PREPARAÇÃO ESPIRITUAL

 

 

 

Vem a mim, Espírito Santo,

Espírito de sabedoria:

dá-me visão e audição interiores

para que não me apegue às coisas materiais,

mas busque sempre as realidades do Espírito.

Vem a mim, Espírito Santo,

Espírito de amor;

faze com que meu coração

seja sempre capaz de mais caridade.

Vem a mim, Espírito Santo,

Espírito de Verdade:

concede-me chegar ao conhecimento da verdade

em toda a sua plenitude.

Vem a mim, Espírito Santo,

água viva que leva à vida eterna:

concede-me a graça de chegar

a contemplar o rosto da misericórdia, Jesus Cristo,

na alegria e na vida sem fim.[1]

 

 

A Palavra da vida

¹No começo aquele que é a Palavra já existia. Ele estava com Deus e era Deus. ²Desde o princípio, a Palavra estava com Deus. ³Por meio da Palavra, Deus fez todas as coisas, e nada do que existe foi feito sem ela. ⁴A Palavra era a fonte da vida, e essa vida trouxe a luz para todas as pessoas. ⁵A luz brilha na escuridão, e a escuridão não conseguiu apagá-la.

⁶Houve um homem chamado João, que foi enviado por Deus ⁷para falar a respeito da luz. Ele veio para que por meio dele todos pudessem ouvir a mensagem e crer nela. ⁸João não era a luz, mas veio para falar a respeito da luz, ⁹a luz verdadeira que veio ao mundo e ilumina todas as pessoas.

¹⁰A Palavra estava no mundo, e por meio dela Deus fez o mundo, mas o mundo não a conheceu. ¹¹Aquele que é a Palavra veio para o seu próprio país, mas o seu povo não o recebeu. ¹²Porém alguns creram nele e o receberam, e a estes ele deu o direito de se tornarem filhos de Deus. ¹³Eles não se tornaram filhos de Deus pelos meios naturais, isto é, não nasceram como nascem os filhos de um pai humano; o próprio Deus é quem foi o Pai deles.

¹⁴A Palavra se tornou um ser humano e morou entre nós, cheia de amor e de verdade. E nós vimos a revelação da sua natureza divina, natureza que ele recebeu como Filho único do Pai.

¹⁵João disse o seguinte a respeito de Jesus:

— Este é aquele de quem eu disse: “Ele vem depois de mim, mas é mais importante do que eu, pois antes de eu nascer ele já existia.”

¹⁶Porque todos nós temos sido abençoados com as riquezas do seu amor, com bênçãos e mais bênçãos. ¹⁷A lei foi dada por meio de Moisés, mas o amor e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. ¹⁸Ninguém nunca viu Deus. Somente o Filho único, que é Deus e está ao lado do Pai, foi quem nos mostrou quem é Deus.

 

 

Mest. Leonardo Mongui Casas[2]

 

ü  Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…

 

No princípio, quem existia? Com quem estava e quem era Aquele que é a Palavra? Como se chama o homem enviado por Deus? Este homem foi enviado para quê? Qual é o privilégio dos que acreditam?

 

 

Algumas pistas para compreender o texto:

 

Neste primeiro domingo do ano, deparamo-nos com um dos grandes hinos cristológicos dentre os que contamos na Escritura. O evangelista concentra seu olhar em três elementos:

 

1. A Palavra de Deus, Jesus, existe desde o princípio (João 1.1-11)

 

Desde os primeiros momentos do cristianismo primitivo, vai-se assegurando a certeza de que Jesus é Deus e existe desde sempre, como o testemunha este belo hino. João, em seus escritos, insiste fortemente em que Jesus é a “Palavra” viva do Pai (João 1.1,14; 1João 1.1; Apocalipse 19.13).

Desde modo, Jesus revela-se como a origem e a razão de tudo quanto existe. Ele é o Filho de Deus e é a palavra criadora (comparar com Gênesis 1.1-26; Salmo 33.6).

A presença da Palavra é sinal de vida (João 1.4) e luz (v. 9) em meio de tudo o que existe e se encontra em nítida oposição com as trevas que significam a presença do mal em meio à harmonia da criação. De igual modo, o termo “mundo” (João 1.10) tem, neste evangelho, o duplo significado de criação de Deus e de referência àqueles que se opõem à sua obra de salvação.

 

2. A encarnação do Filho de Deus cumpre a promessa messiânica (vv. 12-15)

 

“A Palavra se tornou um ser humano e morou entre nós” (v.14) – este versículo está no centro da mensagem. Jesus não é somente um profeta, nem apenas mais um mestre dentre os que foram enviados por Deus ao longo da história; Jesus é Deus que se faz homem para tornar-nos “filhos de Deus” em seu amor. Jesus é gerado pelo Pai em Maria e, com ele, a humanidade inteira nasce para uma nova vida.

 

3. Conhecer Jesus é conhecer o Pai (vv. 16-18)

 

A presença do Messias no mundo é o cume da revelação; a imagem imperfeita que o povo de Israel foi gestando no decorrer dos séculos recebe a plenitude no nascimento de Jesus. Com sua presença podemos ver a Deus (João 14.9), diferentemente de nossos antepassados que não podiam vê-lo sem que morressem (Êxodo 33.20). Jesus não vem abolir a lei (Mateus 5.17) mas dar-lhe cumprimento pleno a partir do amor e da verdade (João 1.17). Assim, portanto, é por meio de Cristo que temos a graça de conhecer realmente quem é Deus e descobrir o plano de salvação que tem para cada um de nós.

 

 

 

 

 

O Evangelho de hoje nos recorda que ao entrar em contato com a Palavra estamos na presença de Jesus. Não é algo mágico, nem fantasioso; é Jesus quem nos fala cada vez que escutamos um texto da Bíblia. Jesus está presente quando, em nosso quarto, a sós, ou em nossa comunidade, meditamos e oramos textos bíblicos. Bem por isso, ao ficarmos iluminados pelo próprio Jesus e à luz de suas palavras é que devemos ir, como João, dar testemunho do que nos foi concedido viver.

O Papa Bento XVI diz-nos: “Jesus é a Palavra viva de Deus. Quando ensinava, as pessoas reconheciam em suas palavras a mesma autoridade divina, sentiam a proximidade do Senhor, seu amor misericordioso, e louvavam a Deus. Em todos os tempos e lugares, quem tem a graça de conhecer Jesus, especialmente através da leitura do santo Evangelho, fica fascinado por ele, reconhecendo que em sua pregação, em seus gestos, em sua Pessoa, ele nos revela o verdadeiro rosto de Deus e, ao mesmo tempo, revela-nos a nós mesmos, faz-nos sentir a alegria de ser filhos do Pai que está no céu, indicando-nos a base sólida sobre a qual devemos edificar nossa vida.

Contudo, com frequência, o homem não constrói seu agir, sua existência sobre esta identidade, mas prefere as areias das ideologias, do poder, do sucesso e do dinheiro, pensando encontrar neles a estabilidade e a resposta para a irreprimível exigência de felicidade e de plenitude que traz em sua alma. E nós, sobre o que queremos construir nossa vida? Quem pode responder verdadeiramente à inquietude de nosso coração? Cristo é a rocha de nossa vida! Ele é a Palavra eterna e definitiva que não deixa temer nenhum tipo de adversidade, de dificuldade, de enfermidade (cf. Verbum Domini, 10). Que a Palavra de Deus impregne toda a nossa vida, nosso pensamento e nossa ação!”.[3]

 

 

 

Continuemos nossa meditação com estas perguntas:

 

Reconheço em minha Bíblia o meio pelo qual Jesus me fala? Que quer dizer a Bíblia quando afirma que Jesus é princípio e fim da criação? Escuto a Palavra de Deus na mensagem do Evangelho? Busco crescer em minha fé para dar testemunho sem temor?

 

 

 

 

Senhor,

novamente me chamas pelo nome,

me convocas à tua comunidade

e me convidas a proclamar,

a todos os meus irmãos e irmãs,

a palavra de vida

que semeias, dia após dia, em minhas entranhas.

Que teu Espírito me acompanhe

em todo momento e circunstância,

para que meus lábios e meu coração

te anunciem, com alegria e ternura,

como a boa notícia da libertação

neste mundo que anseia e que busca.

Que com minha palavra e testemunho

eu saia urgentemente ao encontro

dos que buscam uma vida mais digna,

de todos os que desejam e precisam de proximidade,

saúde e trabalho, justiça e paz,

diálogo e fraternidade, vida…[4]

 

Jesus, és a Palavra feita carne e habitas em meio a nós.

 

Lerei um versículo diferente deste Evangelho (João 1.1-18) todos os dias.

Buscarei e meditarei cada dia sua mensagem.

“Desta amizade com Jesus nascerá também o impulso que leva a dar testemunho da fé nos mais diversos ambientes, inclusive lá onde há rejeição ou indiferença”.

Bento XVI

 

 

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