Duis lobortis mi risus commodo
20 de abril de 2018Jesus, o pastor verdadeiro (JO 10, 1- 10)
23 de abril de 2018PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Vem, Espírito Santo, e enche-me com a força da Ressurreição.
Vem, Espírito Santo, e renova-me para crer no Ressuscitado.
Vem, Espírito Santo, neste caminho pascal,
para que junto a outros, possa ser testemunha da Boa Nova.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: João 10.11-18
Jesus, o bom pastor
11 — Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a vida pelas ovelhas. 12Um empregado trabalha somente por dinheiro; ele não é pastor, e as ovelhas não são dele. Por isso, quando vê um lobo chegando, ele abandona as ovelhas e foge. Então o lobo ataca e espalha as ovelhas. 13O empregado foge porque trabalha somente por dinheiro e não se importa com as ovelhas. 14-15Eu sou o bom pastor. Assim como o Pai me conhece, e eu conheço o Pai, assim também conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem. E estou pronto para morrer por elas. 16Tenho outras ovelhas que não estão neste curral. Eu preciso trazer essas também, e elas ouvirão a minha voz. Então elas se tornarão um só rebanho com um só pastor.
17 — O Pai me ama porque eu dou a minha vida para recebê-la outra vez. 18Ninguém tira a minha vida de mim, mas eu a dou por minha própria vontade. Tenho o direito de dá-la e de tornar a recebê-la, pois foi isso o que o meu Pai me mandou fazer.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
- · Quais atitudes diferenciam o bom pastor do empregado?
- · Que tipo de vínculo o pastor cria com suas ovelhas?
- · Quantos grupos de ovelhas existem e o que o bom pastor procura fazer com todas elas?
- · A quem Jesus se refere com esta comparação do pastor e das ovelhas?
- · Que relação Jesus tem com seu Pai?
Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini[1]
A dupla apresentação que Jesus faz de si mesmo como “bom Pastor” permite dividir em duas partes este trecho do discurso do capítulo 10 do evangelho de são João: vv. 11-13 e vv. 14-18.
Recordemos que a imagem do pastor era comum no antigo Oriente, onde os reis costumavam designar a si mesmos como pastores de seus povos. Isto também acontecia em Israel, com a particularidade de que Moisés e Davi, antes de serem chamados a converter-se nos maiores chefes e guias do povo de Deus, haviam sido concretamente pastores de rebanhos. No evangelho de João, vemos que Jesus se apresenta a si mesmo como o bom Pastor, em quem o próprio Deus vela por suas ovelhas, reunindo os seres humanos e conduzindo-os à verdadeira pastagem.
Na primeira parte (10.11-13), Jesus expõe uma primeira característica sua como Pastor, que o qualifica como verdadeiro e autêntico: “O bom pastor dá a vida pelas ovelhas”. Esta expressão significa que o pastor autêntico está disposto a morrer pelas ovelhas. Esta ação/atitude de Jesus, bom Pastor, contrapõe-se imediatamente às ações/atitudes do “empregado”, que trabalha somente pela paga; com efeito, enquanto o pastor autêntico dá sua vida pelas ovelhas porque as considera próprias, o empregado, a quem não pertencem as ovelhas, diante do perigo, abandona-as e foge, não se preocupa com elas.
Em 10.14, começa a segunda parte, com uma nova autoapresentação de Jesus e com a descrição da segunda característica própria do pastor autêntico: o conhecimento recíproco entre o pastor e suas ovelhas. No evangelho de João, o conhecimento é “comunhão de vida”, e o conhecimento-comunhão entre o pastor e suas ovelhas se compara com o conhecimento-comunhão que existe entre o Pai e o Filho.
Observemos que entre estas duas características distintivas do bom pastor – dar a vida pelas ovelhas e ter um vínculo de conhecimento-comunhão com elas – há uma estreita relação. Mas, concretamente, o vínculo se dá entre a “pertença” das ovelhas ao autêntico pastor, que é o que motiva sua entrega, e o “conhecimento mútuo”. De fato, “o bom pastor oferece a vida por suas ovelhas por causa desta relação profunda, pessoal, cheia de amor. Não faz como mercenário, que não tem uma relação profunda com as ovelhas. Com efeito, as ovelhas não pertencem ao mercenário; ele vê nelas somente o proveito que delas pode tirar, e quando ver aproximar-se o lobo, não o enfrenta, mas foge e abandona as ovelhas” (A. Vanhoye).
No v. 16, Jesus interrompe o fio de seu discurso para fazer referência a outras ovelhas que não estão no curral, as quais escutarão sua voz e serão conduzidas por ele, de modo que haverá um só rebanho e um só pastor. Com esta frase, faz-se alusão à abertura aos pagãos, aos judeus, que serão chamados pelo próprio Jesus a incorporar-se a seu rebanho.
Em Jo 10.17-18, retoma-se e desenvolve-se o tema da entrega da vida de Jesus e do amor do Pai por ele em razão deste fato. De modo particular, enfatiza-se a liberdade com que Jesus entrega sua vida, insistindo em que tem poder para dispor de sua vida, para dá-la e para recuperá-la. E, como pastor genuíno, oferece-a por amor ao Pai e aos homens.
O que o Senhor me diz no texto?
Este dia é chamado de “Domingo do Bom Pastor”, e nele somos convidados a reconhecer Jesus como nosso Bom Pastor Ressuscitado, presente em nossa vida e exercendo também hoje seu ofício pastoral. E como Jesus exerce sua ocupação de pastor? Como o fez em seu tempo e tal como no-lo descreve o evangelho de hoje ao apresentar-nos três características que definem a “ação pastoral” de Jesus:
1. Dá sua via por nós. E sabemos que “não há maior amor do que dar a vida”; portanto, é dessa maneira que Jesus vive e expressa seu grande amor para conosco, por cada um de nós.
2. Em segundo lugar, Jesus, como bom pastor, busca a unidade do rebanho, amplia seu horizonte a outras ovelhas, não se fecha nas que já estão com ele, mas se preocupa e se ocupa com as que ainda não pertencem ao único rebanho de Deus.
Nosso olhar deve dirigir-se, pois, a Jesus Cristo que, “ontem, hoje e sempre”, é o Pastor verdadeiro, autêntico, bom. E junto a isso, precisamos recordar que Deus, em sua sábia pedagogia da encarnação, chama e escolhe alguns homens que, com todas as suas qualidades e talentos, mas também com toda sua carga de fragilidade próprio do ser humano, sejam os sinais sacramentais de Jesus Bom Pastor. E o serõ na medida em que viverem as atitudes de Jesus Bom Pastor, descritas no evangelho de hoje.
O Papa Francisco recorda-nos em sua mensagem para a Jornada Mundial de Oração pelas Vocações deste ano: “O Senhor continua hoje a chamar para O seguir. Não temos de esperar que sejamos perfeitos para dar como resposta o nosso generoso «eis-me aqui», nem assustar-nos com as nossas limitações e pecados, mas acolher a voz do Senhor com coração aberto. Escutá-la, discernir a nossa missão pessoal na Igreja e no mundo e, finalmente, vivê-la no «hoje» que Deus nos concede”.
No entanto, como em quase todas as coisas, junto ao autêntico e verdadeiro, encontram-se também o enganoso e o falso. E, neste caso, Jesus contrapõe-se ao “empregado”, que não é pastor nem se ocupa do rebanho. Santo Agostinho, em um dos seus sermões sobre os pastores, faz uma descrição atualizada do “empregado”: “Na Igreja, há alguns – dos quais fala o Apóstolo – que anunciam o Evangelho por conveniência, ou elogio humano. Buscando a todo custo receber recompensa, eles evangelizam não tanto em vista da salvação daquele a quem anunciam o Evangelho, quanto de seu próprio interesse. Contudo, aquele que escuta o anúncio da salvação por meio de alguém que não a possui, se crê naquilo que ele anuncia, e não coloca sua esperança naquele por meio do qual lhe é anunciada a salvação, este que recebe o anúncio obterá um ganho; mas o que a anuncia, sofrerá prejuízo”.
Enfim, celebremos nosso autêntico e único Pastor, Jesus Cristo Ressuscitado. Somente em seu nome se encontra a salvação. Somente ele pode levar-nos ao Pai e fazer-se, de verdade, seus filhos, boas ovelhas de seu rebanho. E como diz Santo Agostinho: “Se existem boas ovelhas, haverá também bons pastores, pois do meio das boas ovelhas, saem bons pastores” (Sermão 46).
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
- · Creio firmemente que Jesus está presente em minha vida e me “pastoreia”?
- · Em que momentos e situações experimentei isso com mais força?
- · Procuro “escutar”, “discernir” e “viver” o que Deus me pede em minha vida concreta?
- · Descobrir a vocação e a missão que Deus me encomendou nesta vida?
- · Rezo para que nunca faltem na Igreja os bons pastores, a exemplo de Jesus, Bom Pastor?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, porque teu amor tudo supera.
Obrigado porque escolheste entregar-te por mim.
És o único capaz de conhecer-me intimamente,
aonde ninguém chega.
Obrigado, Bom Pastor, por esta comunhão de vida.
Que eu saiba vivê-la contigo e também com meus irmãos.
Faze-me ser realizador de comunhão.
Afasta de mim o ser mercenário.
Que não fuja, não escape.
Que não busque nem conveniências nem vantagens.
Que este amor diferente, teu amor pastoral,
impregne toda a minha vida e que eu também a entregue aos demais.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, Bom Pastor, que eu saiba escutar tua voz e discernir o que me pedes para viver a teu modo”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, comprometo-me a partilhar um momento fraterno com o sacerdote que pastoreia minha comunidade. Se não for possível, ofereço-lhe uma oração confiada a Jesus, Bom Pastor.
“Se existem boas ovelhas, haverá também bons pastores,
pois do meio das boas ovelhas, saem bons pastores”.
Santo Agostinho
[1] Pe. Damián Nannini: sacerdote da Arquidiocese do Rosário (Argentina); Licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma; Diretor da Escola Bíblia do CEBITEPAL – CELAM.