Faz-nos entrar! (Lucas 14,15-24)
4 de novembro de 2014Alegria de ser encontrado! (Lucas 15,1-10)
6 de novembro de 2014“Grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele disse:
“Se alguém vem a mim, e não dá preferência mais a mim que ao seu pai, à sua mãe, à mulher, aos filhos, aos irmãos, às irmãs, e até mesmo à sua própria vida, esse não pode ser meu discípulo. Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo.
De fato, se alguém de vocês quer construir uma torre, será que não vai primeiro sentar-se e calcular os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, lançará o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso, começarão a caçoar, dizendo: ‘Esse homem começou a construir e não foi capaz de acabar!’
Ou ainda: Se um rei pretende sair para guerrear contra outro, será que não vai sentar-se primeiro e examinar bem, se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? Se ele vê que não pode, envia mensageiros para negociar as condições de paz, enquanto o outro rei ainda está longe.
Do mesmo modo, portanto, qualquer de vocês, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo.””
Há algum tempo, visitei a catacumba de Santa Cecília, em Roma. Ela é padroeira da música porque a posição que representam seus dedos parece a de tocar um dos instrumentos da época. No entanto, está representada professando a fé no Deus Uno e Trino, profissão de fé que lhe supôs a vida, como tantos dos primeiros mártires cristãos que lembramos ao visitar uma catacumba. Pessoas que encontraram o sentido pleno de viver na experiência de amor de Jesus, o Cristo. Eram amantes da vida, sobretudo porque a experiência de amor dava-lhes um sentido pleno para a vida. Nenhum deles foi à morte por desejar a morte. Ao contrário, todos os esquemas que os primeiros cristãos tinham para viver a fé tentavam proteger a vida dos membros da comunidade. No entanto, não deixavam de viver a sua fé por medo da morte, ou seja, viver profundamente o amor, o que chamava a atenção. E, uma vez descobertos e tendo a vida em risco, não negavam a sua fé. Que experiência de amor tão grande e plena era esta que os fazia vivenciar concretamente o que o salmista afirma: “Seu amor vale mais do que a vida!” (Sl 63,4).
Esta é a experiência à qual o Senhor nos convida. E só quem a faz é capaz de entender o Seu chamado neste Evangelho: dar preferência a Ele que a qualquer outro laço, inclusive a si mesmo. Experiência profunda e radical, mas para ser vivida no dia a dia, não apenas nas situações-limite. Aliás, só vivendo no dia a dia se será capaz de viver quando o momento pedir uma resposta mais radical. Quantas solicitações familiares e sociais acabam passando na frente do nosso seguimento! Quantas vezes damos respostas medíocres quando seria a hora de nos definir pelo caminho do Amor nesses meios, diante dos nossos próximos mais próximos! Quantas vezes não somos capazes de sair dos nossos próprios planos e vontades para viver o que o Senhor nos chama! Reconhecendo estes momentos, não questionar nosso cumprimento do dever, mas nosso alicerce de experiência do Amor. Que meios temos colocado para alimentá-la, para construir nossa vida sobre ela, de forma que quando a vida nos pedir respostas – e ela nos pede diariamente – formos capazes de optar pelo Amor, de também nós dizermos: “Seu amor vale mais do que a vida!”?
Diante de uma palavra tão forte do Senhor – “Qualquer de vocês, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo” – vamos aproveitar para visitar com Ele nossa torre e nosso exército, ou seja, nossa construção/alicerce e nossas forças, e pedir-lhe que nos dê cada vez mais a experiência do Seu amor e a sabedoria e discernimento para colocar os meios de firmar-nos nela, de forma que sua solidez nos leve às opções por Ele em nossa vida.
Tania Pulier, comunicadora social – Palavra Acesa Editora – Família Missionária Verbum Dei e pré-CVX Cardoner.