Estende a mão! (Lucas 6, 6-11)
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Naquela ocasião Jesus subiu um monte para orar e passou a noite orando a Deus. Quando amanheceu, chamou os seus discípulos e escolheu doze deles. E deu o nome de apóstolos a estes doze: Simão, em quem pôs o nome de Pedro, e o seu irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu; Simão, o nacionalista; Judas, filho de Tiago; e Judas Iscariotes, que foi o traidor.
Jesus desceu do monte com eles e parou com muitos dos seus seguidores num lugar plano. Uma grande multidão estava ali. Era gente de toda a Judeia, de Jerusalém e das cidades de Tiro e Sidom, que ficam na beira do mar. Eles tinham vindo para ouvir Jesus e para serem curados das suas doenças. Os que estavam atormentados por espíritos maus também vieram e foram curados. Todos queriam tocar em Jesus porque dele saía um poder que curava todas as pessoas.
Oração:
Hoje, podemos rezar com três cenas do evangelho.
Na primeira cena, vemos Jesus em oração. Conta Lucas que ele subiu um monte e passou a noite toda conversando com Deus, a quem, sabemos, Jesus falava com intimidade: “Pai”. A imagem de Jesus no alto do monte, sozinho de homens para estar melhor na companhia de Deus, é visão que me inspira e convida: “vá também, de vez em quando, para lugar onde ninguém importunará; escolha horário em que não haverá outras vozes; um lugar onde seja possível sentir-se mais próximo de Deus e nem por isso mais longe dos homens”. No alto do monte, Jesus ouvia o Pai e via os homens, mulheres e crianças lá embaixo… nesse momento da oração, aceitemos o convite a estar com Ele nesses momentos de privilegiado silêncio ou peçamos a Ele a oportunidade para viver esses momentos.
Na segunda cena do evangelho, Jesus chamou alguns daqueles que caminhavam com ele para serem apóstolos. A palavra “apóstolo” significa “enviado”. Da conversa com o Pai, Jesus sai decidido a chamar para muito perto de si algumas pessoas que, depois, ao longo da missão, ele mesmo enviaria. Cada um de um contexto, com uma instrução, com distinta capacidade de ser fiel, como o desenrolar da história da vida de Jesus vai nos mostrar. Havia ali homens corajosos, de muito amor, mas, dentro desses mesmos homens, muita incompreensão sobre os planos de Jesus, muita incapacidade para um amor maior e para pensar as coisas do alto… Jesus os chamou mesmo assim e eles “toparam” mesmo assim. Ao contemplar essa cena, talvez possamos trazer à memória os momentos de nossa vida em que pareceram mais claros os chamados de Deus: quem éramos naquela época? Quem era Ele para nós? Qual foi o caminho até aqui? Entendo mais dos planos d’Ele? Ouço melhor a sua Voz? Decepciono-me? Alegro-me? Traio? Nego? Tento amar apesar de tudo? Quem sou hoje? Quem é Ele hoje para mim?
A terceira cena do evangelho é o encontro de Jesus e seus amigos com a multidão que, num lugar plano, esperava por Jesus: queriam vê-lo, ouvi-lo e tocá-lo. Saía de Jesus um poder que curava todas as pessoas: os doentes e os atormentados por espíritos maus. Hoje, Jesus está também nos lugares planos, mas justamente pela presença de seus apóstolos – os seus enviados. Lugar plano é todo lugar onde a conversa com Deus – a intimidade com o Pai – não é o que mais se pode esperar ou não é fácil de acessar, como se dá no monte. No fim da oração de hoje, podemos pedir ao Espírito que nos ajude no discernimento: em quais lugares planos, onde o sopro de Deus não é tão óbvio, Ele deseja que eu seja apóstolo? Como apóstolo, quais são as doenças e espíritos maus que sou chamado a combater? Quais multidões eu vejo? De que sofrem? Sai de mim uma força capaz de ser alívio ou sinto-me esgotado, impossibilitado, travado…?
As palavras da Palavra são muito bonitas: não se sabe o que Jesus sentiu quando viu tantas pessoas… teria titubeado e ficado impressionado com o número dos que sofriam? Teria tido certeza, de antemão, de que conseguiria curar todas elas? Ou tinha dúvidas? Lucas diz apenas que “todos queriam tocar em Jesus porque dele saía um poder que curava todas as pessoas”. Talvez, como apóstolos, não tenhamos de ser quem avalia a situação e calcula… como enviados, talvez tenhamos de imitar quem envia: subir ao monte, falar com o Pai, descer ao lugar plano e deixar que toquem a nossa vida. Quem sabe também de nós não sairá um poder que cura. Quem sabe de nós não sairá um dia desses muito amor.
João Gustavo Henriques de Morais Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte