Um ensinamento e uma profecia (MT 9, 14 – 17)
4 de julho de 2015A cura da mudez (Mt 9,32-38)
7 de julho de 2015Enquanto Jesus estava falando, um chefe aproximou-se, inclinou-se profundamente diante dele, e disse: “Minha filha acaba de morrer. Mas vem, impõe tua mão sobre ela e ela viverá”.
Jesus levantou-se e o seguiu, junto com os seus discípulos. Nisto, uma mulher que sofria de hemorragia há doze anos veio por trás dele e tocou a barra do seu manto. Ela pensava consigo: “Se eu conseguir ao menos tocar no manto dele, ficarei curada”. Jesus voltou-se e, ao vê-la, disse: “Coragem, filha! A tua fé te salvou”. E a mulher ficou curada a partir daquele instante.
Chegando à casa do chefe, Jesus viu os tocadores de flauta e a multidão alvoroçada, e disse: “Retirai-vos, porque a menina não morreu, mas está dormindo”. E começaram a caçoar dele. Quando a multidão foi afastada, Jesus entrou, tomou a menina pela mão, e ela se levantou. Essa notícia espalhou-se por toda aquela região.
Na minha oração, fui levado a perceber a crescente constatação dos poderes de Jesus nas leituras que fizemos da semana passada até hoje, do evangelho segundo Mateus.
Na terça feira, dia 30/06, lemos: “Os homens ficaram admirados e diziam: ‘Quem é este homem, que até os ventos e o mar lhe obedecem?’” (Mt 8,27). Jesus controla as forças da natureza.
Na quinta feira, dia 02/07, lemos: “O que é mais fácil, dizer: ‘Os teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te e anda’?” (Mt 9, 5). Jesus age por dentro, limpando nossos pecados e nos reerguendo para vivermos com dignidade.
Hoje, a leitura nos apresenta Jesus como o Senhor da vida: “Minha filha acaba de morrer. Mas vem, impõe tua mão sobre ela e ela viverá”.
Enquanto caminha, para resgatar a vida daquela menina, Jesus se defronta com a realidade de quem está perdendo a vida pouco a pouco.
Duas situações tão distintas e tão urgentes. De um lado, a filha de alguém importante, um chefe, está morta. De outro, uma mulher marginalizada, perdendo a vida pouco a pouco, arrasta-se na esperança de ser atendida no seu desejo mais íntimo de se curar, de voltar a viver plenamente.
É encantador perceber que Jesus está atento a tudo! Nada lhe escapa. Ele se volta, olha para aquela mulher e lhe diz o quanto ela é importante também: “Coragem, filha!”.
Isto chamou a minha atenção: Jesus tratar a mulher como filha. Assim, Ele igualava a condição daquela mulher à condição da filha do chefe. Ora, se Ele estava a caminho de fazer reviver a filha do chefe, não iria também atender à sua própria filha?
Podemos, neste momento, independentemente da situação que estejamos vivendo, parar um pouco, colocarmo-nos na posição daquela mulher e ouvirmos também: coragem, filho(a)! No silêncio de nosso coração, sentirmos a alegria de ser filhos e, por isso, termos coragem de enfrentar as situações que necessitamos enfrentar.
Jesus empodera a mulher, pois diz a ela que sua fé a salvou. Agora, depois de ser curada, ela podia ter a certeza que possuía algo muito importante e poderoso: sua fé. Jesus não só devolve a saúde à mulher, mas também lhe restitui a confiança em si e a autoestima.
Neste momento de oração, em que nos aproximamos de Jesus e tocamos na barra de seu manto, abrimos a possibilidade de ter nossa confiança e autoestima revigoradas, afinal, somos filhos. Em silêncio, deixemos que o Espírito nos revele e nos mostre isso.
Jesus chega à casa do chefe, toma a menina pela mão, e ela se levanta.
Na atitude de tomar a menina pela mão, dois aspectos chamam a minha atenção. Primeiramente, percebo que Jesus participa diretamente para transformar as realidades. Ele se compromete. Ele toca nossas fraquezas, nossas dificuldades, para transformá-las. Então, cabe perguntar em nosso íntimo: o que está morto em nós e que precisa ser revivido? Assim como o chefe chamou Jesus para fazer reviver sua filha, também nós podemos chamá-lo para tocar aquilo que está morto em nós e que desejamos seja revivido.
Depois, percebo também que somos convidados a participar da mesma dinâmica. As situações difíceis que nos são apresentadas no dia a dia precisam de nossa participação para que se resolvam. Não há como esperar mudanças se nós não assumirmos o compromisso de colocarmos nossas mãos, nosso tempo, nosso esforço, na trasnformação da realidade.
Jesus é o Senhor da vida, pois é plenamente possuído de amor. Amor que se coloca a serviço de tudo e de todos. Amor que pode controlar as forças da natureza, respeitando o ambiente em que se vive e cuidando dele. Amor que restaura a dignidade dos que sofrem, perdoa suas faltas e restitui a vida ao que já estava morto.
Nesses dias que vivemos em meio à polêmica discussão da redução da maioridade penal, fiquei imaginando: qual seria a postura de Jesus e, por conseguinte, qual deve ser a nossa, que o queremos seguir?
Sim, vivemos uma situação difícil, não temos como negar que os índices de criminalidade são muito altos, contudo, a oração de hoje me leva a refletir e perceber que reduzir a maioridade penal é ir na contramão da atitude de Jesus, que se comprometeu com seu tempo e esforço para resgatar a vida, restituir a dignidade e promover os que sofrem. Antes de tudo, devemos pensar em qual é ou tem sido nosso esforço para transformar a realidade dura e sofrida de tantos jovens que estão à margem de nossa sociedade.
Que Maria, querida mãe, ajude-nos a perceber o carinho de seu filho por todos nós. Que o Espírito Santo nos ilumine, fortaleça-nos e nos dê o discernimento necessário para seguirmos as pegadas que Jesus deixou para nós. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte