“Que a justiça floresça durante a sua vida, e que haja prosperidade enquanto a lua brilhar!
22 de dezembro de 2019O Senhor dá uma ordem, e ela chega depressa aonde ele quer”.
5 de janeiro de 2020PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, faze-te presente neste encontro com a Palavra.
Espírito Santo, derrama-te neste momento
e em cada lugar onde eu me encontre.
Espírito Santo, toca meu coração neste tempo de esperança.
Espírito Santo, ajuda-me a buscar o sentido do eterno
junto aos meus irmãos.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Mt 2.13-15.19-23
A fuga para o Egito
13Depois que os visitantes foram embora, um anjo do Senhor apareceu num sonho a José e disse:
— Levante-se, pegue a criança e a sua mãe e fuja para o Egito. Fiquem lá até eu avisar, pois Herodes está procurando a criança para matá-la.
14Então José se levantou no meio da noite, pegou a criança e a sua mãe e fugiu para o Egito. 15E eles ficaram lá até a morte de Herodes. Isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito por meio do profeta: “Eu chamei o meu filho, que estava na terra do Egito.”
A volta do Egito
19Depois que Herodes morreu, um anjo do Senhor apareceu num sonho a José, no Egito, 20e disse:
— Levante-se, pegue a criança e a sua mãe e volte para a terra de Israel, pois as pessoas que queriam matar o menino já morreram.
21Então José se levantou, pegou a criança e a sua mãe e voltou para a terra de Israel. 22 Depois de receber num sonho mais instruções, José foi para a região da Galileia 23e ficou morando numa cidade chamada Nazaré. Isso aconteceu para se cumprir o que os profetas tinham dito: “O Messias será chamado de Nazareno.”
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. O que ordena o anjo do Senhor a José e por quê?
2. O que faz José diante deste pedido?
3. A quem se referia a citação do profeta que se cumpre agora em Jesus?
4. Quando é que o anjo do Senhor aparece de novo a José e o que lhe pede?
5. O que faz José diante deste pedido?
6. Onde José ficou morando com Maria e Jesus?
ü Algumas pistas para compreender o texto:
Mons. Damian Nannini[1]
Em Mt 2.13-15 nos é contada a fuga da Sagrada Família para o Egito diante da ameaça de morte por parte de Herodes. O motivo profundo desta violenta e irracional reação perante o nascimento de Jesus é o medo de perder o poder.
O surpreendente é que tudo isto acontece segundo o plano de Deus estabelecido na Escritura, segundo o prova a citação de cumprimento que aqui é Os 11.1: “Eu chamei o meu filho, que estava na terra do Egito.” No profeta, este texto se referia ao êxodo como graça salvadora de Iahweh-Pai em favor de seu povo-filho. Aqui se aplica claramente a Jesus, o Filho. Deste modo, Mateus estabelece um claro paralelo entre o destino do povo de Israel e o de Jesus, indicando que na história de Jesus se repete a história de Israel, que Jesus compartilha a experiência do êxodo.
Como bem observa L. H. Rivas, a fuga para o Egito não tem nada de romântica. É uma fuga noturna, deixando tudo e arriscando-se aos inúmeros perigos de viajar naqueles tempos. Vale a mesma coisa para a estada no Egito, país estrangeiro, com outro idioma, outros costumes e outra religião. Nada disto deve ter sido fácil para a Sagrada Família. A fé de Maria e de José deve ter sido provada nestas circunstâncias adversas. Contudo, não pensaram em si mesmos, mas na vida de Jesus, que deviam proteger.
Em Mt 2.19-23 se narra que à morte de Herodes, o anjo do Senhor ordena que a Sagrada Família volte para Israel. O ponto de retorno deveria ter sido Belém, na Judeia; no entanto, diante de novo clima de perseguição, ele findam por estabelecer-se em Nazaré, na Galileia.
A citação de cumprimento desta subunidade “será chamado Nazareno” não é identificada com exatidão. Inclusive a fórmula de introdução não é habitual. O certo é que, mediante esta referência, Mateus busca justificar a origem galileia de Jesus e harmonizar com o messianismo davídico vinculado a Belém.
Os deslocamentos da Sagrada Família (ida ao Egito e retorno de lá) coincidem com o itinerário dos patriarcas Abraão e Jacó. Deste modo, apresenta-se Jesus revivendo as migrações do povo de Israel em sua história.
Estamos diante de uma família perseguida por um tirano. José e Maria são plenamente obedientes à Palavra de Deus. Herodes planeja o mal, quer matar Jesus, mas Deus, como Senhor da história, antecipa-se aos cruéis desígnios do tirano e salva a vida do Menino. A Sagrada Família salva-se por sua fidelidade à Palavra de Deus manifestada pelo anjo do Senhor.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Esta Festa da Sagrada Família é celebrada no domingo subsequente ao Natal como prolongamento deste mistério. Com sua Encarnação, Deus santificou o ser humano, redimiu-o. Contudo, não apenas o ser humano considerado individualmente, mas com seus vínculos mais profundos e vitais. Aqui é onde entra, com pleno direito, a realidade da família. Jesus nasceu, cresceu e viveu com sua família; por isso é que a chamamos de Sagrada Família. A partir dela podemos e devemos iluminar a vida de todas as famílias.
A este respeito, dizia o Papa são Paulo VI, em sua homilia em Nazaré, em 1964: “Uma lição de vida familiar. Que Nazaré nos ensine o significado da família, sua comunhão de amor, sua beleza simples e austera, seu caráter sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré como é doce e insubstituível sua pedagogia; aprendamos como é fundamental e incomparável sua função no plano social”. E o Papa Bento XVI, alguns anos depois, também dizia, no mesmo lugar: “Como disse aqui o Papa Paulo VI, todos nós temos necessidade de voltar a Nazaré para contemplar sempre de novo o silêncio e o amor da Sagrada Família, modelo de cada vida familiar cristã. Aqui, segundo o exemplo de Maria, de José e de Jesus, podemos chegar a valorizar ainda mais a santidade da família que, no desígnio de Deus, se fundamenta na fidelidade de um homem e de uma mulher para a vida inteira, consagrada pelo pacto conjugal e aberta ao dom de novas vidas por parte de Deus. Como os homens e as mulheres do nosso tempo têm necessidade de apropriar-se novamente desta verdade fundamental, que está na base da sociedade, e como é importante o testemunho de cônjuges em ordem à formação de consciências maduras e à construção da civilização do amor!” (14 de maio de 2009).
O exemplo da família de Nazaré pode ser traduzido em algo bem prático, como o propôs o Papa Francisco em seu Discurso às famílias do mundo, por ocasião de sua peregrinação a Roma no Ano da Fé: “Algumas semanas atrás, nesta praça, disse que, para levar por diante uma família, é necessário usar três palavras. Três palavras: com licença, obrigado, desculpa. Três palavras-chaves! Peçamos licença para não ser invasivos em família. ‘Posso fazer isto? Gostas que faça isto?’ Com a linguagem de quem pede licença. Digamos obrigado, obrigado pelo amor! Mas dize-me: Quantas vezes ao dia dizes obrigado à tua esposa, e tu ao teu marido? Quantos dias passam sem eu dizer esta palavra: obrigado! E a última: desculpa. Todos erramos e às vezes alguém fica ofendido na família e no casal, e algumas vezes – digo eu – voam os pratos, dizem-se palavras duras… Mas ouvi este conselho: Não acabeis o dia sem fazer a paz. A paz faz-se de novo cada dia em família! «Desculpai-me»…, e assim se recomeça de novo. Com licença, obrigado, desculpa! Podemos dizê-lo juntos? (respondem: Sim!). Com licença, obrigado, desculpa! Pratiquemos estas três palavras em família. Perdoar-se cada dia!” (26 de outubro de 2013).
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Que qualidade de tempo dedico à minha família?
2. Procuro compartilhar a fé e as festas com minha família?
3. Preparo-me para formar uma família que tenha como rocha sólida Jesus e o amor que nos concede?
4. Utilizo o coração e com frequência as palavras: “Com licença, obrigado, desculpe”?
5. Aceito que o matrimônio é uma vocação e um caminho de santidade?
3. ORAÇÃO O que respondo ao Senhor que me fala no texto? |
Obrigado, Jesus, Maria e José, pela vida que levaram.
Queremos que, no cotidiano, sejam nossos companheiros.
Pedimos-lhes por todas as famílias, por cada matrimônio.
Que a fidelidade de vocês chegue até hoje e nos leve
a percorrer juntos este caminho de santidade.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, Maria e José, ajudem-me a ser fiel ao plano de Deus”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, proponho-me aproximar-se de alguém de minha família e partilhar um momento fraterno.
“O futuro depende, em grande parte, da família, que leva consigo o porvir mesmo da sociedade; seu papel especialíssimo é o de contribuir eficazmente com um futuro de paz”.
São João Paulo II
Dom Damián Nannini é bispo da Diocese de San Miguel (Argentina); licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma.