender a característica de Deus ser uno e trino ao mesmo tempo? Sinto-me tranquilo, aceitando esse mistério? A Santíssima Trindade é inspiradora para minha comunidade? Quero viver a mesma natureza de Deus, ou seja, viver em seu Amor?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Ó meu Deus, trindade adorável,
ajuda-me a esquecer-me por inteiro para estabelecer-me em ti!
Ó meu Cristo amado, crucificado por amor!
Sinto minha impotência e te peço que me revistas de ti mesmo,
que identifiques minha alma com todos os movimentos de tua alma;
que me substituas, para que minha via não seja senão irradiação de tua própria vida…
Ó fogo consumidor, Espírito de amor!
Vem, para que se faça em minha alma como encarnação do Verbo;
que eu seja para ele uma humanidade sobreposta,
na qual ele renove todo o seu mistério.
E tu, ó Pai, inclina-te sobre tua criatura!
Não vejas nela senão teu amado, em quem puseste todas as tuas complacências.
Ó meus três, meu tudo, minha felicidade, solidão infinita, imensidão na qual me perco!
Entrego-me a ti, me despojo; submerge-te em mim, para que eu me submerja em ti,
à espera de ir contemplar em tua luz o abismo de tuas grandezas.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Em ti, Jesus, somos um com o Pai e com o Espírito.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Converso com meus irmãos (da família ou da comunidade paroquial) sobre nossas relações e fazemos o compromisso de maior unidade testemunho de amor.
“A Santa Igreja, em sua fé trinitária, sente-se unida a todos os que confessam o único Deus. A fé na Trindade não destrói a verdade do único Deus: ao contrário, põe em relevo sua riqueza, seu conteúdo, sua vida íntima”
São João Paulo II