Os discípulos não compreendiam o que Jesus dizia (Lc 9, 43b-45)
28 de setembro de 2013Quem receber em meu nome estará recebendo a mim
30 de setembro de 2013PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo,
fazei que meu coração
permaneça aberto
à Palavra de Deus,
que meu coração
esteja aberto ao bem,
que meu coração
se abra à beleza de Deus
todos os dias.
SS. Papa Francisco [1]
TEXTO BÍBLICO: Lucas 16.19-31
A parábola do rico e de Lázaro
19Jesus continuou:
— Havia um homem rico que vestia roupas muito caras e todos os dias dava uma grande festa. 20Havia também um homem pobre, chamado Lázaro, que tinha o corpo coberto de feridas, e que costumavam largar perto da casa do rico. 21Lázaro ficava ali, procurando matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do homem rico. E até os cachorros vinham lamber as suas feridas.22O pobre morreu e foi levado pelos anjos para junto de Abraão, na festa do céu. O rico também morreu e foi sepultado.23Ele sofria muito no mundo dos mortos. Quando olhou, viu lá longe Abraão e Lázaro ao lado dele. 24Então gritou: “Pai Abraão, tenha pena de mim! Mande que Lázaro molhe o dedo na água e venha refrescar a minha língua porque estou sofrendo muito neste fogo!”
25— Mas Abraão respondeu: “Meu filho, lembre que você recebeu na sua vida todas as coisas boas, porém Lázaro só recebeu o que era mau. E agora ele está feliz aqui, enquanto você está sofrendo.26Além disso, há um grande abismo entre nós, de modo que os que querem atravessar daqui até vocês não podem, como também os daí não podem passar para cá.”
27 — O rico disse: “Nesse caso, Pai Abraão, peço que mande Lázaro até a casa do meu pai 28porque eu tenho cinco irmãos. Deixe que ele vá e os avise para que assim não venham para este lugar de sofrimento.”
29— Mas Abraão respondeu: “Os seus irmãos têm a Lei de Moisés e os livros dos Profetas para os avisar. Que eles os escutem!”
30— “Só isso não basta, Pai Abraão!”, respondeu o rico. “Porém, se alguém ressuscitar e for falar com eles, aí eles se arrependerão dos seus pecados.”
31— Mas Abraão respondeu: “Se eles não escutarem Moisés nem os profetas, não crerão, mesmo que alguém ressuscite.”
1. LEITURA
Que diz o texto?
Pe. Antonino Cepeda Salazar
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Quem são as personagens da parábola? Que diferenças existem em seus modos de vida? Qual é a situação de cada uma delas no Hades? O que o rico pede ao Pai Abraão?
ü Algumas considerações para uma leitura proveitosa…
Jesus, a caminho de Jerusalém, foi ensinando a seus discípulos e realizando algumas obras como manifestação do Reino de Deus. Nas parábolas do capítulo 15, mostrou-nos a alegria que há no céu por causa do pecador que se converte, e a misericórdia do Pai – Deus. Agora, no capítulo 16, oferece-nos as parábolas do administrador infiel e a do pobre Lázaro, e com elas, revela-nos a atitude que devemos ter perante a riqueza.
Os momentos da parábola são: 1) vv. 19-21: situação do rico e de Lázaro; 2) v. 22: morte do pobre e do rico; 3) vv. 23-26: a sorte de ambos muda; 4) vv. 27-31: o rico implora por seus cinco irmãos.
Seria muito interessante encenar esta parábola. Um narrador, o rico, Lázaro e Pai Abraão. Mostrar-se-ia muito vivaz, e conseguiríamos uma identificação mais fácil com as personagens.
A parábola começa com a expressão “havia um homem rico”, com o que o evangelista Lucas empresta-lhe um alcance universal, podendo tratar-se de qualquer rico, e o apresenta como modelo do que não deveria ser em relação às riquezas. Ademais, é um rico que não tem nome. Em contrapartida, o pobre chama-se Lázaro, que significa “Deus ajuda”. Apesar de o pobre Lázaro não falar nem atuar na parábola, ele é a personagem que está presente ao longo de toda a parábola.
Ambas as personagens – o rico e o pobre – são descritas em detalhes e por contraste, a fim de destacar a total diferença causada pelo mau uso das riquezas. Contudo, para descrever o rico, bastam duas expressões: que vestia roupas muito caras, e celebrava todos os dias esplêndidas festas. Em troca, do pobre se diz que se chamava Lázaro, que estava largado junto à porta (da casa do rico), coberto de chagas, e que desejava fartar-se com o que caía da mesa do rico, mas até os cães vinham e lhe lambiam as chagas. O centro de atenção da parábola está no pobre, mas passa, sem que se perceba, para o rico.
Jesus, que conta a parábola, mostra-se como um observador atento da realidade vivida por ambas as personagens. Jesus, nesta parábola, não repreende o rico por sua condição, mas porque as riquezas o mantêm cego à realidade dos pobres. O pecado do rico é sua insensibilidade social: pensa apenas em si mesmo e não é capaz de partilhar seus bens.
Também quando morrem, vivem situações contrastantes: os anjos levaram o pobre para o seio de Abraão; em compensação, o rico morreu e foi sepultado.
A parte mais ampla da parábola descreve a situação do rico no além-túmulo. Começa um diálogo entre o rico e o pai Abraão, com três intervenções de cada um. Basta lermos com atenção o mesmo texto para descobrir que já não há como voltar atrás, que a sorte está lançada. No Hades, já não se podem mudar as coisas. Por isso, mesmo que a paróbola se refira à situação no além-mundo, sua mensagem diz respeito a como viver aqui. É um convite à solidariedade fraterna entre as pessoas. Contudo, adeverte-se sobre a desgraça que pode sobrevir a quem se esquece de seu irmão.
Vejamos que:
Inverteu-se a situação de ambos (vv. 23-25);
A realidade é intransponível. Não se pode ir de um lado para o outro (v. 26);
Os irmãos do rico, que já têm Moisés e os profetas (v. 27-28);
Não escutarão, ainda que um morto ressuscite (vv. 30-31).
De modo que o destino na vida futura depende totalmente da vida presente. É aqui e agora que as pessoas devemos ser sensíveis às necessidades dos pobres, ser solidários com eles.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Comecemos nossa meditação com as palavras do Papa Francisco:
Também na nossa vida cristã, a oração e a ação estão sempre profundamente unidas. Uma oração que não leva às ações concretas em favor do irmão pobre, doente, necessitado de ajuda, do irmão em dificuldade, é uma oração estéril e incompleta. Mas, da mesma forma, quando no serviço eclesial ficamos atentos apenas ao fazer, quando damos mais peso às coisas, às funções, às estruturas, esquecendo-nos da centralidade de Cristo e não reservando tempo para o diálogo com Ele na oração, então corremos o risco de servir a nós mesmos e não a Deus presente no irmão necessitado. São Bento resumia o estilo de vida que apresentava aos seus monges em duas palavras: “ora et labora”, reza e trabalha. É da contemplação, de uma forte amizade com o Senhor, que nasce em nós a capacidade de viver e de transmitir o amor de Deus, a sua misericórdia e a sua ternura para com os outros. E o nosso trabalho com o irmão em necessidade, o nosso trabalho de caridade nas obras de misericórdia, nos leva ao Senhor porque vemos justamente o Senhor no irmão e na irmã necessitados.[2]
Agora perguntemo-nos:
Você está centrado em si mesmo, de modo que nem sequer vê as necessidades dos que o rodeiam? O que você pode partilhar com os demais para tornar-lhes a vida mais suportável? Em que sentido ajudar os pobres é um passo para a santidade?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
O Senhor convida-nos a ser misericordiosos, mostrando-nos com seu exemplo que ele o é conosco a cada instante; por este chamado, oremos hoje para fazer-nos mais solidários com os que necessitam de nós.
“Senhor,
faze-nos dignos de servir a nossos irmãos
que vivem e morrem de fome e de pobreza;
dá-lhes, hoje, por nossas mãos, o pão de cada dia e,
por nossa caridade, a paz e a alegria”
Paulo VI
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Nos irmãos mais necessitados é onde melhor podemos mostrar nosso amor pelo Senhor; por isso, te pedimos:
“Ensina-nos a servir-te em nossos irmãos necessitados”
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Jesus convida-nos à ação, à mudança através de coisas simples. Como posso ser transmissor da misericórdia de Deus aos necessitados que estão ao meu redor? Como posso ser solidário em um mundo que pouco busca o bem comum?
“Queremos AMAR COMO TU, que dás a vida e te comunicas com tudo o que és”
Beato Papa João Paulo II