“O Senhor Deus é a minha luz e a minha salvação”
17 de março de 2019“Ó Senhor Deus, não te afastes de mim! Vem depressa me socorrer”
14 de abril de 2019PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, ajuda-me a encontrar-me com Jesus
que me fala em sua Palavra.
Espírito Santo, ensina-me a enamorar-me do Evangelho
e a vivê-lo cotidianamente junto aos meus irmãos.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Jo 8.1-11
Jesus perdoa uma mulher apanhada em adultério
1[Depois todos foram para casa, mas Jesus foi para o monte das Oliveiras. 2De madrugada ele voltou ao pátio do Templo, e o povo se reuniu em volta dele. Jesus estava sentado, ensinando a todos. 3Aí alguns mestres da Lei e fariseus levaram a Jesus uma mulher que tinha sido apanhada em adultério e a obrigaram a ficar de pé no meio de todos. 4Eles disseram:
— Mestre, esta mulher foi apanhada no ato de adultério. 5De acordo com a Lei que Moisés nos deu, as mulheres adúlteras devem ser mortas a pedradas. Mas o senhor, o que é que diz sobre isso?
6Eles fizeram essa pergunta para conseguir uma prova contra Jesus, pois queriam acusá-lo. Mas ele se abaixou e começou a escrever no chão com o dedo. 7Como eles continuaram a fazer a mesma pergunta, Jesus endireitou o corpo e disse a eles:
— Quem de vocês estiver sem pecado, que seja o primeiro a atirar uma pedra nesta mulher!
8Depois abaixou-se outra vez e continuou a escrever no chão. 9Quando ouviram isso, todos foram embora, um por um, começando pelos mais velhos. Ficaram só Jesus e a mulher, e ela continuou ali, de pé. 10Então Jesus endireitou o corpo e disse:
— Mulher, onde estão eles? Não ficou ninguém para condenar você?
11— Ninguém, senhor! — respondeu ela.
Jesus disse:
— Pois eu também não condeno você. Vá e não peque mais!]
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Onde Jesus se faz presente e o que faz ali?
2. O que fazem os escribas e os fariseus? O que pedem a Jesus e com que intenção?
3. Que faz Jesus diante deles em um primeiro momento e o que lhes responde em seguida?
4. Como reagem os presentes diante das palavras de Jesus?
5. O que Jesus pergunta à mulher e o que esta lhe responde?
6. Que sentença definitiva Jesus pronuncia e o que lhe pede no final?
ü Algumas pistas para compreender o texto:
Mons. Damian Nannini1
Os fariseus e os escribas querem armar uma cilada para Jesus e, para isso, levam-lhe uma mulher surpreendida em adultério. Segundo a lei de Moisés, deve ser condenada à morte, principalmente porque há testemunhas de sua falta, e a autoridade de Moisés assim o exigia. Contudo, segundo a lei imperial dominante, a romana, aos judeus não era permitido executar este tipo de sentença ou castigo extremo. De fato, os romanos haviam-se reservado o direito de declarar e executar a condenação à morte (ius gladii). Portanto, de acordo com a resposta que Jesus desse, estaria confrontado ou com Moisés ou com César.
Chamam muito a atenção o silêncio e a calma de Jesus, que demora a dar uma resposta. Mais surpreendente, porém, é o que diz: “Quem de vocês estiver sem pecado, que seja o primeiro a atirar uma pedra nesta mulher!”. Deste modo, respeita a autoridade da Lei de Moisés, que condena o adultério, mas nega aos escribas e fariseus a autoridade moral para executá-la. Segue-se, agora, o silêncio dos presentes que, discretamente, retiram-se, a começar pelos mais velhos.
Na cena final, ficam apenas Jesus e a mulher. Já não permanecem os acusadores, nem há condenação alguma. Até mesmo o próprio Jesus renuncia a condená-la, mas, ao despedi-la, acrescenta-lhe um pedido muito importante: “Não peque mais”. Segundo L. Rivas, dado que o imperativo negativo em tempo presente ordena cessar uma ação já começada, a tradução exata deveria ser: “Não continues a pecar”. É o que Jesus ordena à mulher, dando por encerrado o caso que lhe apresentaram.
O que o Senhor me diz no texto?
No evangelho, Jesus propõe à mulher pecadora um futuro sem pecado, em paz e sem nenhuma condenação. A mensagem fundamental desta narrativa está em clara continuidade com a parábola do filho pródigo. Já não é uma história fictícia, mas um encontro real e pessoal. A este respeito, diz-nos o Papa Francisco quanto ao final do relato evangélico: “’Ficaram apenas eles dois: a mísera e a misericórdia’ (Santo Agostinho, In Johannis 33, 5): assim interpreta Santo Agostinho o final do Evangelho que acabamos de ouvir. Foram-se embora aqueles que tinham vindo para atirar pedras contra a mulher ou para acusar Jesus a propósito da Lei. Foram-se embora; nada mais lhes interessava. Mas Jesus continua… E continua, porque lá ficou o que era precioso a seus olhos: aquela mulher, aquela pessoa. Para Ele, antes do pecado, vem o pecador. No coração de Deus, eu, tu cada um de nós vem em primeiro lugar; vem antes dos erros, das normas, dos juízos e das nossas quedas. Peçamos a graça dum olhar semelhante ao de Jesus; peçamos para ter o enquadramento cristão da vida: nele, antes do pecado, olhamos com amor o pecador; antes do erro, o transviado; antes do caso, a pessoa” (Homilia do dia 29 de março de 2019).
Estão presentes também os “filhos mais velhos”, os acusadores, pedindo justiça e condenação. Jesus, como fez com seus interlocutores no relato do domingo passado, confronta os acusadores com sua própria realidade de pecadores. Contudo, diferentemente do “filho mais velho”, que não quis entrar, estes, sim, deixam cair as pedras e se retiram. Pode ser o início da conversão destes “convertidos”. Jesus não nos quer juízes, mas penitentes.
Aqui não há festa de reconciliação, como na parábola do filho pródigo, mas há uma última indicação: “Não continues a pecar”, que é importante, porque seria a última etapa no caminho da conversão: o propósito de emenda, de mudança de vida. A resposta ao perdão gratuito de Deus, além do festejo agradecido, é o propósito de não voltar a pecar.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Que atitude tenho diante do pecado dos outros?
2. Sou do tipo que condena com facilidade?
3. O que eu teria feito se me encontrasse na mesma situação das pessoas do episódio?
4. Estou consciente de meus pecados e de minhas faltas?
5. Já senti a libertação profunda que o perdão de Deus produz no sacramento da reconciliação?
6. Ao arrepender-me de minhas faltas, proponho-me não voltar a pecar?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por teu olhar que levanta, que me levanta.
Obrigado por cada pulsação que me convida a pedir perdão e misericórdia.
Que quando eu acusar ou me julgar superior,
desinstala-me completamente, e que eu retire comentários e fofocas.
Eu também quero levantar meus irmãos com gestos silenciosos de amor.
Que eu possa sentir o chamado à vida nova,
onde tudo adquire sentido pela entrega generosa.
Creio em ti, Senhor das oportunidades.
Cremos em ti, Senhor apaixonado pela liberdade.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, concede-me um olhar que me levante e encha de oportunidades”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, proponho-me olhar nos olhos dos outros quando lhes falar”.
“Minha única esperança, minha única confiança, minha única firmeza é a misericórdia de Deus”.
Santo Agostinho