Experiência de vida e missão (Marcos 16, 9-15)
11 de abril de 2015Nascer da água e do Espírito (Jo 3,1-8)
13 de abril de 2015LECTIO DIVINA
Segundo Domingo de Páscoa ou da Divina Misericórdia – Ano B
12 de abril de 2015
“Deem graças a Deus, o Senhor, porque ele é bom
e porque o seu amor dura para sempre.”
Salmo 118.1
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, estimula-nos,
para que trabalhemos santamente.
Espírito Santo, atrai-nos,
para que amemos as coisas santas.
Espírito Santo, inspira-nos,
para que pensemos santamente.
Espírito Santo, fortalece-nos,
para que defendamos as coisas santas.
Espírito Santo, ajuda-nos,
para que não percamos jamais as coisas santas.[1]
TEXTO BÍBLICO: João 20.19-31
Jesus aparece aos discípulos
20Naquele mesmo domingo, à tarde, os discípulos de Jesus estavam reunidos de portas trancadas, com medo dos líderes judeus. Então Jesus chegou, ficou no meio deles e disse:
— Que a paz esteja com vocês!
21Em seguida lhes mostrou as suas mãos e o seu lado. E eles ficaram muito alegres ao verem o Senhor. 22Então Jesus disse de novo:
— Que a paz esteja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês.
22Depois soprou sobre eles e disse:
— Recebam o Espírito Santo.
23Se vocês perdoarem os pecados de alguém, esses pecados são perdoados; mas, se não perdoarem, eles não são perdoados.
Jesus e Tomé
24Acontece que Tomé, um dos discípulos, que era chamado de “o Gêmeo”, não estava com eles quando Jesus chegou. 25Então os outros discípulos disseram a Tomé:
— Nós vimos o Senhor!
Ele respondeu:
— Se eu não vir o sinal dos pregos nas mãos dele, e não tocar ali com o meu dedo, e também se não puser a minha mão no lado dele, não vou crer!
26Uma semana depois, os discípulos de Jesus estavam outra vez reunidos ali com as portas trancadas, e Tomé estava com eles. Jesus chegou, ficou no meio deles e disse:
— Que a paz esteja com vocês!
27Em seguida disse a Tomé: — Veja as minhas mãos e ponha o seu dedo nelas. Estenda a mão e ponha no meu lado. Pare de duvidar e creia!
28Então Tomé exclamou:
— Meu Senhor e meu Deus!
29— Você creu porque me viu? — disse Jesus. — Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram!
A finalidade deste Evangelho
30Jesus fez diante dos discípulos muitos outros milagres que não estão escritos neste livro. 31Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Messias, o Filho de Deus. E para que, crendo, tenham vida por meio dele.
1. LEITURA
Que diz o texto?
P. Daniel Kerber[2]
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Por que os discípulos se reuniam a portas fechadas? O que aconteceu enquanto os discípulos estavam reunidos? O que disse e o que fez Jesus quando os viu? Que poder Jesus deu a seus discípulos? Que disse Tomé quando soube que os discípulos haviam visto Jesus? Que disse Jesus a Tomé? Que respondeu Tomé?
Algumas considerações para uma leitura proveitosa…
Neste segundo domingo de Páscoa nos são apresentados os primeiros encontros do Ressuscitado com seus discípulos contidos no evangelho de João.
O texto tem três partes: na primeira (vv. 19-25), Jesus encontra-se com os discípulos, estando ausente Tomé, e mesmo que eles lhe anunciem a ressurreição de Jesus, ele não acredita. Na segunda (vv. 26-29), Jesus aparece novamente, desta vez estando Tomé presente no grupo dos discípulos. A terceira parte é constituída pelos vv. 30-31, que são a conclusão de todo o evangelho.
Na tarde do domingo, Jesus faz-se presente à sua comunidade. A ênfase dada às portas fechadas indica o medo dos discípulos, mas também mostra que isso não é impedimento para que Jesus se apresente. Sua presença ressuscitada já não pode ser detida com “portas fechadas”.
A primeira coisa que Jesus faz é dar-lhes a paz: “Que a paz esteja com vocês!”. Estas palavras não são apenas uma saudação, mas fruto de sua vitória, que se deu em sua entrega na cruz. Ele próprio, que é a paz (cf. Ef 2.14), apresenta-se a sua comunidade, como se lhe dissesse: “Eu, que sou a paz, estou com vocês”.
A reação dos discípulos é de alegria, e Jesus segue adiante: mostra-lhes os sinais de sua crucifixão nas mãos e no lado: é Ele mesmo; em seguida, envia-os. A presença de Jesus ressuscitado não permite fixar-se nessa “paz” que o Senhor dá; ao contrário, sua presença é missionária; por isso, envia seus discípulos na força de seu Espírito. E se o ser humano havia começado a existir pelo sopro de Deus insuflado em suas narinas (Gn 2.7), agora é o ressuscitado que sopra e faz de seus discípulos novas criaturas, com a mesma vida do Ressuscitado (o Espírito Santo representado no sopro) que inunda a comunidade pascal.
Os discípulos anunciam a mensagem da ressurreição a Tomé, mas este reluta em crer.
Oito dias mais tarde, ou seja, no domingo seguinte (o autor está a dizer-nos que este dia é o dia do Senhor, no qual ele “aparece” à sua comunidade), novamente estão os discípulos reunidos, e Tomé está com eles. Jesus aparece e dirige-se diretamente a Tomé; sem repreendê-lo, oferece-lhe os sinais de sua presença, de modo que Tomé confessa sua fé. Ali Jesus lhe fala, transmitindo uma mensagem que é dirigida mais ao leitor do que ao próprio Tomé: “Você creu porque me viu? Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram!” (v. 29). Esta bem-aventurança está destinada aos leitores que não tinham visto o Ressuscitado, e por isso também a nós, que não o vimos, mas cremos. Esta fé é fonte de felicidade e de alegria.
Por fim, nos vv. 30-31, o autor dá a chave de interpretação de todo o evangelho. Na primeira parte do evangelho (caps. 1–11), Jesus havia realizado muitos sinais para despertar e confirmar a fé de seus discípulos. Todo o evangelho foi escrito para aprofundar a fé, e esta fé é portadora de vida: “E para que, crendo, tenham vida por meio dele”.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Nossa resposta perante Jesus Ressuscitado deve ser de alegria ao crer que o Senhor está vivo em meio a nós; não devemos fechar-nos diante do mundo e de seus desafios, mas entrar nele cheios de confiança, porque Jesus nos abre as portas para que sejamos capazes de ir ao encontro desse mundo, cheios de paz e de alegria, e assim, ser portadores dos dons do Ressuscitado. A alegria da Páscoa não pode ficar apenas em nós. Essa experiência deve ser anunciada com nossa vida em cada momento e lugar em que nos encontrarmos. A passagem da emoção da ressurreição para a realidade do envio que Jesus realiza com seu sopro faz-nos avançar nessa experiência única de ressuscitados. É maravilhoso como Jesus nos chama para continuar a missão que Ele mesmo cumpriu por vontade do Pai; para que façamos nossa parte, ele nos capacita dando-nos a paz e seu Espírito, fazendo de nós homens e mulheres propagadores da boa nova.
Sempre é Jesus quem toma a iniciativa para que o conheçamos e o sigamos. E assim como no relato, o Senhor Ressuscitado convida Tomé a dissipar suas dúvidas para que creia, de modo igual, nesta Páscoa, Jesus convida-nos a que, com a ajuda do Espírito, desfaçamos as dúvidas que talvez tenhamos tido quando nos pregaram sobre Ele. O convite de Jesus é para dar esse passo, a fim de que sejamos contados entre os que, sem ver os acontecimentos extraordinários, cremos no amor que Deus nos tem em seu Filho vivo e atuante. Ele manifesta-se a nós diariamente nos acontecimentos simples de nossa existência e, assim, fortalece nossa fé. A leitura da Palavra de Deus vai levar-nos por esse caminho, no qual vamos descobrindo o agir de Deus em nossas vidas. Nós somos chamados a ser testemunhas de Jesus Ressuscitado, para que outros creiam.
Agora perguntemo-nos:
Jesus ressuscitado nos trouxe a paz: nós a experimentamos? Temos sentido a alegria de crer em ver? Se temos dúvidas de fé, quais são? O que fazemos para enfrentá-las? A que nos compromete o ter fé? Como senti o sopro de Jesus ressuscitado? A que Jesus me envia hoje?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Jesus,
dentro de mim encontro muito de teu discípulo Tomé,
desconfiado e necessitado de tua presença.
Minha fé também é débil fadiga diária para chegar a Ti,
para estar contigo, para sentir tua presença em mim.
Senhor, necessito de teu amor,
tua proximidade que compreende minha fé débil.
Preciso que ao toque de minha mão
em tua mão e em teu lado, teu amor me vença
e me jogue com infinita ternura em teus braços,
confessando que sou teu/tua, e que Tu és meu:
“Meu Senhor e meu Deus”.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Jesus, tua ressureição infunde-me fé e força para partilhar o amor que me deste.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Partilhe seu testemunho de Jesus Ressuscitado com algum amigo/amiga que, como Tomé, tem dificuldade em crer na Ressurreição.
Nunca deixe que nada o encha de tanta dor ou tristeza,
Que chegue a fazer com que você se esqueça da alegria de Cristo ressuscitado”.
Beata Madre Teresa de Calcutá
[1] Santo Agostinho.
[2] É sacerdote da Arquidiocese de Montevidéu (Uruguai) e administrador paroquial da Paróquia de são Alexandre de são Pedro Claver. Colabora também com as Sociedades Bíblicas Unidas no trabalho de tradução da Bíblia para as línguas indígenas e prestou serviço como “auditor” para o Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja (2008). É membro da equipe de apoio da escola bíblica do Cebipal (Centro Bíblico para a América Latina, do CELAM).