O Deus que conhecemos (Lucas 9,51-56)
30 de setembro de 2014Mensageiros do cuidado do Pai (Mt 18,1-5.10)
2 de outubro de 2014“Enquanto iam andando, alguém no caminho disse a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que fores.” Mas Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça.”
Jesus disse a outro: “Siga-me.” Esse respondeu: “Deixa primeiro que eu vá sepultar meu pai.” Jesus respondeu: “Deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos; mas você, vá anunciar o Reino de Deus.”
Outro ainda lhe disse: “Eu te seguirei, Senhor, mas deixa primeiro que eu vá me despedir do pessoal de minha casa.” Mas Jesus lhe respondeu: “Quem põe a mão no arado e olha para trás, não serve para o Reino de Deus.”
São Lucas, neste Evangelho, apresenta três casos de vocação, de chamado ao seguimento de Jesus. No primeiro caso, alguém tipicamente deslumbrado com Aquele que a caminho operava maravilhas, “fazia bem todas as coisas”, se oferece para ir atrás do Senhor aonde Ele fosse. Jesus, no entanto, conhece os corações e não esconde as dificuldades do caminho que podem fazer este entusiasmado ir atrás. “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça.” Quando fazemos uma experiência forte do Amor de Deus – num retiro, numa missão, numa consolação – costumamos também dizer ao Senhor: “Teu amor vale mais que a vida”. “Eu te seguirei para onde quer que fores.” Mas o caminho de Jesus é claro: Ele está subindo para Jerusalém. Morte e ressurreição: é o caminho. Nele, se experimenta a dor, o abandono, a perseguição, a humilhação e a solidão, como Jesus experimentou. Passando por aí se encontra a vida plena. Mas não fora daí. Ele nos prepara para estes momentos quando apresenta tão claramente Seu caminho diante do nosso entusiasmo às vezes imediato e passageiro: “Você vai perseverar quando, como eu, não tiver onde repousar a cabeça?”
A palavra “primeiro” é que pode nos ajudar a compreender o segundo caso. “Deixa primeiro que eu vá…” Diante do chamado de Jesus, nem sempre a questão é escolher entre ele e algo ruim. Se diz por aí que “o bom é inimigo do ótimo ou do melhor”. E é isto mesmo! Muitas vezes nos vemos fazendo ou querendo fazer coisas boas, mas nossa vocação é outra. O chamado de Jesus para nós vai em outra direção. Por quanto tempo adiaremos responder-lhe, pedindo-lhe que “deixe primeiro que…”?
E o terceiro caso é o famoso apego à família, tão comum na nossa cultura brasileira. Muitas vezes ele nos atrapalha no seguimento. A família nos aponta direções diferentes das que Jesus está nos chamando. O cuidado excessivo com ela nos impede de dedicar tempo, espaço e energia para cuidar dos que o Senhor nos confia, para ampliar o espaço de nossa tenda rumo à fraternidade, à Família maior que Ele deseja para nós.
Algumas questões podem iluminar nossa oração de hoje:
– O que me ajuda a estar com o coração mais voltado ao Pai e aos irmãos, como Jesus?
– O que me “enreda” (me enrola, me prende) na carência e nos afetos desordenados?
– Como discernir, com as pessoas próximas, qual o amor com o qual sou chamada a amar?
Vamos pedir ao Espírito que nos conduza rumo à liberdade para o “sim” ao chamado do Senhor para cada um de nós.
Tania Pulier, comunicadora social, membro da Família Missionária Verbum Dei e do pré-CVX Cardoner.