Leitura: Marcos 16, 15-18

Então Jesus disse:

— Vão pelo mundo inteiro e anunciem o evangelho a todas as pessoas. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. Aos que crerem será dado o poder de fazer estes milagres: expulsar demônios pelo poder do meu nome e falar novas línguas; se pegarem em cobras ou beberem algum veneno, não sofrerão nenhum mal; e, quando puserem as mãos sobre os doentes, estes ficarão curados.

Oração:

“Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado”. Como é desafiador rezar com esta Palavra num tempo de tanta intolerância religiosa. Como é necessário ouvir a voz do Espírito para entender que Jesus não está incentivando qualquer forma de ação missionária em seu nome, mas uma verdadeira evangelização.

Na oração, várias perguntas surgem. Um judeu, que não reconhece em Jesus o mais eminente representante do Pai, mas ora e faz a vontade do Pai, não estará salvo? Um muçulmano, só por ter noutro profeta o cume de sua fé, está condenado, mesmo rezando, agindo bem e crendo no Deus do Antigo Testamento? Um budista está condenado porque não crê com bases na cultura judaico-cristã, mesmo praticando, por mandamentos de outra essência espiritual, o que Jesus aconselhou? E o hinduísta? E o agnóstico? E o ateu? Será que Jesus era tão vaidoso a ponto de desejar que se perseguissem todos que, mesmo vivendo conforme seus ensinamentos, não cressem n’Ele? Será que, mesmo não tendo pedido perseguição contra essas pessoas, a elas negará eternamente sua amizade porque, devido a infindáveis causas, não viram n’Ele a salvação? Será Jesus a limitar o amor do Pai, que quer chegar a todos os filhos de todos os tempos e lugares, independentemente de haver crença ou determinada fé?

Na oração, vem-me somente uma resposta: não, não, não, não…

Vejo Jesus corrigindo seus discípulos, que tinham repreendido um homem que expulsara demônios em Seu nome, mas sem segui-Lo (Mc 9, 38-40), e O ouço dizendo que “quem não é contra vós está a vosso favor”.

As conversas com Jesus nos revelem a humildade d’Ele, a fim de que em nossa vida de fé também adotemos esta postura, que é a única capaz de nos levar ao verdadeiro diálogo com todas as religiões e também com os que não creem.

João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte