Fé e perseverança (Mt 15, 21-28)
3 de agosto de 2016Quem perder a vida por causa de mim vai encontrá-la (Mt 16,24-28)
5 de agosto de 2016Oração é situar-nos com todo o nosso ser diante do Senhor e deixar que Ele nos encontre. No início da nossa oração, vamos desconectar-nos das preocupações, do celular, das distrações. Respirar profundamente por um tempo, inspirando… expirando… e fazendo-nos conscientes da presença do Senhor, do Outro que nos chama ao encontro.
É Ele quem nos pergunta, como fez aos discípulos: “Quem o povo diz que o Filho do Homem é?” “E vocês? Quem vocês dizem que eu sou?” O povo falava algo muito bom de Jesus: “Alguns dizem que o senhor é João Batista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum outro profeta.” Os profetas eram pessoas enviadas por Deus para denunciar as injustiças e o que tirava a vida e anunciar a vontade de Deus para o povo. Algo muito bom, portanto. Elias, então, era considerado o maior dos profetas. João Batista também tinha grande consideração pela sua coerência.
Pedro, no entanto, dá um passo a mais que faz toda a diferença: “O senhor é o Messias, o Filho do Deus vivo.” Jesus não é “um”, é “O”. Ele é Aquele a quem todos esperavam. Ele não é algum profeta, ainda que o maior deles. É O Filho. É Ele quem salva, é dEle que vem toda a vida, é Ele quem instaura o Reinado de Deus. Proclamar Jesus como o Messias é deixar que Ele tome o senhorio sobre as nossas vidas. Não vou simplesmente dar ouvidos a algumas coisas que aprendo com ele, em meio a tudo o que vivo, como um profeta. Vou deixar que toda a minha vida seja referenciada a Ele e vá em seu seguimento. “Já não sou eu quem vivo, é Cristo quem vive em mim”, afirmava Paulo, alguém que fez experiência e, a partir dela, começou a confessar Jesus como o Messias.
E eu? Na prática, quem digo que Jesus é? Um profeta? Alguém bom ou muito bom que às vezes escolho, às vezes não; às vezes dou ouvidos, outras não; vivo momentos com Ele e outros buscando vida e alegria em outras fontes. É, assim, uma fonte entre outras na minha vida, ainda que a principal? Ou é o Messias, o Filho do Deus vivo? Experimento que só dEle vêm a vida e o amor que tanto procuro? Experimento que só Ele “tem palavras de vida eterna”, que não preciso mais esperar a outro? Ou ainda me vejo à espera muitas vezes de uma palavra, um olhar, um reconhecimento, um gesto de amor? Experimento-me como alguém que encontrou a fonte, vive com ela e pode deixá-la para outros sedentos, ou como um entre os que passam sede por um pouquinho de água viva?
A partir da experiência de Pedro, Jesus lhe confia a missão. A missão é pesada demais quando Jesus é um profeta para nós. Fora da experiência do Messias, a pastoral, o anúncio, fazer o bem, perdoar torna-se um fardo. Quando o Senhor é Quem é em nossas vidas, dá-nos uma solidez capaz de ser rocha na Igreja, de dar sustentação onde estamos pela firmeza que Seu Amor nos dá. Torna-nos capazes de abrir a porta desta experiência para muitos outros, como Pedro.
Mesmo em meio das nossas contradições. O mesmo Pedro que confessou Jesus como Messias negou o seu caminho de Mistério Pascal. Foi preciso que Jesus o situasse no devido lugar, atrás dele, em seu seguimento, e não dizendo a Ele o que fazer. Também a nós, muitas vezes, o Senhor precisa parar em seco. “Alto lá, que você está saindo com a sua! Atrás de mim! Dando os passos que dou, não numa autossuficiência que deseja marcar sozinho o caminho!”
Que bom que isto não invalida o chamado! Que bom que o Senhor não retira seu Amor.
Peçamos a Ele que nos dê a experiência do encontro com Ele como Ele é de fato, o Messias, o único Senhor. E que ela nos ajude a cada vez segui-lo mais e abrir portas para outros.
Tania Pulier, comunicadora social, membro da Família Missionária Verbum Dei e da pré-CVX Cardoner