Oração (Lc 18, 1-8)
18 de novembro de 2017À beira do caminho
20 de novembro de 2017PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Vem, Espírito Santo, para que eu aprenda
a viver com liberdade interior.
Ajuda-me a desprender-me de meus planos
quando a vida os modificar.
Toca meu coração para que confie
em tua proteção amorosa.
Serás meu poderoso protetor
em meio a toda dificuldade.
Derrama em mim tua vida, intensa e harmoniosa,
para que não me oponha ao cansaço, ao desgaste, às mudanças,
e para que não busque falsas seguranças.
Que tua Palavra chegue a toda a minha vida
e se faça vida em mim e em minha comunidade.
Amém
TEXTO BÍBLICO: Mt 25.14-30
Os três empregados
Lucas 19.11-27
14Jesus continuou:
— O Reino do Céu será como um homem que ia fazer uma viagem. Ele chamou os seus empregados e os pôs para tomarem conta da sua propriedade. 15E lhes deu dinheiro de acordo com a capacidade de cada um: ao primeiro deu quinhentas moedas de ouro; ao segundo deu duzentas; e ao terceiro deu cem. Então foi viajar. 16O empregado que tinha recebido quinhentas moedas saiu logo, fez negócios com o dinheiro e conseguiu outras quinhentas. 17Do mesmo modo, o que havia recebido duzentas moedas conseguiu outras duzentas. 18Mas o que tinha recebido cem moedas saiu, fez um buraco na terra e escondeu o dinheiro do patrão.
19 — Depois de muito tempo, o patrão voltou e fez um acerto de contas com eles. 20O empregado que havia recebido quinhentas moedas chegou e entregou mais quinhentas, dizendo: “O senhor me deu quinhentas moedas. Veja! Aqui estão mais quinhentas que consegui ganhar.”
21 — “Muito bem, empregado bom e fiel”, disse o patrão. “Você foi fiel negociando com pouco dinheiro, e por isso vou pôr você para negociar com muito. Venha festejar comigo!”
22 — Então o empregado que havia recebido duzentas moedas chegou e disse: “O senhor me deu duzentas moedas. Veja! Aqui estão mais duzentas que consegui ganhar.”
23 — “Muito bem, empregado bom e fiel”, disse o patrão. “Você foi fiel negociando com pouco dinheiro, e por isso vou pôr você para negociar com muito. Venha festejar comigo!”
24 — Aí o empregado que havia recebido cem moedas chegou e disse: “Eu sei que o senhor é um homem duro, que colhe onde não plantou e junta onde não semeou. 25Fiquei com medo e por isso escondi o seu dinheiro na terra. Veja! Aqui está o seu dinheiro.”
26— “Empregado mau e preguiçoso!”, disse o patrão. “Você sabia que colho onde não plantei e junto onde não semeei. 27Por isso você devia ter depositado o meu dinheiro no banco, e, quando eu voltasse, o receberia com juros.”
— Depois virou-se para os outros empregados e disse: 28“Tirem dele o dinheiro e deem ao que tem mil moedas. 29Porque aquele que tem muito receberá mais e assim terá mais ainda; mas quem não tem, até o pouco que tem será tirado dele. 30E joguem fora, na escuridão, o empregado inútil. Ali ele vai chorar e ranger os dentes de desespero.”
1. LEITURA
Que diz o texto?
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
- · Que características tem cada uma das personagens? O que recebem de seu patrão?
- · O que faz cada um dos empregados com o dinheiro recebido?
- · Na hora da prestação de contas, que atitudes o patrão valoriza e quais rejeita?
- · O que quer dizer a advertência com a qual se conclui o relato?
Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini
A parábola começa justamente narrando as ações de um senhor ou patrão que, antes de empreender uma viagem, confia seus bens a seus empregados: são três e recebem quantidades diferentes de “talentos”, que eram uma medida de peso equivalente a 60kg de prata cada um. Se convertermos os talentos em moedas de prata, os empregados receberam aproximadamente: cinco mil, dois mil e mil, “de acordo com a capacidade de cada um”. Trata-se de somas consideráveis de dinheiro.
Em seguida, descrevem-se as ações dos três empregados. Os dois primeiros negociam “imediatamente” o dinheiro e obtêm o dobro de lucro. Em contrapartida, o terceiro esconde o dinheiro no campo, protegendo-o, segundo um costume comum no Oriente Médio naquele tempo.
O patrão regressa e dá início à “prestação de contas”. Os dois primeiros prestam contas dos ganhos obtidos e recebem o mesmo reconhecimento de seu senhor: “Muito bem, empregado bom e fiel; você foi fiel negociando com pouco dinheiro, e por isso vou pôr você para negociar com muito. Venha festejar comigo”.
O senhor reconhece-os como bons e fiéis no pouco, razão por que se fizeram merecedores de que se lhes fosse confiado muito mais, e de festejar com seu patão.
Em seguida vem a prestação de contas do terceiro empregado que inclui um diálogo com o patrão. O empregado começa descrevendo o patrão como alguém duro e extremamente exigente, a ponto de provocar temor; e é por isso que não arriscou o dinheiro, mas o guardou e o devolve sem juros. De acordo com os comentaristas, aquilo que o empregado diz a seu patrão, especialmente a última frase, soa como uma expressão desrespeitosa e irreverente para aquele tempo.
O patrão da parábola, ao proferir o julgamento, deixa claro que o que foi dito pelo empregado não passava de uma desculpa, e o chama de “mau e preguiçoso”.
Em contraposição à recompensa dos primeiros empregados – festejar com o patrão –, a sentença contra o terceiro é: “Joguem fora, na escuridão, o empregado inútil. Ali ele vai chorar e ranger os dentes de desespero”. Esta última expressão é comum em Mateus para referir-se ao castigo dos maus no juízo final.
O que o Senhor me diz no texto?
Tal como no domingo passado, Jesus nos convida a imaginar-nos a cena de nosso juízo final, do momento de prestar contas a Deus de nossa vida, de nossas ações. E o faz com a clara intenção de que esse momento final não nos surpreenda desprevenidos, mas bem preparados.
O evangelho de hoje nos ensina que na vida, humana e cristã, é preciso tomar decisões, agir, levar nossa fé à prática concreta. Somos convidados à fidelidade ativa em relação aos talentos recebidos. Neste sentido, a interpretação comum que o povo fiel faz desta parábola de hoje é válida: trata-se de um forte convite a colocar os talentos pessoais a serviço da comunidade, a serviço do Reino.
As moedas de prata ou talentos representam o que recebemos de Deus, ou seja, tudo. Portanto, referem-se aos dons naturais, morais e espirituais. Seria perda de tempo deter-se em comparações odiosos sobre quem recebeu mais ou quem recebeu um dom menor. O certo é que o Senhor deixou muito em nossas mãos para que demos frutos. Trata-nos como seres responsáveis e livres, capazes de arriscar criativamente o que nos deu, buscando o bem de todos.
O contrário é a atitude temorosa que esconde o dinheiro, disfarçando também a própria preguiça, seu conformismo medíocre. Se na ordem material pode acontecer que o que se conserva se preserva, não acontece o mesmo na ordem espiritual. Como se costuma dizer, na ordem espiritual não avançar é retroceder. E também se diz que a fé como a água: se não corre, apodrece.
É a dinâmica própria da Palavra de Deus, comparada por Jesus a uma semente semeada em um campo. Ela contém toda a potencialidade para florescer e dar fruto, mas necessita que o terreno do coração seja bom e dê sua contribuição; do contrário, toda a sua potência e energia ficariam frustradas.
O Papa Francisco explica esta parábola da seguinte maneira: “A segunda parábola, dos talentos, faz-nos meditar sobre a relação entre o modo como usamos os dons recebidos de Deus e a sua vinda, quando nos perguntará como os utilizamos. […] O cristão que se fecha em si próprio, que esconde tudo o que o Senhor lhe deu é um cristão… não é cristão! É um cristão que não dá graças a Deus por tudo o que recebeu! Isto diz-nos que a espera da volta do Senhor é o tempo da ação — nós vivemos no tempo da ação — o tempo no qual frutificar os dons de Deus, não para nós mesmos mas para Ele, para a Igreja, para os outros, o tempo no qual procurar fazer crescer sempre o bem no mundo. E em particular, nesta época de crise, hoje é importante não nos fecharmos em nós mesmos, enterrando o nosso talento, as nossas riquezas espirituais, intelectuais e materiais, tudo o que o Senhor nos concedeu, mas abrir-nos, ser solidários e atentos ao próximo. […] A vocês, que estão no início do caminho da vida, pergunto: vocês pensam nos talentos que Deus lhes concedeu? Pensam no modo como podem coloca-los a serviço dos outros? Não enterrem os talentos! Apostem em ideais grandes, nos ideais que ampliam o coração, nos ideais de serviço que fecundarão seus talentos. A vida não nos é concedida para que a conservemos ciosamente para nós mesmos, mas para que a doemos. Caros jovens, tenham uma alma grande! Não tenham medo de sonhar coisas grandes!”
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
- · Sou capaz de dizer quais são os talentos que o Senhor me confiou?
- · O que tenho feito com eles? Enterrei-os ou coloco-os a serviço?
- · Tenho projetos para minha vida e emprego os meios concretos para torná-los realidade?
- · Estou consciente de que o Senhor me pedirá contas dos dons que me confiou?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Obrigado pela confiança que tens em mim, Jesus.
Que eu não tenha medo nem me esquive das exigências.
Sabes que sou frágil, mas mesmo assim confias em mim.
Assusto-me, mas sempre ganhas.
Tremo, mas me sustentas.
Desenterra meus anseios mais profundos, pois são teus.
Aqui estão minhas mãos, meus pés, meus ouvidos, meu coração.
Faze o que mais sabes, Senhor: frutificar meus talentos para teu Reino.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, ajuda-me a fazer produzir os talentos que me confiaste”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, comprometo-me a compartilhar com alguém de minha família o talento que o Senhor me confiou.
“Quisera eu muito avisá-las de que procurem não esconder o talento, pois parece que Deus as quer escolher para proveito de outras muitas, em especial nestes tempos em que há falta de amigos fortes de Deus para sustentar os fracos.”
Santa Teresa de Ávila