Não atirar a pedra…
23 de março de 2015“Alegra-te!”
25 de março de 2015Leitura: João 8, 21-30
Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: ‘Eu parto e vós me procurareis, mas morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou, vós não podeis ir.’ Os judeus comentavam: ‘Por acaso vai se matar? Pois ele diz: ‘Para onde eu vou, vós não podeis ir’?’ Jesus continuou: ‘Vós sois daqui de baixo, eu sou do alto. Vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo. Disse-vos que morrereis nos vossos pecados, porque, se não acreditais que eu sou, morrereis nos vossos pecados.’ Perguntaram-lhe pois: ‘Quem és tu, então?’ Jesus respondeu: ‘O que vos digo, desde o começo. Tenho muitas coisas a dizer a vosso respeito, e a julgar também. Mas aquele que me enviou é fidedigno, e o que ouvi da parte dele é o que falo para o mundo.’ Eles não compreenderam que lhes estava falando do Pai. Por isso, Jesus continuou: ‘Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que eu sou, e que nada faço por mim mesmo, mas apenas falo aquilo que o Pai me ensinou. Aquele que me enviou está comigo. Ele não me deixou sozinho, porque sempre faço o que é de seu agrado.’ Enquanto Jesus assim falava, muitos acreditaram nele.
Oração:
“Quem és tu, então?” A pergunta dos fariseus pode ser a nossa pergunta na oração de hoje. Jesus estabelece um abismo entre aqueles que creem que Ele é e os que não creem. Para crer é preciso fazer a pergunta dos fariseus, que muito lembra o próprio questionamento de Jesus em Marcos 8, 29, quando pergunta aos seus discípulos quem eles diziam que Ele era. Ao menos devido a essas duas passagens pode-se dizer que questão fundamental da fé cristã está na pergunta sobre a identidade de Jesus. Quem é Ele?
“Jesus, o maior administrador que já existiu”. “Jesus, o mestre da sensibilidade”. “Jesus, o maior empreendedor que já existiu”. “Jesus, o maior psicólogo que já existiu”. “Jesus, o maior conhecedor da mente humana”. Jesus, Jesus, Jesus… O marketing psicológico e empresarial oferece diversas visões sobre Jesus, sem qualquer preocupação com óbvias limitações. Esse mercado da auto-ajuda também não oferece títulos mais condizentes com as autodeclarações de Jesus, como “Jesus, o Filho do Pai”, ou algo mais honesto com a história, como “Jesus, um injustiçado”, ou “Jesus, um mestre fora (ou o único de fato dentro) da lei”, ou “Jesus, um pobre errante, irreverente, revoltado e questionador”.
Não importa o que digam. Tal qual dito aos discípulos, Jesus nos pergunta: “Quem dizeis que eu sou?”. Nós, como os fariseus, podemos perguntar-Lhe “Quem és tu, então?” E deixar, na oração, que Ele nos responda com profundidade e tempo.
Das auto-afirmações de Jesus, talvez a do Evangelho de João 14, 6 seja a mais bonita. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Não se diz de um caminho, de uma verdade, de uma vida. Diz-se tudo com pronome definido. Além do mais, três substantivos que falam das perguntas mais essenciais ao homem. O que é a verdade? Qual o caminho devemos tomar? Que tipo de vida é boa? No fundo, é como se o Pai olhasse com carinho para as inquietações dos vários primeiros filósofos e dissesse: “Vamos lá responder-lhes de perto”.
Caminho. Qual caminho? “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me.” (Mc 8, 34). Verdade. “Ninguém vai ao Pai senão por mim” (João 14, 6). Vida. “Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância!” (João 10, 10).
Que as palavras de Jesus nos levem a conhecê-Lo e, daí, a estar ao seu lado.
João Gustavo H. M. Fonseca, estudante de Direito na UFMG e membro da Família Verbum Dei de Belo Horizonte