“Este é meu filho amado. Escutai-o”
6 de agosto de 2020“Se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda…”
8 de agosto de 2020Sexta-feira, 07/08: 18ª semana do Tempo Comum
Mt 16,24-28
Leitura:
Procure ler o texto lentamente, atento a cada palavra e expressão. Guarde o trecho que mais lhe chamar a atenção.
O trecho do Evangelho que meditamos hoje é o conhecido discurso de Jesus: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”. A exortação de Jesus aos que o ouviam é um chamado de atenção. Nós não podemos nos salvar sozinhos. Seremos julgados pelo Pai de acordo com aquilo que realizamos e aí então é Ele quem decidirá se merecemos a salvação, a vida definitiva. Tudo aquilo que parecemos perder aqui, nesta vida, é garantia de alcançar o que realmente é valioso: a retribuição do Senhor.
Meditação:
O que o texto diz para mim, hoje, a partir da situação pela qual tenho passado (minhas alegrias, tristezas, desafios, conquistas)?
Não devemos tratar o Evangelho com interesse, mas é precisamente de retribuição que o trecho do Evangelho de Mateus hoje nos fala. Jesus promete àqueles que o escutam – ontem e hoje – que toda renúncia será retribuída com o mais valioso presente: a salvação. Jesus não deixa de ensinar que seu caminho exige renúncias: quem quiser segui-lo, deve, antes de tudo, já pegar a sua cruz. É assim para todo aquele que deseja seguir Jesus. As nossas cruzes são diferentes, mas sempre existem. Sempre há rejeição para aquele que decide seguir Jesus: seja uma dificuldade na missão, seja a rejeição dos familiares e amigos, seja a dureza de coração daqueles que escutam nosso anúncio… as cruzes existem, sempre. No entanto, o que Jesus diz a seguir é um descanso para os que o escutam – e especialmente para o nosso tempo, que nos deixa cada dia mais ansiosos para resolver nossos problemas e “dar um jeito” na nossa vida. Jesus diz: “quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la. De fato, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro mas perder a sua vida?” Em nosso tempo, tudo quer nos ensinar que somos donos da nossa própria vida, que tudo se compra e que não devemos tolerar nenhum tipo de dor. No Reino de Deus, a lógica é diferente: é o Senhor o dono de nossas vidas, por isso devem ser para ele todas as nossas ações; nossa vida não se compra, mas se ganha de volta após doá-la em favor dos outros; as dores que vêm do caminho de discipulado são as cruzes que temos que carregar, que às vezes pesam, mas nos aproximam de Jesus. Podemos viver uma vida inteira de esforço para conseguir um bom emprego, sustentar nossa família, comprar uma casa própria, adquirir um carro, enfim… mas pela nossa vida não podemos pagar, a não ser perdendo-a para depois encontra-la em Deus. Mas como se perde a vida em favor de Jesus? Não é deixando-se levar pelo mal que há em nosso mundo, certamente. Mas Jesus mesmo ensinou que ninguém toma a sua vida: é ele quem a dá, livremente. Assim também nós devemos doar livremente a nossa vida aos irmãos, ao anúncio do Evangelho, à vivência da misericórdia… de modo que ela não será mais nossa – nós a perdemos – mas será do Reino de Deus e um dia voltará eternamente a nós pelas mãos do Senhor.
Oração:
A partir da Palavra meditada, apresente ao Senhor a gratidão de seu coração e também seus pedidos.
Peçamos ao Senhor no dia de hoje a coragem de tomar a nossa cruz e doar a nossa vida. Peçamos que ele nos faça ver o sentido que há na renúncia e na livre doação em favor dos irmãos. Que o Senhor nos desperte para a consciência de que a rejeição que hoje enfrentamos unem a nossa humanidade à dele e dão sentido à nossa entrega, fazendo com que ela espelhe a mesma luz que emana de sua própria entrega. Que o Senhor nos mostre, com sua sabedoria, cada cruz que devemos carregar e cada vez em que devemos ajudar os nossos irmãos e suportarem suas cruzes diárias.
Contemplação:
A palavra meditada precisa também tornar-se ação. Como viver o que meditamos em nossa vida? Pense em ações concretas que possam surgir da meditação do dia de hoje.
Iluminados pela Palavra que meditamos, possamos pensar em quais ações iremos tomar a partir dela, a fim de que possamos contemplar a Palavra do Senhor tornando-se viva em nosso caminho. Quem sabe possamos fazer uma revisão de vida, identificando aqueles medos que ainda temos, aquelas situações que temos evitado mas que fariam parte do nosso caminho de discipulado? Às vezes percebemos que há situações e pessoas que precisam de nossa mão estendida, mas ainda nos é difícil doar um espaço da nossa vida para que ali o Evangelho seja anunciado – porque é difícil, é desafiador, nos desinstala e dá a impressão de que estamos perdendo a nossa vida. Estejamos certos de que de novo a encontraremos em Jesus!
Mariana Aparecida Venâncio (Juiz de Fora – MG)
Leiga, Teóloga, especialista em Sagrada Escritura, mestra em Literatura Brasileira e doutoranda em Estudos Literários. Oferece cursos bíblicos para paróquias das dioceses de Juiz de Fora, Leopoldina, São João Del Rei e Caratinga, em Minas Gerais.