“Depois venha e me siga”
23 de maio de 2016Quem quiser ser grande seja aquele que serve
25 de maio de 2016Leitura: Marcos 10, 28-31
Aí Pedro disse:
— Veja! Nós deixamos tudo e seguimos o senhor.
Jesus respondeu:
— Eu afirmo a vocês que isto é verdade: aquele que, por causa de mim e do evangelho, deixar casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras receberá muito mais, ainda nesta vida. Receberá cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos, terras e também perseguições. E no futuro receberá a vida eterna. Muitos que agora são os primeiros serão os últimos, e muitos que agora são os últimos serão os primeiros.
Oração:
Ontem vimos o jovem rico afastar-se tristemente de Jesus, pois talvez não quisesse se desfazer de seus bens para segui-Lo. Hoje, nossa oração começar com a fala de Pedro, que parece ter medo de que Jesus se esqueça do quanto seus discípulos abandonaram para seguirem-no. “Veja! Nós deixamos tudo e seguimos o senhor”. Pedro lembra a medida do que deixou: “tudo”! Será que Jesus não percebia? “Veja!”.
A resposta de Jesus, à primeira vista, parece dirigir-se a pouquíssimos. Está falando apenas aos que podem e têm vontade de deixar seus lares, irmãos, pais e países para se dedicar à construção do Reino? Ou suas palavras podem encontrar terra fértil na vida de cada cristão?
Parece-me que Jesus fala para todos os cristãos. Parece-me que seu convite é mais amplo que o suposto. O movimento de “deixar” é possível e oportuno para muitos e não apenas para os que podem levar a vida ao molde dos discípulos de outrora. O “deixar”, embora nem sempre se viva externamente, sempre pode ser vivido, ainda que internamente, ainda que na adoção de uma postura e de uma perspectiva novas para a vida.
Há, de fato, muitas coisas que podem nos prender e impedir de construir o Reino. Os pais desejam que os filhos percorram um caminho, os irmãos influenciam as experiências dos irmãos, os filhos são álibi perfeito para pais que querem focar somente em suas famílias, nossa casa e nossa terra representam nossos refúgios, lugares de conforto e segurança, de domínio e certezas.
Jesus afirma que os que deixarem, em nome d’Ele e do Evangelho, terão mais pessoas de quem cuidar – filhos –, mais pessoas com quem sonhar e com quem se aconselhar – pais –, mais pessoas com quem partilhar a vida – irmãos –, novos lugares de discurso, de conforto, de segurança e refúgio – casas e terras. A amplitude que esse caminho de abandono permite alcançar, adverte Jesus, não é isento de perseguições. E não espanta! Muitas vezes, para a lógica do mundo, as necessidades do Reino são irrelevantes. Para o mundo, louvável é concentrar-se no que é seu e somente nisso – MINHA casa, MEUS pais, MEUS filhos, MEUS irmãos, MEU país…
Nossa oração nos guie por um caminho em que o “deixar”, o abandono e o esvaziamento são lidos como a possibilidade de chegar a novas paisagens, de abraçar variadas vidas e encher-se de novas experiências.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte