Pôs-se a falar do menino a todos que esperavam a libertação de Jerusalém. Lc 2,36-40
30 de dezembro de 2017O Messias veio para os pobres (LC 2,16-21)
1 de janeiro de 2018PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Vem, Espírito Santo, e unge-me.
Derrama-te com força e dá-me a vida nova.
Desperta em mim a alegria.
Converte-me e converte minha comunidade.
Sê a luz que me impulsiona para o testemunho crível.
Vem, Espírito Santo, durante este advento, para que eu possa crer
e anunciar que a Palavra se faz carne e habita entre nós.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Lucas 2.22-40
Jesus é apresentado no Templo
22Chegou o dia de Maria e José cumprirem a cerimônia da purificação, conforme manda a Lei de Moisés. Então eles levaram a criança para Jerusalém a fim de apresentá-la ao Senhor. 23Pois está escrito na Lei do Senhor: “Todo primeiro filho será separado e dedicado ao Senhor.” 24Eles foram lá também para oferecer em sacrifício duas rolinhas ou dois pombinhos, como a Lei do Senhor manda.
25Em Jerusalém morava um homem chamado Simeão. Ele era bom e piedoso e esperava a salvação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele, 26e o próprio Espírito lhe tinha prometido que, antes de morrer, ele iria ver o Messias enviado pelo Senhor. 27Guiado pelo Espírito, Simeão foi ao Templo. Quando os pais levaram o menino Jesus ao Templo para fazer o que a Lei manda, 28Simeão pegou o menino no colo e louvou a Deus. Ele disse:
29— Agora, Senhor, cumpriste a promessa
que fizeste
e já podes deixar este teu servo
partir em paz.
30Pois eu já vi com os meus próprios olhos
a tua salvação,
31que preparaste na presença
de todos os povos:
32uma luz para mostrar o teu caminho
a todos os que não são judeus
e para dar glória ao teu povo de Israel.
33O pai e a mãe do menino ficaram admirados com o que Simeão disse a respeito dele. 34Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus:
— Este menino foi escolhido por Deus tanto para a destruição como para a salvação de muita gente em Israel. Ele vai ser um sinal de Deus; muitas pessoas falarão contra ele, 35e assim os pensamentos secretos delas serão conhecidos. E a tristeza, como uma espada afiada, cortará o seu coração, Maria.
36Havia ali também uma profetisa chamada Ana, que era viúva e muito idosa. Ela era filha de Fanuel, da tribo de Aser. Sete anos depois que ela havia casado, o seu marido morreu. 37Agora ela estava com oitenta e quatro anos de idade. Nunca saía do pátio do Templo e adorava a Deus dia e noite, jejuando e fazendo orações. 38Naquele momento ela chegou e começou a louvar a Deus e a falar a respeito do menino para todos os que esperavam a libertação de Jerusalém.
A volta para Nazaré
39Quando terminaram de fazer tudo o que a Lei do Senhor manda, José e Maria voltaram para a Galileia, para a casa deles na cidade de Nazaré.
40O menino crescia e ficava forte; tinha muita sabedoria e era abençoado por Deus.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
- · Aonde foram Maria e José com o menino Jesus, por quê e para quê?
- · Com quem se encontraram ali? O que diz o texto sobre eles?
- · O que diz o velho Simeão a respeito de Jesus e de Maria, sua mãe?
- · O que faz a profetisa Ana e por quê?
- · Como é o crescimento de Jesus?
Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini
O relato começa apresentando a Sagrada Família que, para cumprir a lei de Moisés, leva o Menino Jesus ao Templo de Jerusalém. A primeira prescrição era a consagração do filho primogênito ao Senhor (cf. Êx 13.1-2). Este rito recorda a preservação dos primogênitos dos israelitas quando a décima praga matou os primogênitos dos egípcios. A segunda prescrição é a purificação da mãe, quarenta dias depois do parto (cf. Lv 12.6-8), a qual se fazia mediante a oferenda de um cordeiro ou, se fossem pobres, como neste caso, com dois pombinhos.
Esclarecido o motivo da presença da Sagrada Família em Jerusalém, aparece em cena o velho Simeão. Este é apresentado como um homem “bom e piedoso e [que] esperava a salvação do povo de Israel”. Deste modo, Simão encarna as autênticas expectativas messiânicas de Israel, pois tem em si a presença do Espírito Santo e se deixa conduzir por ele.
No que diz respeito ao seu primeiro oráculo ou cântico, é possível reconhecer também aqui como pano de fundo vários textos de Isaías: “Ver a salvação, na presença de todos os povos, luz de todos os que não são judeus e glória para Israel”. Simeão começa afirmando que pode dar por encerrada sua vida, porquanto Deus cumpriu sua Palavra, sua Promessa. Ele descobre este cumprimento, movido pelo Espírito, no Menino Jesus, a quem confessa como Luz para iluminar as nações pagãs e Glória de Israel. Devemos observar que nesta afirmação há um universalismo que vai além daquele anunciado por Isaías e que encontrará sua concreção no livro dos Atos dos Apóstolos, quando se pregar o evangelho aos pagãos, reconhecendo-lhes as mesmas possibilidades de salvação que aos israelitas (cf. At 15.14; 28.28).
O segundo oráculo aprofunda a missão do Menino e o modo como sua mãe é envolvida: “Os olhos de Simeão (…) viram a salvação de que este menino trará para os gentios a mesma coisa que para Israel; contudo, como autêntico profeta, vê também a rejeição e a catástrofe; e sua segunda visão, em tom de tragédia, dirige-se à mãe do menino, a primeira a quem chegou a boa-nova sobre Jesus; por ser a primeira a ouvir a palavra e a aceitá-la, deve encontrar em sua própria alma o desafio da palavra e a tragédia de sua rejeição da parte de muitos que pertenciam a Israel a quem Jesus queria ajudar (1,54a)”.
De repente, aparece a viúva Ana, profetisa, que se põe a dar graças a Deus pelo dom do Menino e o anuncia a “todos os que esperavam a libertação de Jerusalém”. Com a intervenção de Ana, o evangelista matiza um pouco o caráter negativo do segundo oráculo de Simeão e antecipa que o Espírito moverá os justos a anunciar primeiro a redenção para Israel.
A conclusão, que narra o regresso para a Galileia e o crescimento do Menino, encerra toda esta unidade e prepara o surgimento de Jesus de Nazaré pregando uma mensagem cheia de sabedoria e manifestando a graça de Deus. É claro o paralelo com a infância de Samuel.
O que o Senhor me diz no texto?
Esta Festa da Sagrada Família é celebrada em seguida ao Natal como um prolongamento deste mistério. Com sua Encarnação, Deus santificou o homem, redimiu-o. Contudo, não somente o homem, considerado individualmente, mas o homem com seus vínculos mais profundos e vitais. E aqui é onde entrar, com pleno direito, a realidade da família. Jesus nasceu, cresceu e viveu com sua família; é por isso que a chamamos de Sagrada Família. A partir dela podemos e devemos iluminar a vida de todas as famílias.
A Sagrada Família é-nos apresentada como cumpridora da lei do Senhor. De fato, Maria e José levam o Menino Jesus ao templo, pois precisam cumprir o que ordena a lei de Moisés. Sabiam que esse Menino era o Messias, o Salvador e o Senhor; no entanto, não se sentiram dispensados de cumprir a vontade de Deus manifesta em sua Lei e que obrigava a todos os israelitas.
Muito menos se viram subtraídos às dificuldades próprias de toda família da época. Aliás, por causa do Menino, serão perseguidos e terão mais dificuldades do que as demais pessoas. Isto fica evidente com a profecia de Simeão: por um lado, o Menino será luz para os homens e motivo de alegria e de salvação para todos, começando por Maria e José. Entretanto, também será sinal de contradição, será rejeitado, o que provocará profundo dilaceramento no coração da Mãe. Nesta realidade, comum em tantas famílias, o Menino crescerá e se desenvolverá, com a Graça de Deus e a educação de Maria e de José. Encontramo-nos, pois, na Escola de Nazaré, com suas lições de vida humana e cristã.
A este respeito, diz o Papa Francisco em Amoris Laetitia nº 30: “Cada família tem diante de si o ícone da família de Nazaré, com o seu dia-a-dia feito de fadigas e até de pesadelos, como quando teve que sofrer a violência incompreensível de Herodes, experiência que ainda hoje se repete tragicamente em muitas famílias de refugiados descartados e inermes. Como os Magos, as famílias são convidadas a contemplar o Menino com sua Mãe, a prostrar-se e adorá-Lo (cf. Mt 2.11). Como Maria, são exortadas a viver, com coragem e serenidade, os desafios familiares tristes e entusiasmantes, e a guardar e meditar no coração as maravilhas de Deus (cf. Lc 2.19,51). No tesouro do coração de Maria, estão também todos os acontecimentos de cada uma das nossas famílias, que Ela guarda solicitamente. Por isso pode ajudar-nos a interpretá-los de modo a reconhecera mensagem de Deus na história familiar”.
E ainda, no nº 66: “A aliança de amor e fidelidade, vivida pela Sagrada Família de Nazaré, ilumina o princípio que dá forma a cada família e a torna capaz de enfrentar melhor as vicissitudes da vida e da história. Sobre este fundamento, cada família, mesmo na sua fragilidade, pode tornar-se uma luz na escuridão do mundo. ‘Aqui se aprende (…) uma lição de vida familiar. Que Nazaré nos ensine o que é a família, a sua comunhão de amor, a sua austera e simples beleza, o seu carácter sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré como é preciosa e insubstituível a educação familiar e como é fundamental e incomparável a sua função no plano social’ (Paulo VI, Alocução em Nazaré, 5 de janeiro de 1964)».
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
- · Apresento ao Senhor toda a minha vida ou apenas fragmentos dela?
- · Vejo minha família como dom de Deus que me ajuda a crescer?
- · Estou presente em minha família ou fujo de casa e me fecho em minhas amizades?
- · Pode-se dizer que acrescento valores à minha família ou, ao contrário, sou causa de disputas e conflitos?
· Deixo-me orientar por aqueles que já fizeram um caminho de fé, ou faço o que me dá na telha?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por compartilhares tua história comigo,
por me concederes Maria e José.
Quero apresentar-te minha vida inteira.
Que não recorte apenas pedaços dela para dar-te.
Que não me deixe levar pelo mero cumprimento.
Quero estar governado por tua ternura, que é a verdadeira lei.
Obrigado pela grande família que supera os laços de sangue: é tua também.
Sê, juntamente com Maria e José, meu companheiro fiel.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, concede-me a graça de valorizar o dom da família”
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, comprometo-me a compartilhar um pouco mais de tempo com algum membro de minha família de sangue ou família espiritual.
“A família é uma experiência de caminho, uma aventura rica em surpresas,
mas aberta principalmente à grande surpresa de Deus, que vem sempre de modo novo à nossa vida”
São João Paulo II