“O rei ajuda os pobres que lhe pedem socorro; ele ajuda os necessitados e os abandonados”.
8 de dezembro de 2019“Que a justiça floresça durante a sua vida, e que haja prosperidade enquanto a lua brilhar!
22 de dezembro de 2019PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, faze-te presente neste encontro com a Palavra.
Espírito Santo, derrama-te neste momento
e em cada lugar onde eu me encontre.
Espírito Santo, toca meu coração neste tempo de esperança.
Espírito Santo, ajuda-me a buscar o sentido do eterno
junto aos meus irmãos.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Mt 11.2-11
Os mensageiros de João Batista
Lucas 7.18-35
2João Batista estava na cadeia e, quando ouviu falar do que Cristo fazia, mandou que alguns dos seus discípulos 13fossem perguntar a ele:
— O senhor é aquele que ia chegar ou devemos esperar outro?
4Jesus respondeu:
— Voltem e contem a João o que vocês estão ouvindo e vendo. 5Digam a ele que os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e os pobres recebem o evangelho. 6E felizes são aqueles que não abandonam a sua fé em mim!
7Quando os discípulos de João foram embora, Jesus começou a dizer ao povo o seguinte a respeito de João:
— O que vocês foram ver no deserto? Um caniço sacudido pelo vento? 8O que foram ver? Um homem bem-vestido? Ora, os que se vestem bem moram nos palácios! 9Então me digam: o que esperavam ver? Um profeta? Sim. E eu afirmo que vocês viram muito mais do que um profeta. 10Porque João é aquele a respeito de quem as Escrituras Sagradas dizem: “Aqui está o meu mensageiro, disse Deus. Eu o enviarei adiante de você para preparar o seu caminho.” 11Eu afirmo a vocês que isto é verdade: de todos os homens que já nasceram, João Batista é o maior. Porém quem é menor no Reino do Céu é maior do que ele.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Onde estava João Batista, que ouve a respeito de Jesus e o que lhe manda perguntar?
2. Para João Batista, o que não parece convincente no agir de Jesus e por quê?
3. O que Jesus responde aos enviados do Batista?
4. O que diz Jesus às pessoas a respeito de João Batista?
5. Com quem ele compara João Batista?
ü Algumas pistas para compreender o texto:
João Batista está na cadeia, ouve falar das “obras de Cristo” e manda que dois discípulos fossem perguntar a Jesus: “O senhor é aquele que ia chegar ou devemos esperar outro?”.
Através desta pergunta, fica claro que para João Batista, o agir de Jesus não coincide com suas expectativas messiânicas, com seu anúncio de um Messias de julgamento e de condenação que ele mesmo anunciou (cf. Mt 3.1-11). É que o falar e o agir de Jesus, tal como Mateus nos narrou até aqui, não estão tornando presente o julgamento de Deus, mas sua Misericórdia.
Jesus responde aos discípulos de João que vão contar-lhe, outra vez, quais são suas obras, o que ouvem e veem. O que ouvem se referiria ao Sermão da Montanha (Mt 5–7) e o que veem dos milagres e curas (Mt 8–9).
A resposta de Jesus remete claramente a alguns textos do Antigo Testamento, de modo particular os do profeta Isaías, onde aparecem a cura dos cegos, dos paralíticos e dos surdos como o efeito-sinal da vinda salvadora de Deus a seu povo. Vale dizer que, se tudo está acontecendo, é sinal claro de que Deus chegou, fez-se presente em Jesus. Portanto, Jesus é o Messias prometido pelo profeta Isaías, não é o Messias do juízo e da condenação, mas da compaixão e da misericórdia para com os débeis e necessitados. Com sua resposta, Jesus procura fazer com que João Batista, ao voltar a escutar falar das “obras de Cristo”, reconheça nelas o cumprimento do que foi anunciado pelo profeta Isaías.
No que se segue, Jesus fala agora às pessoas e resgata a pessoa e a missão do Batista para além de sua confusão e desilusão. João Batista foi um profeta, e o maior dentre eles; nele se cumpriu a profecia de Malaquias acerca da vinda de Elias como precursor do Messias. Contudo, mesmo com toda a sua grandeza, João Batista ainda pertence ao Antigo Testamento, anunciou a chegada do Reino, mas não pôde entrar nele, vê-lo presente e operante no agir de Jesus. Por isso, o menor no Reino é maior do que ele. Sua missão de precursor foi necessário para recordar as promessas de Deus, mas o cumprimento delas superou amplamente as expectativas. Algo novo Deus está realizando, e o não compreender isso pode gerar decepção.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
É tradição que este Terceiro Domingo do Advento se caracterize pelo tema da alegria. Alegria que brota de determinada esperança na vinda do Senhor. O Senhor está perto, o Natal está próximo, a salvação está vizinha. E esta esperança gera alegria, júbilo no coração. Alegria que constitui a essência do evangelho, tal como no-lo recorda o Papa Francisco: “A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria” (Evangelii Gaudium nº 1).
O evangelho oferece-nos como motivo de alegria o fato de Jesus ter vindo trazer, em primeiro lugar, não o juízo de Deus (que continua em vigor, mas é deixado para o fim dos tempos), mas a misericórdia e o perdão.
E onde fica a conversão que João Batista nos pedia no domingo passado, a fim de termos acesso ao Reino? A conversão continua sendo necessária, mas adquiriu novo sentido. A conversão implica purificar ou retificar o objeto de nossa esperança O próprio João Batista teve de aceitar esta purificação, pois esperava e anunciava um Messias com outro estilo. H. U. von Balthasar expressa-o belamente: “Ele havia esperando um homem poderoso, que batiza com Espírito e fogo. E no evangelho aparece agora um homem doce que ‘não apaga a luz que já está fraca’ (Is 42.3”.
Portanto, a confusão de João Batista surgiu, no fundo, porque suas expectativas não coincidam com a manifestação de Deus em Jesus, não entrava em seus esquemas pré-estabelecidos. Então, aqui é necessária a conversão no sentido etimológico de metánoia, mudança de mentalidade, a fim de entender a lógica de Deus, que é a do amor, que salva, cura e perdoa primeiro; que se doa e se entrega totalmente, esperando, em seguida, nossa resposta sincera. Assim, a conversão consiste, antes de mais nada, na aceitação do amor de Deus, de sua vontade de salvar-nos, renunciando à ilusória pretensão de querer salvar-nos a nós mesmos.
A propósito, dizia o Papa Francisco no Angelus de 11 de dezembro de 2016: “Deus entrou na história para nos libertar da escravidão do pecado; montou a sua tenda no meio de nós para partilhar a nossa existência, curar as nossas chagas, ligar as nossas feridas e doar-nos a vida nova. A alegria é o fruto desta intervenção de salvação e de amor de Deus. […] Hoje somos convidados a rejubilar pela vinda iminente do nosso Redentor; e estamos chamados a partilhar esta alegria com os outros, oferecendo conforto e esperança aos pobres, aos doentes, às pessoas sozinhas e infelizes. A Virgem Maria, a ‘serva do Senhor’, nos ajude a ouvir a voz de Deus na oração e a servi-lo nos irmãos com compaixão, para chegar prontos ao encontro com o Natal, preparando o nosso coração para acolher Jesus”.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Que espero da visita de Deus em minha vida neste Natal?
2. Já experimentei a misericórdia de Deus, ou ainda tenho medo de seu julgamento?
3. Que me impede abrir-me totalmente à ação de Deus em minha vida?
4. Consigo conservar a alegria interior que o Senhor me concede para além das adversidades da vida?
5. Procuro levar alegria aos demais, especialmente aos mais esquecidos?
3. ORAÇÃO O que respondo ao Senhor que me fala no texto? |
Obrigado, Jesus, por me chamares sempre mais à conversão.
Obrigado pela pessoa de João Batista.
Neste tempo, quero que me arranque de meus esquemas.
Não permitas que te encaixilhe.
Que a alegria de tua chegada me leve
a achegar-me aos outros, especialmente aos mais esquecidos.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, que eu possa experimentar autêntica alegria por tua chegada”
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, proponho-me ter um gesto com alguém de meu ambiente, manifestando-lhe alegria pelo que foi partilhado.
“Felizes os que estão atentos às necessidades dos outros, sem sentir-se indispensáveis,
porque serão distribuidores de alegria”.
São Tomás Moro
Dom Damián Nannini é bispo da Diocese de San Miguel (Argentina); licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma.