Por causa de mim (João 15,18-21)
9 de maio de 2015O Espírito da Verdade (Jo 15,26–16,4a)
11 de maio de 2015LECTIO DIVINA
Sexto Domingo de Páscoa – Ano B
10 de maio 2015
“O Senhor fez com que as nações
conhecessem o seu poder salvador.”
Salmo 98.2
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, és a alma de minha alma,
adoro-te humildemente.
Ilumina-me, fortifica-me, guia-me, consola-me.
E na medida em que corresponder ao plano eterno, Deus Pai,
revela-me teus desejos.
Dá-me conhecer o que devo fazer.
Dá-me conhecer o que devo sofrer.
Dá-me conhecer o que com silenciosa modéstia
e em oração, devo aceitar, carregar e suportar.
Sim, Espírito Santo,
dá-me conhecer tua vontade e a vontade do Pai.
Pois durante toda a minha vida, outra coisa não quero ser
senão um contínuo e perpétuo Sim
aos desejos e ao querer do eterno Deus Pai.[1]
TEXTO BÍBLICO: João 15.9-17
Jesus, a videira
9Assim como o meu Pai me ama, eu amo vocês; portanto, continuem unidos comigo por meio do meu amor por vocês. 10Se obedecerem aos meus mandamentos, eu continuarei amando vocês, assim como eu obedeço aos mandamentos do meu Pai e ele continua a me amar.
11 — Eu estou dizendo isso para que a minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa. 12O meu mandamento é este: amem uns aos outros como eu amo vocês. 13Ninguém tem mais amor pelos seus amigos do que aquele que dá a sua vida por eles. 14Vocês são meus amigos se fazem o que eu mando. 5Eu não chamo mais vocês de empregados, pois o empregado não sabe o que o seu patrão faz; mas chamo vocês de amigos, pois tenho dito a vocês tudo o que ouvi do meu Pai. 16Não foram vocês que me escolheram; pelo contrário, fui eu que os escolhi para que vão e deem fruto e que esse fruto não se perca. Isso a fim de que o Pai lhes dê tudo o que pedirem em meu nome. 17O que eu mando a vocês é isto: amem uns aos outros.
1. LEITURA
Que diz o texto?
P. Cesar Buitrago[2]
Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Como Jesus ama seus discípulos? Qual é o mandamento de Jesus? Qual é o amor maior? Os discípulos já não são servos; o que são? Qual é a missão de Jesus? O que fará o Pai?
Algumas considerações para uma leitura proveitosa…
Continuamos a escutar Jesus no contexto da última ceia. Agora ele nos revela o segredo mais íntimo que motivou toda a sua vida: o AMOR.
Muitas vezes a palavra “amor” é mal interpretada. O texto coloca os fundamentos mais autênticos do amor (vv. 9-11). Amar até à entrega, até que doa. Amar gratuitamente. O Pai ama Jesus desde toda a eternidade; não há nenhum tempo em que o Pai não tenha amado Jesus. Agora Jesus pode prometer também que amará permanentemente os seus.
O discípulo poderá amar se “permanecer” no amor de Deus (v. 10). Um sinal concreto é o guardar os mandamentos, ou seja, agir sempre e unicamente movido pelo amor. E o agir a partir do amor traz uma clara consequência: “a alegria” (v. 11). A autêntica alegria que nasce do sentir-nos amados por Deus e de poder amar aos irmãos como o Senhor mesmo nos amou. Ele é a referência desse amor: “O meu mandamento é este: amem uns aos outros como eu amo vocês” (v. 12).
O mesmo texto ensina-nos como é que Jesus amou: deu sua vida, chama os discípulos de amigos, não servos; confia-lhes uma missão (vv. 13-16). Certamente, Jesus deu-lhes a conhecer tudo o que ouviu do Pai (v. 15). Portanto, como Filho de Deus, Jesus é pessoalmente o conteúdo completo da revelação, e agora os discípulos o conheceram; cabe-lhes, agora, torná-lo conhecido.
A iniciativa desse amor gratuito e até o extremo é de Deus. Ele amou-nos primeiro, precedeu-nos, sempre está adiante de nós. “Não foram vocês que me escolheram; pelo contrário, fui eu que os escolhi” (v. 16). Tal como o discípulo experimentou que Deus tomou a iniciativa para amá-lo, assim também pode e deve antecipar-se aos irmãos para amá-los e servi-los. Volta a aparecer a promessa que já fora feita em 15.7, de que tudo o que os discípulos pedissem receberiam (v. 16b), desde que permanecessem unidos a Jesus.
No v. 17, torna-se a insistir na referência ao mandamento do amor. No v. 9, afirmava-se o amor eterno do Pai para o Filho, do Filho para os discípulos; agora, com um imperativo, enfatiza-se a missão do discípulo: “O que eu mando a vocês é isto: amem uns aos outros” (v. 17). Cabe a cada leitor deste evangelho assumir e encarnar este convite em sua vida concreta e nos ambientes em que se move. Comece a amar e você descobrirá que tudo se transformará. Ame primeiro; tome a iniciativa de amar, inclusive a quem não lhe é simpático, e você notará a força que brota do Ressuscitado.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
A palavra deste domingo faz-nos um convite que muitos de nós já escutamos e, por isso, não é algo que nos surpreenda nem nos confronte radicalmente, embora não devesse ser assim. Trata-se do amor e da amizade que Jesus nos apresenta e nos propõe viver. Neste mundo cheio de amizades virtuais e de amores efêmeros e pouco respeitosos, a mensagem de Jesus questiona-nos em nossos sentimentos.
Não é comum unir nosso aprendizado espiritual com tudo o que vivemos em volta do que normalmente se chama amor, entendê-lo à maneira de Madre Teresa de Calcutá: “Amar até que doa”, ou como o apresenta o próprio Jesus no evangelho: “Dar a vida por seus amigos”. Isto nos soa bastante excessivo porque nos acostumamos a um amor bonito, ameno e que nos traz bem-estar geral. É hora de fazer uma experiência de amor diferente e ir em busca das pessoas que estão perto de nós, principalmente as que nos custa servir; isto implica sacrifício e morte pessoal, um passo que devemos dar por primeiro.
De modo igual, nossas relações sociais estão sendo marcadas pela experiência virtual; no entanto, o fenômeno resultante é a solidão. Por isso, é muito valioso favorecer o encontro pessoal, razão por que o Papa Francisco, em 2014, escreve: “Não basta circular pelas ‘estradas’ digitais, isto é, simplesmente estar conectados: é necessário que a conexão seja acompanhada pelo encontro verdadeiro. Não podemos viver sozinhos, fechados em nós mesmos. Precisamos amar e ser amados. Precisamos de ternura.”[3]
Agora perguntemo-nos:
Qual é meu conceito de amor? Posso tomar a inciativa para amar? Amo sem esperar nada em troca? Estou disposto a amar como Jesus me propõe? Amo somente a quem diz amar-me? Preferi dar maior atenção a meus contatos virtuais do que ao encontro com meus amigos próximos e com minha família?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Jesus,
não quero enganar-me:
o amor que me dás é o amor verdadeiro.
O fato de me chamares de amigo torna-me um de teus escolhidos,
e por isso quero agradecer-te.
Peço-te por aqueles a quem amo, pelos quais daria minha vida.
Ensina-me a ser fiel à amizade deles e à tua amizade;
Afasta de mim aqueles que, em nome do amor, querem prejudicar-me.
Peço-te por aqueles aos quais me custa amar;
ajuda-me a encontrar-te dentro de mim,
a fim de deixar fluir esse rio de amor que tu me dás,
e doá-lo segundo tua vontade.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Senhor, como teu amigo, também quero dar minha vida por ti.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Pense em alguém bem próximo de você, a quem você dedicou pouco tempo ultimamente (uma pessoa de sua família, um amigo de escola ou de trabalho) e comprometa-se a fazer um gesto especial para ele.
“Faça tudo por amor e para o Amor, aproveitando bem o tempo presente,
e não fique ansioso em relação ao futuro”.
Santa Margarida Maria Alacoque
[1] P. José Kentenich, Sacerdote Palotino, alemão, fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt.
[2] É licenciado em Teologia pela Faculdade de Teologia do Uruguai (2007). Atualmente é Secretário Executivo da Comissão Nacional da Animação Bíblica da Pastoral (Conferência Episcopal do Uruguai) e Delegado para a Animação Bíblica na Diocese de Flórida-Durazno.
[3]Mensagem do santo padre Francisco para o XLVIII dia mundial das comunicações sociais https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/messages/communications/documents/papa-francesco_20140124_messaggio-comunicazioni-sociali.html