Não tenham medo (Mc 6,45-52)
6 de janeiro de 2016O amigo se alegra (Jo 3,22-30)
9 de janeiro de 2016Certa vez Jesus estava numa cidade onde havia um homem que tinha o corpo todo coberto de lepra. Quando viu Jesus, o leproso se ajoelhou diante dele, encostou o rosto no chão e pediu:
— Senhor, eu sei que o senhor pode me curar se quiser!
Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse:
— Sim! Eu quero. Você está curado.
No mesmo instante a lepra desapareceu. Então Jesus lhe deu esta ordem:
— Escute! Não conte isso para ninguém, mas vá pedir ao sacerdote que examine você. Depois, a fim de provar para todos que você está curado, vá oferecer o sacrifício que Moisés ordenou.
Mas as notícias a respeito de Jesus se espalhavam ainda mais, e muita gente vinha para ouvi-lo e para ser curada das suas doenças. Porém Jesus ia para lugares desertos e orava.
Lendo o que o leproso disse, podemos perceber que ele tinha um bom conhecimento sobre quem era Jesus. Provavelmente ouviu falar de vários casos em que Jesus transformara a vida das pessoas. Talvez tivesse conhecimento do que aconteceu com o cego Bartimeu em Jericó, ou com aqueles dez leprosos, dos quais somente um estrangeiro voltou para agradecer, ou até mesmo ficou sabendo como a vida de Zaqueu se transformara após receber o Mestre em sua casa.
Assim como ele, nós também já ouvimos, já lemos, já rezamos, muitos destes encontros espetaculares de Jesus, nos quais aconteceram transformações radicais.
O que podemos aprender com a maneira como o leproso se aproximou? Como costumamos nos aproximar de Jesus?
Três coisas chama minha atenção e podemos utilizá-las para aprofundarmos em nossa oração.
Humildade. O leproso reconhece que está diante do Senhor.
Podemos pensar, com um olhar mais superficial, que aquele homem, sendo um leproso e, portanto, banido da convivência social, por causa das leis da época, já estava acostumado a se comportar desta forma humilde. Porém chama minha atenção o evangelista ter destacado que ele encostou o rosto no chão. A palavra humildade tem sua origem na palavra húmus, que significa exatamente o chão, a parte superior do solo, ou seja o material com que fomos formado. Ao se aproximar de Jesus, o leproso reconhece, neste gesto solene, que ele tem consciência de que foi formado do pó da terra e que sua vida depende da vontade do Altíssimo.
Por outro lado, não seríamos todos nós, em certo sentido, também leprosos? Não estamos, via de regra, cobertos por alguma lepra, falando em um sentido figurado?
Importa aqui, em nossa oração, reconhecer nossas falhas na tarefa de sermos semelhantes a Deus, senão corremos o risco de sermos como aquele fariseu que subiu para rezar junto com um cobrador de impostos (Lc 18, 9-14).
Fé. O leproso não tinha dúvidas de que Jesus poderia curá-lo.
Muitas vezes nos falta confiança quando nos aproximamos de Deus. Na verdade, nossa falta de confiança até nos impede de aproximar do Senhor.
Procuremos durante o dia de hoje viver profundamente a afirmação daquele leproso: “Senhor, eu sei que o senhor pode”.
Abandono. O leproso se abandona nas mãos do Senhor. O Senhor pode, se quiser.
Esta atitude é um fruto da fé. A confiança em Deus é tamanha que não se cobra a realização do pedido, mas deixa-se a cargo dele decidir se é apropriado ou não. O próprio Jesus fará isto em sua agonia no Monte das Oliveiras: “Porém que não seja feito o que eu quero, mas o que tu queres” (Lc 22, 42b).
Nós pedimos a Deus muito mais do que ouvimos o que Ele quer nos dizer. Além disso, costumamos pedir muitas coisas que não nos ajudará a sermos melhores, portanto não receberemos de Deus, pois Ele é um bom pai.
Rubem Alves dizia que via muitos anúncios de cursos de oratória, mas não via anúncios de cursos de escutatória e concluía que todo mundo quer aprender a falar, mas ninguém quer aprender a ouvir. Penso que após aprendermos a finalizar nossos pedidos a Deus com o complemento “se quiser”, também podemos desenvolver mais a escutatória das vontades de Deus.
Vem Espírito Santo e nos ajude a rezar como convém! Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte