“Que a justiça floresça durante a sua vida, e que haja prosperidade enquanto a lua brilhar!
15 de dezembro de 2019Sl 128.5 “Que, do monte Sião, o Senhor o abençoe! Que, em todos os dias da sua vida, você veja o progresso de Jerusalém!”
29 de dezembro de 2019
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, faze-te presente neste encontro com a Palavra.
Espírito Santo, derrama-te neste momento
e em cada lugar onde eu me encontre.
Espírito Santo, toca meu coração neste tempo de esperança.
Espírito Santo, ajuda-me a buscar o sentido do eterno
junto aos meus irmãos.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Mt 1.18-24
O nascimento de Jesus Cristo
Lucas 2.1-7
18O nascimento de Jesus Cristo foi assim: Maria, a sua mãe, ia casar com José. Mas antes do casamento ela ficou grávida pelo Espírito Santo. 19José, com quem Maria ia casar, era um homem que sempre fazia o que era direito. Ele não queria difamar Maria e por isso resolveu desmanchar o contrato de casamento sem ninguém saber. 20Enquanto José estava pensando nisso, um anjo do Senhor apareceu a ele num sonho e disse:
— José, descendente de Davi, não tenha medo de receber Maria como sua esposa, pois ela está grávida pelo Espírito Santo. 21Ela terá um menino, e você porá nele o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos pecados deles.
22Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito por meio do profeta:
23“A virgem ficará grávida
e terá um filho
que receberá o nome de Emanuel.”
(Emanuel quer dizer “Deus está conosco”.)
24Quando José acordou, fez o que o anjo do Senhor havia mandado e casou com Maria.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Que tipo de vínculo tinham Maria e José?
2. O que acontece a Maria e o que José pensa fazer diante desta situação?
3. O que o anjo do Senhor revela a José e o que lhe pede que faça?
4. Qual é a identidade do menino que nascerá e que profecia se cumpre nele?
5. O que José termina fazendo?
ü Algumas pistas para compreender o texto:
Nestes versículos, Mateus quer ensinar que Jesus é muito mais do que o descendente de Davi prometido pelos profetas – ele é o Filho de Deus – e o faz narrando-nos como foi gerado. Tanto o versículo 18 como o 25 insistem na concepção virginal de Jesus: o v. 18 afirma que, embora Maria fosse casar com José, ficou grávida pelo Espírito Santo; o v. 25 (não incluído no texto da liturgia) diz que José, “porém, não teve relações com ela até que a criança nasceu”. O matrimônio judaico daquela época se realizava em dois momentos. Em primeiro lugar vinham os esponsais, quando se ratificava o “contrato matrimonial”, e era forte a intervenção dos pais, pois a noiva costumava ter doze ou treze anos.
Depois de algum tempo, acontecia o traslado formal da esposa para a casa do esposo, quando, então, começavam a viver juntos. O fato que Mateus nos narra se deu neste “entretempo”, pois se indica claramente que se iam casar, que ainda não conviviam, não tinham vida em comum.
O v. 19 descreve-nos a reação de José diante da gravidez de Maria: queria desmanchar o contrato de casamento sem ninguém saber; queria divorciar-se e despedir Maria, mas em segredo, para que ela não sofresse o castigo que, segundo a lei de Israel, era reservado à mulher que não chegava virgem ao matrimônio. Podemos supor que foi a única saída que José encontrou diante desta situação inesperada e confusa, para agir sem pecar contra a Lei de Deus nem causar um dano mortal a Maria. Sem dúvida, era um homem que sempre fazia o que era direito.
Então, Deus intervém, por meio de um anjo, a fim de dissipar as dúvidas de José, e lhe revela o que tem de fazer: receber-tomar Maria como esposa. Isto implica levar a cabo o segundo momento do matrimônio judaico: que o marido leve sua esposa para sua casa. E a motivação ou justificação desta ação está em que Maria concebeu por obra do Espírito Santo; a gravidez é obra de Deus (cf. 1.18). Ainda mais, é-lhe ordenado que imponha ao menino o nome de Jesus, cujo significado, segundo a etimologia popular, é “Deus salva”, de onde decorre a missão do menino.
Nos versículos 22-23 nos é dito que tudo isto acontece como cumprimento da profecia de Isaías (7.14), que afirma que uma virgem dará à luz um filho ao qual se imporá o nome de “Emanuel, Deus conosco”.
Nos versículos 24-25 nos é narrado como José, uma vez desperto do sonho, cumpre ao pé da letra o que lhe foi ordenado pelo anjo, ou seja, pelo Senhor.
Em resumo, neste texto se declara especificamente a filiação divina de Jesus, que é apresentado como o Filho de Deus. Esta identidade profunda de Jesus é atestada pela Escritura que nele se cumpre e é confirmada pela revelação do anjo do Senhor. Além de revelar-nos quem é Jesus – “Filho de Davi” e “Filho de Deus” –, esta narrativa explica-nos como chegou a sê-lo. Assim, é “Filho de Davi” em relação a seu pai adotivo, José, que pertencia à família de Davi, conforme ficou estabelecido na genealogia. É “Filho de Deus” porque foi concebido virginalmente, sem concurso de varão, por obra do Espírito Santo.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
O evangelho deste domingo prévio ao Natal nos apresenta já claramente a identidade daquele que vem a nós: o Emanuel, Deus-conosco”; Jesus, “Deus que nos salva”.
A grande questão é se verdadeiramente estamos experimentando a necessidade desta salvação de Deus. O mundo parece não precisar dela e a despreza. Contudo, no fundo, é realmente assim? O coração do ser humano se sente profundamente feliz se recebe apenas presentes materiais e a bondade de Papai Noel? Não deseja algo mais, não tem necessidade de alguma outra coisa? Por isso é tão importante “estar situados, parados, no lugar pelo qual o Senhor passará, ao qual virá”.
Para nós, este lugar é a necessidade de sermos salvos, de sermos amados, de sermos aceitos incondicionalmente. É preciso ter coragem para entrar no profundo de nosso coração, onde a necessidade de salvação adquire diversas vozes, grita a Deus com nomes variados, mas que, no fundo, clama somente por ele. Se descobrirmos que existe em nosso coração pecado, gritaremos pedindo seu perdão; se houver inquietude ou angústia, pediremos a paz do coração, a harmonia interior; se houver solidão, pediremos sua presença, seu amor e seu consolo. Este caminho não é outro senão o das bem-aventuranças, dos pobres de espírito aos quais Jesus promete o Reino. Se habitarmos ali, até lá chegará o Senhor com seus dons de paz e de alegria interior. Como nos diz Bento XVI: “A verdadeira e grande esperança do homem, que resiste apesar de todas as desilusões, só pode ser Deus – o Deus que nos amou, e ama ainda agora ‘até ao fim’, ‘até à plena consumação’” (Spe Salvi nº 27).
A salvação não é apenas um fato divino, é uma Pessoa divina. Este é o objeto próprio de nossa esperança cristã. Esperamos o próprio Filho de Deus, infinitamente maior do que nossas aspirações e nossos méritos. Também somos convidados a fazer nossas as palavras que o anjo diz a José: “Não tenha medo de receber Maria”. Não temamos receber Maria e, com ela, o Menino Deus. Se o recebermos das mãos de Maria, desaparecerão o temor e o tremor, pois em Maria, Deus faz-se carne, faz-se humano, faz-se aconchego e ternura. Como diz o Papa Francisco: “Não tenham medo da ternura. Quando os cristãos se esquecem da esperança e da ternura, tornam-se uma Igreja fria, que não sabe aonde ir e se enreda nas ideologias, nas atitudes mundanas. Enquanto a simplicidade de Deus lhe diz: siga adiante, sou um Pai que o acaricia. Tenho medo quando os cristãos perdem a esperança e a capacidade de abraçar e de acariciar” (Entrevista com Andrea Tornielli).
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. A quem espero neste Natal? Quem é Jesus para mim?
2. Creio realmente que é o Filho de Deus feito homem que vem para salvar-me?
3. Sinto a necessidade da salvação de Deus? Como a expresso?
4. Já tive alguma experiência de receber Jesus através de Maria?
5. Minha fé me faz viver na distância e no medo dos demais, ou na proximidade e ternura que Jesus e a Virgem me manifestam?
3. ORAÇÃO O que respondo ao Senhor que me fala no texto? |
Obrigado, Jesus, por te fazeres homem, por seres este “Deus-conosco”.
Obrigado por Maria e José.
Que eu possa e que possamos experimentar
a libertação daquilo que nos prende, que nos escraviza.
Somente tu podes conceder-me tal libertação.
Situa-me para que possamos receber-te, encontrar-te.
Que em comunidade possamos ser sensíveis a tua ternura,
a tuas carícias, a teus abraços.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, faze com que eu não tema tua ternura”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, proponho-me abraçar ou acariciar alguém com quem frequentemente compartilho.
“Faz-se homem, veio a nosso mundo, tudo isto por mim”.
Santo Inácio de Loyola
Dom Damián Nannini é bispo da Diocese de San Miguel (Argentina); licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma.