27/02/21 (Sábado da 1ª semana da Quaresma) Mt 5,43-48 – “Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito!”

• Leitura: O que o texto diz?

Lendo este belo trecho do Evangelho de Mateus, você pode imaginar Jesus reunindo os discípulos e ensinando acerca de uma forma mais radical de amar. Jesus conhecia intimamente aqueles que chamou para o seguir. Imagine Jesus olhando profundamente para cada um deles. Um olhar de quem acolhe e ama. Tal olhar profundo surpreende os discípulos, porque os enche de uma paz plena. Ao estar com eles, o Mestre ensina com a própria vida o que o projeto de Deus quer: a salvação de todos. Ele, ao conversar com seus discípulos, parte da realidade de vida de cada um. Eles estão com os corações abertos e sedentos das palavras de vida eterna. Jesus quer livrar os discípulos da superficialidade das relações humanas baseadas nas retribuições: “amo a quem me ama e o que isso pode me proporcionar”. É o amor de entrega que Jesus quer ensinar para os seus, com suas histórias e imperfeições a serem tocadas pela perfeição do amor encarnado. Retome o texto com calma e perceba o que se pode ainda mais descobrir.

• Meditação: O que o texto me diz?

Depois de experimentar esse momento junto com Jesus e seus discípulos, perceba como é estar na presença do mestre e amigo, deixando-se amar gratuitamente e incondicionalmente. Imagine se Deus nos amasse por causa dos nossos méritos ou o que poderíamos fazer para impressionar a Ele para termos o seu amor? Deus não seria Deus e nós estaríamos nos enganando profundamente. No Evangelho de Mateus, Jesus quer que sua comunidade, os discípulos, vivam a plenitude do amor. O seu mandamento: “Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem” é surpreendente em razão das práticas limitadas entre as pessoas da sociedade da época. Por mais que seja surpreendente e até violento para alguns esse mandamento, sabemos que Deus não faz acepção de pessoas, já que “faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos”. Ou seja, Deus ama a todos e quer que todos se salvem. A busca para viver esse mandamento nos faz filhos e filhas de Deus. No tempo de Jesus, cobradores de impostos, pagãos e tantos outros amavam os que retribuíam da mesma forma. Seguir Jesus requer uma mudança de mentalidade. Deve-se amar gratuitamente sem esperar retribuições e sem expectativas vãs. O que a perfeição do amor tem a me falar mais?

• Oração: O que o texto me faz dizerּ?

Acolhendo a palavra no mais profundo do coração, perceba o que ela faz você responder a Deus. Talvez você deve ter imaginado como ficou o rosto dos discípulos diante de tal mandamento de Jesus. Isso lhe gerou questionamentos acerca de como você ama a Deus e o próximo. É o momento de expressar a sua verdade. Talvez brote do coração: “Senhor, ensina-me a amar a partir do amor que tens por mim!” Ou simplesmente: “Quero amar as pessoas que pensam diferente de mim!” Ou ainda: “Tu és a fonte do amor perfeito que me faz amar sem alimentar expectativas das pessoas que me magoaram de alguma forma!” Partindo das inquietações que o texto bíblico gerou mim, o que desejo falar para Deus nesse momento?

• Contemplação: O que Deus, através do texto, faz em mim?

No silêncio, deixe Deus agir, germinando sua Palavra na terra do seu coração.  É o momento de acalmar nossos pensamentos, medos, questionamentos. É hora de abandonar-se nas mãos de Deus.  É hora de contemplar o amor, que vem ao seu encontro. Sinta-se como um filho, uma filha infinitamente amado (a) por Deus. Deixe-se envolver pela presença do Senhor que te acolhe do jeito que você é: com toda sua história, suas lutas e imperfeições.  Recorde Jesus amando seus discípulos ao estar com eles, olhando no mais profundo de seus olhos. Ele é o mestre que nos ensina o amor do Pai.

• Ação: Que gestos concretos a Palavra de Deus me impulsiona a fazer?

O que a Palavra de Deus me faz agir concretamente na vida? Não esqueça que a partir de sua decisão, movida pela ação de Deus, Ele lhe mostrará onde e como será necessário amar e rezar pelas com as pessoas que fazem parte de sua vida. A ação nunca será coação ou mera obrigação. Será, na verdade, um ato de adesão, de entrega ao amor do Pai que está lhe inserindo no caminho de perfeição durante a vida, pois essa é vontade do nosso Deus: “que sejamos perfeitos no amor”.

Ir. Edmilton de Almeida Lima, INJ

*Membro do Instituto Religioso Nova Jerusalém. Pós-graduado em Formação para Vida Religiosa pelo Instituto São Tomás de Aquino (ISTA-BH). Graduando em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE-BH). Graduado em sociologia pela UFC.