O Pai vive em mim e eu vivo no Pai (Jo 10, 31-42)
23 de março de 2018Então contarei à minha gente o que tens feito
25 de março de 2018Leitura: João 11, 45-56
Muitas pessoas que tinham ido visitar Maria viram o que Jesus tinha feito e creram nele. Mas algumas pessoas voltaram e contaram aos fariseus o que ele havia feito. Então os fariseus e os chefes dos sacerdotes se reuniram com o Conselho Superior e disseram:
— O que é que nós vamos fazer? Esse homem está fazendo muitos milagres! Se deixarmos que ele continue fazendo essas coisas, todos vão crer nele. Aí as autoridades romanas agirão contra nós e destruirão o Templo e o nosso país.
Então Caifás, que naquele ano era o Grande Sacerdote, disse:
— Vocês não sabem nada! Será que não entendem que para vocês é melhor que morra apenas um homem pelo povo do que deixar que o país todo seja destruído?
Naquele momento Caifás não estava falando por si mesmo. Mas, como ele era o Grande Sacerdote naquele ano, estava profetizando que Jesus ia morrer pela nação. E não somente pela nação, mas também para reunir em um só corpo todos os filhos de Deus que estão espalhados por toda parte.
Então, daquele dia em diante, os líderes judeus fizeram planos para matar Jesus. Por isso ele já não andava publicamente na Judeia, mas foi para uma região perto do deserto, a uma cidade chamada Efraim, e ficou ali com os seus discípulos.
Faltava pouco tempo para a Festa da Páscoa. Muitos judeus foram a Jerusalém antes da festa para tomar parte na cerimônia de purificação. Eles procuravam Jesus e, no pátio do Templo, perguntavam uns aos outros:
— O que é que vocês acham? Será que ele vem à festa?
Palavra da Salvação.
PISTA PARA A ORAÇÃO:
Os sinais de Cristo são fonte de alegria plena, mas também motivos de sua perseguição. O Evangelho de hoje começa sua narrativa relembrando um dos momentos mais marcantes da vida pública de Jesus: a ressurreição de Lázaro. Sem dúvida, trazer alguém morto de volta à vida é um dos mais significativos prodígios que Jesus realiza em seu ministério. Não simplesmente pelo caráter extraordinário do ponto de vista das leis naturais, mas também por toda carga simbólica e afetiva que este gesto traduz.
O sinal da ressurreição cativa muitos ao discipulado, mas atrai também uma turba de curiosos, céticos e arrogantes que, diante da boa obra realizada, não se deixam tocar pelo mistério, mas desejam enquadrar a ação carismática de Cristo em seus esquemas de poder, de uma política perversa e de hierarquias opressoras. A graça de Deus, sempre livre, bondosa e suave, é para aqueles que tem sede de dominação uma grande ameaça. Entende-se facilmente o medo dos fariseus e sumo-sacerdotes: se o povo passar a crer em Jesus, não se subordinará mais aos comandos autoritários que sustentam o status quo das elites político-religiosas. Onde a graça permeia dissolvem-se as estruturas de poder para que se edifiquem espaços do serviço.
Num mundo em que a identidade dos sujeitos se constrói a partir do apego às falsas imagens de autoridade e comando, à idolatria ao poder mesquinho e à postura legalista e ressentida dos burocratas, Jesus deve morrer. Não há espaço para o Cristo nas estruturas que impedem a espontaneidade do Espírito, na busca pela preservação de privilégios e na exploração das minorias empobrecidas e marginalizadas.
Jesus, nestes contextos, não pode atuar! Retira-se do meio do povo que, embora maravilhe-se com suas ações, permanece de coração fechado à sua palavra. As obras de Cristo não são o foco de seu ministério, mas materializam a Boa Nova do Reino de Deus, pela qual o Senhor dará sua vida. Paira, portanto, a insegurança sobre a presença do Senhor nos ritos Pascais. Virá Jesus para a grande festa da Vida Nova?
A história nos mostra que Cristo não somente participa da Páscoa, como a atualiza em seu Mistério Pascal. Paixão, Morte e Ressurreição tornam-se agora a nova páscoa dos cristãos. Promessa de uma libertação existencial muito mais ampla do que aquela prenunciada pelo fim da escravidão no Egito. Cristo mesmo é nossa festa! Ele é a Pascoa definitiva de toda a humanidade! Jesus não se junta aos festins dos poderosos e corruptos, que organizam suas ceias para confabular seus desvios e ostentar suas riquezas. A festa que ele propõe e participa é a da Vida em Plenitude, devolvida a Lazaro no sinal da ressurreição, mas acima de tudo, dada a cada um que acolhe em seu coração a sua Palavra e a põem em prática.
Reflitamos, portanto: na festa da minha vida, Jesus pode se fazer presente? Estou atrelado à uma cultura de dominação do outro, escárnio e inveja? Permito reconhecer nas obras de Cristo algo mais que meros milagres, mas sinais concretos do amor de Deus que me convida à abandonar as velhas práticas egoístas para me abrir aos demais? Por fim, tomo a opção preferencial de defender as pessoas ao meu redor ou troco a vida de meu irmão em prol da manutenção de estruturas políticas e hierárquicas que me favorecem?
Revisando sua vida, contemple as opções feitas por Maria de Nazaré. Ela que, para além de qualquer convenção moral ou busca por privilégio, escolheu o caminho sincero do discipulado. Maria nos ajudará para que não falte o bom Vinho de Cristo na festa de nossas vidas!
Boa oração
Matheus Cedric Godinho, Comunidade Santo Estanislau Kostka – CVX Curitiba