Respostas (Mc 11, 27-33)
2 de junho de 2018Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus
5 de junho de 2018PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Vem, Espírito Santo, e coloca-me em sintonia contigo.
Vem, Espírito Santo, para que, em comunidade, possamos seguir Jesus.
Vem, Espírito Santo, e faze com que este encontro com a Boa Notícia nos mova e impulsione à missão.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Marcos 14.12-16,22-26
Jesus comemora a Páscoa
Mateus 26.17-25; Lucas 22.7-16,21-23; João 13.21-30
12No primeiro dia da Festa dos Pães sem Fermento, em que os judeus matavam carneirinhos para comemorarem a Páscoa, os discípulos perguntaram a Jesus:
— Onde é que o senhor quer que a gente prepare o jantar da Páscoa para o senhor?
13Então Jesus enviou dois discípulos com a seguinte ordem:
— Vão até a cidade. Lá irá se encontrar com vocês um homem que estará carregando um pote de água. Vão atrás desse homem 14e digam ao dono da casa em que ele entrar que o Mestre manda perguntar: “Onde fica a sala em que eu e os meus discípulos vamos comer o jantar da Páscoa?” 15Então ele mostrará a vocês no andar de cima uma sala grande, mobiliada e arrumada para o jantar. Preparem ali tudo para nós.
16Os dois discípulos foram até a cidade e encontraram tudo como Jesus tinha dito. Então prepararam o jantar da Páscoa.
A Ceia do Senhor
Mateus 26.26-30; Lucas 22.14-20; 1Coríntios 11.23-25
22Enquanto estavam comendo, Jesus pegou o pão e deu graças a Deus. Depois partiu o pão e o deu aos discípulos, dizendo:
— Peguem; isto é o meu corpo.
23Depois passou o cálice aos discípulos, e todos beberam do vinho. 24Então Jesus disse:
— Isto é o meu sangue, que é derramado em favor de muitos, o sangue que garante a aliança feita por Deus com o seu povo. 25Eu afirmo a vocês que isto é verdade: nunca mais beberei deste vinho até o dia em que beber com vocês um vinho novo no Reino de Deus.
26Então eles cantaram canções de louvor e foram para o monte das Oliveiras.
1. LEITURA
Que diz o texto?
* Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
· O que os judeus celebravam na festa dos pães sem fermento ou ázimos?
· O que os discípulos devem preparar e quais as indicações que Jesus lhes dá para isso?
· Que gestos Jesus faz com o pão e que palavras pronuncia?
· Que gestos Jesus faz com o cálice de vinho e que palavras pronuncia?
· Aonde vão Jesus e os discípulos depois da ceia?
* Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini1
O texto começa por dar-nos indicações temporais, a saber, que nos encontramos no primeiro dia da festa dos pães ázimos ou sem fermento, e que nesse dia se sacrificava o cordeiro pascal.
Já no Antigo Testamento, a festa dos pães ázimos aparece unida à festa de Páscoa (cf. Êx 12.15-20), embora inicialmente deva ter sido uma festa agrícola em coincidência com o começo da colheita da cevada, pois nessa semana, enquanto se preparava a nova cevada, comia-se o pão sem fermento. E no primeiro dia dos ázimos se sacrificavam os cordeiros pascais que seriam comidos na celebração pascal do dia seguinte, que começava depois do entardecer.
Segue-se imediatamente o relato da preparação da Páscoa por parte dos discípulos de Jesus, sendo que tudo acontece tal como ele prediz. Deste modo, quer-se indicar que tudo o que vai acontecer foi disposto e querido positivamente por Jesus em cumprimento da vontade do Pai, e que na morte de Jesus se cumpre a verdadeira páscoa.
Jesus e seus discípulos, ao reunir-se na última ceia, participam de uma refeição ritual judaica de caráter familiar, social e religioso. Nesta ceia, comemorava-se a libertação da escravidão do Egito, obra de Deus, a Páscoa de Israel; e comiam recostados sobre almofadas como os senhores (sinal de libertação) e não no chão, como os escravos. Na ocasião, ocupando o lugar do pai de família, Jesus preside à ceia de Páscoa e realiza algo novo dentro da tradicional celebração. Justamente por isso os textos evangélicos nos narram exclusivamente os gestos e palavras de Jesus – fórmulas explicativas sobre o pão e sobre o vinho – que fazem a diferença ou constituem a novidade, omitindo o resto dos detalhes próprios da cena ritual, já conhecidos pelos judeus.
Dado que na ceia pascal não se comia pão durante o primeiro prato, a fórmula explicativa do pão (“Peguem; isto é o meu corpo”) foi pronunciada por Jesus por ocasião da oração que se recitava antes de começar o prato principal.
A fórmula explicativa sobre o vinho (“Isto é o meu sangue, que é derramado em favor de muitos, o sangue que garante a aliança feita por Deus com o seu povo”) deve ter sido pronunciada no momento da ação de graças que se seguia à refeição. Portanto, Jesus serviu-se das orações antes e depois do prato principal para pronunciar suas palavras explicativas sobre o pão e sobre o vinho.
Os relatos da ceia coincidem em descrever esta ação de Jesus com cinco verbos: pegou o pão, pronunciou a bênção ou deu graças a Deus; partiu o pão e o deu. Os quatro primeiros verbos na literatura rabínica são termos técnicos da oração de bênção à mesa antes da refeição. Contudo, a novidade está no que Jesus diz: o pão abençoado e partido é, agora, seu próprio corpo (“Isto é meu corpo”), recordando que o termo “corpo” não se refere a uma parte da pessoa, mas à sua totalidade.
Depois de ter dado o cálice com vinho aos discípulos, Jesus disse-lhes: “Isto é o meu sangue, que é derramado em favor de muitos, o sangue que garante a aliança feita por Deus com o seu povo” (Mc 14.24). Agora é o sacrifício de Jesus Cristo, seu sangue, que estabelece a Aliança mediante a qual se forma o novo povo de Deus, que é a Igreja.
É decisivo que apareça o termo aliança, porque a instituição da Eucaristia ilumina o acontecimento do calvário, revelando seu sentido profundo, e a palavra aliança define o sentido da Eucaristia. Podemos dizer que na última ceia, aproveitando o último momento em que pode livremente falar com seus discípulos, Jesus realiza os gestos eucarísticos e, com suas palavras, revela que a paixão será a doação redentora de sua própria vida. E mediante ela, estabelecer a Nova Aliança de Deus com todos os homens.
O que o Senhor me diz no texto?
Consigo ter uma participação plena, ativa e consciente na missa? Ou acho-a enfadonha e não vejo muito sentido nos ritos que ali se realizam?
Na verdade, para entender, viver e até desfrutar da Missa, da Eucaristia, tenho de voltar à sua origem, compreender o que o próprio Jesus instituiu para que a Igreja fizesse memória dele até o fim dos tempos.
Pode ser-nos útil fazer o esforço de imaginar-nos presentes na última ceia com Jesus e seus discípulos. E estando ali, perceberemos, antes de mais nada, que se trata da ceia pascal dos judeus em um clima familiar e de despedida. “A páscoa de Israel era e é uma festa de família. Não era celebrada no templo, mas no lar. Jesus também celebrou a páscoa seguindo essas prescrições: em casa, com sua família, ou seja, com os apóstolos, que se haviam transformado em sua nova família […]. A Igreja é a nova família, é o lar vivo que afasta os poderes do caos e oferece um espaço de paz que conserva a criação e nos conserva” (Bento XVI).
O clima desta ceia é também de despedida. Jesus percebe a proximidade de sua paixão e morte e, por isso, quer celebrar esta refeição pascal com seus discípulos. Neste clima, Jesus antecipa sacramentalmente a entrega de sua vida e nos revela o sentido dela. De fato, ao instituir a Eucaristia, revela-nos que o pão
abençoado é, agora, seu corpo que se entrega; e que o vinho é, agora, seu sangue que se derrama por todos, para restabelecer a aliança dos homens com o Pai.
Como bem comenta o Cardeal Vanhoye: “Jesus transforma toda a situação com estes gestos simples e com estas palavras inesperadas. Sabe que vai ser entregue, sabe que será processado, condenado, maltratado, executado com o suplício dos escravos, a cruz. Já o dissera aos apóstolos. No entanto, na noite da Quinta-Feira Santa, assumiu antecipadamente todos estes acontecimentos, tornou-os presentes no pão partido e no vinho, e transformou todos estes acontecimentos em ocasião da entrega mais generosa, mais completa de si mesmo por nossa salvação […]. Jesus inverteu o sentido da morte: esta, que de per si, é um acontecimento de ruptura, converteu-se, graças a ele, em um acontecimento de aliança”.
Por fim, como diz o Papa Francisco: “Cada celebração da Eucaristia é um raio daquele sol sem ocaso que é Jesus ressuscitado. Participar na Missa, em particular aos domingos, significa entrar na vitória do Ressuscitado, ser iluminados por sua luz, abrasados por seu calor. (…) Com efeito, o seu sangue liberta-nos da morte e do medo da morte. Liberta-nos não só do domínio da morte física, mas da morte espiritual que é o mal, o pecado, que se apodera de nós todas as vezes que somos vítimas do pecado nosso e alheio. E então a nossa vida é contaminada, perde beleza, perde significado, desflorece. Ao contrário, Cristo restitui-nos a vida; Cristo é a plenitude da vida, e quando enfrentou a morte aniquilou-a para sempre: «ressuscitando dos mortos, venceu a morte e renovou vida», confessa a Igreja celebrando a Eucaristia (Oração eucarística IV). A Páscoa de Cristo é a vitória definitiva sobre a morte, porque Ele transformou a sua morte em ato supremo de amor. Morreu por amor! E na Eucaristia, Ele quer comunicar-nos este seu amor pascal, vitorioso. Se o recebermos com fé, também nós podemos amar verdadeiramente a Deus e ao próximo, podemos amar como Ele nos amou, oferecendo a vida”2.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
· Tenho consciência de que Deus quis estabelecer uma aliança, uma relação de amor comigo e com minha comunidade?
· Valorizo o fato de Jesus ter entregue sua vida, seu corpo e seu sangue, para que esta aliança de amizade seja possível e duradoura?
· Participo da missa com a consciência de que estamos renovando a entrega de Jesus e a aliança de Deus com seu povo?
· A vivência desta entrega de amor de Jesus celebrada em cada Eucaristia me move a entregar-me aos demais?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, amado Pai, porque desde sempre foi teu sonho estabelecer comigo esta aliança de amor.
Obrigado por dar-nos te Filho, Jesus, que entrega seu Corpo
e até a última gota de seu Sangue por mim, por todos.
Que seu impulso de entregar-se por nós me mova a entregar-me em cada gesto, em cada palavra.
Dá-nos, a mim e à minha comunidade, o desejo de alimentar-nos com teu Corpo e com teu Sangue.
Que nesta Vida Doada de Jesus eu possa encontrar-me e encontrar meus irmãos.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, que eu, alimentado com teu Corpo e com teu Sangue, possa sempre entregar-me”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Escolho um dia da semana para participar da Eucaristia; se não puder fazê-lo, farei a comunhão espiritual.
“A Eucaristia é um banquete no qual comemos com Cristo, comemos a Cristo, e somos comidos por Cristo”.
Santo Agostinho