João 20,2-8
27 de dezembro de 2018“Felizes são aqueles que de ti recebem forças”
30 de dezembro de 2018Depois que os visitantes foram embora, um anjo do Senhor apareceu num sonho a José e disse:
— Levante-se, pegue a criança e a sua mãe e fuja para o Egito. Fiquem lá até eu avisar, pois Herodes está procurando a criança para matá-la.
Então José se levantou no meio da noite, pegou a criança e a sua mãe e fugiu para o Egito. E eles ficaram lá até a morte de Herodes. Isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito por meio do profeta: “Eu chamei o meu filho, que estava na terra do Egito.”
Quando Herodes viu que os visitantes do Oriente o haviam enganado, ficou com muita raiva e mandou matar, em Belém e nas suas vizinhanças, todos os meninos de menos de dois anos. Ele fez isso de acordo com a informação que havia recebido sobre o tempo em que a estrela havia aparecido. Assim se cumpriu o que o profeta Jeremias tinha dito:
“Ouviu-se um som em Ramá,
o som de um choro amargo.
Era Raquel chorando pelos seus filhos;
ela não quis ser consolada,
pois todos estavam mortos.”
Espírito Santo, doador da fé, sustentação do nosso amor e consolação de nossas aflições, seja nosso guia neste momento em que nos colocamos em oração, iluminando-nos e nos ensinando.
Este relato do evangelho é chocante! Ele tem o poder de nos deixar estarrecidos. Como pode um homem ser tão apegado ao poder e agir com tanta frieza? Como pode um homem não possuir nenhuma consideração para com tantos inocentes, principalmente em se tratando de crianças tão novinhas?
Custamos a crer que possa existir um homem assim!
Há poucos dias, celebramos o Natal. Também nos é difícil crer em um Deus que se faz criança, um bebê, totalmente frágil e dependente. Não somente uma criança, mas uma criança nascida e colocada numa manjedoura, quase que sem nenhuma proteção, a não ser dos cuidados de seus zelosos pais.
De um lado, o amor total, entregando-se até às últimas consequências, gerando vida. Do outro lado, o que realmente é contrário ao amor: o poder, impondo-se até às últimas consequências, provocando mortes.
Acredito que ninguém que está lendo este texto tenha a loucura de Herodes e nem a loucura de Deus. Mas estamos aí, entre esses dois opostos, ora buscando o amor e querendo nos entregar por Ele, ora sendo consumidos pelo exercício do poder, querendo impor algo a alguém. De um lado, está a vida, do outro, está a morte.
Por certo, devemos nos proteger, necessitamos manter nossa dignidade, nossa condição de sustento, de moradia, de educação e tudo aquilo que é necessário ao nosso desenvolvimento humano e espiritual. Os sábios, visitantes do Oriente, perceberam a manobra de Herodes e foram embora sem nada lhe falar. Não compactuaram com os planos do rei. Mantiveram-se íntegros. José, sempre atento à voz de Deus, fugiu para o Egito, protegendo o menino Jesus e Maria. Manteve-se fiel ao plano de Deus.
Nós estamos no mundo e precisamos ficar atentos, escutando atentamente a voz de Deus a nos guiar, não compactuando com projetos de sustentação do poder a qualquer custo.
É muito doloroso perceber que inocentes pagam a conta da disputa pelo poder. Às vezes, só nos resta rezar, para que Deus dê a eles o conforto, pois não podemos fazer nada. Outras vezes, percebemos que, de alguma forma, contribuímos para este mal e, então, cabe a nós o arrependimento sincero e o pedido de perdão. Deus sempre perdoa. Inúmeras outras vezes, sentimos-nos omissos. Às vezes, sem saber como agir ou covardemente acomodados. A oração com a Palavra é um caminho para encontrar a luz de como agir e o incentivo para sairmos da acomodação.
Hoje, em nossa oração, podemos trazer os casos de inocentes, principalmente crianças, que sofrem por causa de uma sociedade que ainda não consegue estabelecer uma paz que traga segurança e bem estar social a todas as pessoas. Coloquemos essas vítimas diante de Deus e peçamos por elas e também por nós, para que sejamos tocados a trabalhar, da maneira que for possível, no bairro, na escola ou na comunidade em que vivemos, de tal forma a construir uma sociedade mais justa, humana e fraterna.
Trago, para minha oração, o menino Marcos Vinícius da Silva, de 14 anos que, em junho deste ano, foi assassinado durante uma operação policial no Complexo de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro e, antes de falecer, perguntou à sua mãe: “Ele não me viu com a roupa de escola?”.
Deus, em sua infinita misericórdia, receba o menino Marcos e todos os inocentes que têm sofrido e morrido no mundo, pela nossa incapacidade de viver o amor completo. Amém!
Despedida
Queridas leitoras e queridos leitores,
A atual equipe que escreve as orações deste site, de segunda-feira a sábado, encerra neste mês suas atividades de evangelização por aqui. Hoje, como estou postando meu último texto, gostaria de agradecer pelo tempo em que vocês nos acompanharam e nos incentivaram, às vezes com comentários e, tantas outras vezes, com orações. Apesar de não nos encontrarmos mais neste espaço, espero continuar unido a cada um de vocês, em oração e no profundo desejo de seguir as pegadas de amor deixadas por Jesus Cristo.
Que Deus nos abençoe a todos! Um forte e fraternal abraço.
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte