PREPARAÇÃO ESPIRITUAL

Senhor, estamos aqui, reunidos em teu nome,

para escutar tua Palavra de vida

em nossa realidade de todos os dias

 e na realidade da Bíblia.

Queremos que teu Espírito nos ilumine e guie,

para que tua voz não nos passe despercebida,

para que ressoe com força e capte nosso coração,

para que ruminemos com gosto o que hoje nos dizes,

para que encontremos sabor em tua Boa Nova.

Que a escuta de tua Palavra nos desvele um pouco mais,

através da reflexão, do diálogo e do silêncio,

e que nos ajude a ver-te na realidade cotidiana,

para que possamos viver, todos os dias,

com a esperança e a alegria firme

de ter-te ao nosso lado.[1]

Jesus e os mestres da Lei

Mateus 23.1-36; Lucas 20.45-47

³⁸Ele dizia ao povo:

— Cuidado com os mestres da Lei! Eles gostam de andar para lá e para cá, usando capas compridas, e gostam de ser cumprimentados com respeito nas praças; ³⁹preferem os lugares de honra nas sinagogas e os melhores lugares nos banquetes. ⁴⁰Exploram as viúvas e roubam os seus bens; e, para disfarçarem, fazem orações compridas. Portanto, o castigo que eles vão sofrer será pior ainda!

A oferta da viúva pobre

Lucas 21.1-4

⁴¹Jesus estava no pátio do Templo, sentado perto da caixa das ofertas, olhando com atenção as pessoas que punham dinheiro ali. Muitos ricos davam muito dinheiro. ⁴²Então chegou uma viúva pobre e pôs na caixa duas moedinhas de pouco valor. ⁴³Aí Jesus chamou os discípulos e disse:

— Eu afirmo a vocês que isto é verdade: esta viúva pobre deu mais do que todos. ⁴⁴Porque os outros deram do que estava sobrando. Porém ela, que é tão pobre, deu tudo o que tinha para viver.

P. Antonino Cepeda Salazar[2]

ü  Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…

Em relação a quem os discípulos devem ser cuidadosos? O que buscam os mestres da lei? Por que serão castigados? Para onde Jesus estava olhando? Quanto valiam as moedas da viúva? Quem colocou mais dinheiro nos cofres, inclusive o que tinha para viver?

Algumas pistas para compreender o texto:

Percebem-se três momentos no breve relato. No primeiro, Jesus indica o que é preciso evitar: a atitude dos mestres da lei (vv. 38-40); no segundo, o que é preciso imitar: a atitude da pobre viúva (vv. 41-42); finalmente, o ensinamento aos discípulos (vv. 43-44).

É preciso evitar a ambição e o desejo de prestígio. Jesus ensina uma lição a seus discípulos, não com discursos, mas convidando-os a observar a viúva pobre que colocou algumas moedas de pouco valor, mas que eram tudo o que tinha para viver. Os escribas confiam em si mesmos, são ambiciosos e orgulhosos; por outro lado, a mulher viúva, pobre, confia totalmente em Deus.

A acusação de Jesus contra os escribas é muito dura: devoram os bens das viúvas e fingem rezar muito. O Senhor Jesus reprova em várias ocasiões os escribas e os fariseus, porque são conhecedores da lei e com ela sobrecarregam os outros, mas não a praticam. Ou, em todo caso, Jesus chega a dizer que se pode escutá-los, mas não imitar suas obras. Chama-os de hipócritas, e agora adverte que se tenha cuidado com eles, porque são presunçosos, soberbos e orgulhosos. E descreve-os como o oposto do que Jesus pede a seus discípulos.

Jesus contrasta tudo isso com a pobre viúva. Ela pôs toda a sua confiança em Deus e é extremamente generosa. Ela precisa da ajuda dos outros para viver; no entanto, dá tudo o que tem. Enquanto os ricos dão do que lhes sobra, mantendo-se em sua situação privilegiada, aquela mulher dá tudo e esperará a morte.

A viúva e o órfão representam as pessoas que Deus prefere por serem desprotegidas. Em vários momentos, temo-nos sentido tão vulneráveis, que nossa fé nos leva a apresentar tudo sobre o altar, até o de que necessitamos para viver. Também somos convidados por Jesus a ser humildes, principalmente a pôr nossa confiança em Deus, pois, como discípulos missionários, devemos dar testemunho de nossa confiança nele.

O Papa Francisco faz também o convite da seguinte maneira: “’A viúva foi ao templo para adorar a Deus, para dizer ao Senhor que ele está acima de tudo e que ela o ama’”. Sente que deve fazer um gesto pelo Senhor e dá tudo que tinha para viver. E este seu gesto é algo mais do que generosidade, é outra coisa. Escolhe bem: somente o Senhor. Porque se esquece de si mesma. Podia dizer: mas, Senhor, tu sabes que preciso disto para o pão de hoje… E essa moeda voltaria para o bolso. Ao contrário, escolheu adorar o Senhor até o fim.

Confiar na fidelidade do Senhor: é uma opção – disse o Papa – ‘que também nós temos a oportunidade de fazer em nossa vida cristã’. Às vezes, trata-se de ‘uma opção grande, difícil’. Na história da Igreja, e também em nosso tempo, há momentos, mulheres, idosos e jovens que fazem esta escolha. Percebemos isso ‘quando conhecemos a vida dos mártires, quando lemos nos jornais a respeito das perseguições dos cristãos hoje. Pensemos nesses irmãos e irmãs que se encontram em situações limites, e que fazem esta escolha. Eles vivem neste tempo. São um exemplo para nós. Animam-nos a deixar no tesouro da Igreja tudo o que temos para viver”.[3]

Continuemos nossa meditação com estas perguntas:

Minha confiança em Deus está totalmente entregue à sua Providência? Sou presunçoso e orgulhoso como os escribas? Dou testemunho de que Jesus é o Senhor que nunca falha? Quais são minhas duas melhores moedas que quero entregar para construir o Reino de Deus?

A Ti eu dei tão pouco, Senhor Jesus,

Tu, porém, fizeste disso algo tão grande!

Sou tão pouca coisa diante de Ti,

Mas me tornaste tão rico!

Não consegui dar-Te

tudo o que teria desejado,

nem cheguei a amar-Te como eu queria e sonhava.

Te dei tão pouco, de verdade, tão pouco,

e com tão pouco entusiasmo e alegria…

No entanto, Tu sabes que nesse “pouco”,

eu quis pôr todo o meu coração.

Tu vês o fundo de mim mesmo,

com meu desejo de dar-Te muito mais.

Como transformas minha pobreza em riqueza,

e meu vazio em plenitude,

toma meu dom tal como é,

recebe também tudo o que ele não é,

a fim de que em mim haja entrega total,

com minha própria miséria,

e tudo seja recriado, mais uma vez,

pelo poder soberano de teu amor.

Amém.[4]

Senhor, te entrego tudo: sei que tua misericórdia não me abandona.

Durante esta semana, minha oração diária será de oferenda: oferecer-me-ei todo inteiro ao Senhor: minha vida, meus projetos, minha família, e partilharei com alguém o que for especialmente importante para mim.

“Na balança da justiça divina, não se pesa a quantidade dos dons,

mas o peso dos corações”.

Papa são Leão Magno