Eu vos digo: não jureis de modo algum. Mt 5,33-37
17 de junho de 2017Deus do segredo
21 de junho de 2017Leitura: Mateus 5, 43-48
Jesus dizia aos seus discípulos:
— Vocês ouviram o que foi dito: “Ame os seus amigos e odeie os seus inimigos.“ Mas eu lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês, para que vocês se tornem filhos do Pai de vocês, que está no céu. Porque ele faz com que o sol brilhe sobre os bons e sobre os maus e dá chuvas tanto para os que fazem o bem como para os que fazem o mal. Se vocês amam somente aqueles que os amam, por que esperam que Deus lhes dê alguma recompensa? Até os cobradores de impostos amam as pessoas que os amam! Se vocês falam somente com os seus amigos, o que é que estão fazendo de mais? Até os pagãos fazem isso! Portanto, sejam perfeitos, assim como é perfeito o Pai de vocês, que está no céu.
Oração:
Jesus está sobre a montanha e ensina aos seus amigos. Lá, no alto, Ele fala do que é mais alto em seu ensinamento. Ele fala daquilo que, lá no pé da montanha, nas cidadelas daquele tempo, parece não fazer sentido viver. É preciso ter isso em mente quando começo a oração. Tenho de levar o meu coração para o alto da montanha, para perto de Jesus, a fim de que os ouvidos da minha mentalidade e dos meus sentimentos estejam abertos para a escuta verdadeira.
No tempo de Jesus, já havia o mandamento de amar os seus amigos. Porém, não era preciso amar os inimigos. Ora, são inimigos. Jesus inova sem discrição: “Amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês”.
À oração de hoje, podemos trazer todos aqueles por quem não nutrimos bons sentimentos. Pessoas que odiamos talvez, mas também aqueles que simplesmente não amamos. As pessoas a quem somos indiferentes. Aqueles que nos causam raiva, desgosto, asco. Aqueles que dificultam nossa vida, que nos perseguem. Todos que nos impedem de amar e ter paz são “inimigos”. É difícil trazê-los à oração. Na oração, queremos estar a sós com o Pai, esquecer que existem essas pessoas que nos tiram a paz e a alegria. Mas Jesus convida. Tragam os inimigos. Tragam os perseguidores.
Na oração, Jesus pede que eu olhe para essas pessoas. Que eu olhe, porém, com outros olhos. Não os meus, que já estão viciados e marcados pelo passado. Jesus pede ao Pai que Ele me empreste os olhos d’Ele. E aí me diz: olhe com outros olhos… Quando estou com os olhos do Pai, o passado não se esvai, os sentimentos não desaparecem simplesmente. Mas os olhos do Pai têm outra lente: “Faço brilhar sobre bons e maus o sol! Dou chuva aos que fazem o bem e aos que fazem o mal! Por isso sou perfeito. Aí a minha inteireza. O que tentam tirar de mim não se me tira. Continuo sempre Todo”.
Quando olho com os olhos do Pai, consigo sentir mais amor e menos ódio, indiferença, raiva ou rancor. Consigo ver todos como filhos errantes que caminham, com maior ou menor resistência, para o Abraço daquele que é pródigo em amar. Jesus me convida: “Não é tão fácil, mas seja perfeito como o Pai é perfeito. Ame o desamor. Não revide. Não persiga quem o persegue. Torne-se filho daquele que já é seu Pai…”
Espírito, peço-lhe a luz que me ajudará a ser cada vez mais filho… cada vez mais próximo do Filho. Peço-lhe a chance de amar cada vez mais como o Pai, com o olhar que Ele tem. Peço-lhe seu auxílio, indispensável inspiração para que eu não retribua ao ofensor com ofensa. Peço-lhe a lembrança de tantos que souberam amar… Francisco, Teresinha, Madre Teresa e tantos outros que, embora não lembrados, não se esqueceram de amar. Peço-lhe a força para amar até ser inteiro. Até o amor ser tudo que posso sentir.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte