Escolhe, pois, a vida (Mt 14, 1-12)
2 de agosto de 2014Todos os que a tocaram, ficaram curados (Mt 14, 22-37)
4 de agosto de 2014PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Vem, Espírito Santo!
Abre-me o ouvido do coração para que perceba tuas mais íntimassugestões,
aquelas que me ditas no oculto do meu interior,
e faze com que as acolha com obediência amorosa,
para que seja meu gozo e minha alegria seguir em tudo tua vontade.
Que não eu não invente o caminho pelo qual hei de seguir,
mas que me acompanhe a certeza de que obedeço ao que procede de ti.
Tu sempre me deixas conhecê-lo pela paz interior, unida a essa obediência.
Ángel Moreno, Buenafuente del Sistal
TEXTO BÍBLICO: Mateus14.13-21
Jesus alimenta uma multidão
Marcos 6.30-44; Lucas 9.10-17; João 6.1-14.
¬
13Ao saber o que havia acontecido, Jesus saiu dali num barco e foi sozinho para um lugar deserto. Mas as multidões souberam onde ele estava, vieram dos seus povoados e o seguiram por terra.14Quando Jesus saiu do barco e viu aquela grande multidão, ficou com muita pena deles e curou os doentes que estavam ali.
15De tardinha, os discípulos chegaram perto de Jesus e disseram:
— Já é tarde, e este lugar é deserto. Mande essa gente embora, a fim de que vão aos povoados e comprem alguma coisa para comer.
16Mas Jesus respondeu:
— Eles não precisam ir embora. Deem vocês mesmos comida a eles.
17Eles disseram:
— Só temos aqui cinco pães e dois peixes.
18— Pois tragam para mim! — disse Jesus.
19Então mandou o povo sentar-se na grama. Depois pegou os cinco pães e os dois peixes, olhou para o céu e deu graças a Deus. Partiu os pães, entregou-os aos discípulos, e estes distribuíram ao povo.20Todos comeram e ficaram satisfeitos, e os discípulos ainda recolheram doze cestos cheios dos pedaços que sobraram.21Os que comeram foram mais ou menos cinco mil homens, sem contar as mulheres e as crianças.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Padre Daniel Kerber
Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Quando Jesus desceu do barco, o que sentiu pelas pessoas que o seguiam? O que os discípulos sugeriram que Jesus fizesse com as pessoas? O que tinham os discípulos para comer? O que fez Jesus com o que os discípulos apresentaram? Quantos homens Jesus alimentou?
Algumas considerações para uma leitura proveitosa…
Depois de concluir o discurso das parábolas no domingo passado (Mt 13.44-52), Mateus apresenta-nos Jesus dando de comer à multidão. O ensinamento do Senhor mostra-se em palavras e obras.
O texto pode ser dividido em três partes. A primeira parte relaciona-se com o texto anterior e nela se apresenta a situação e suas personagens (vv. 13-14); em seguida, vem o diálogo de Jesus com seus discípulos, que lhe pedem que mande embora as pessoas; Jesus, por sua vez, convida-os a que eles mesmos lhes deem de comer (vv. 15-17); por fim, os vv. 18-21 narram como Jesus dá de comer às pessoas e se recolhe o que sobra.
Jesus fica sabendo da morte de João Batista (v. 13) e procura um lugar afastado, talvez para dar vazão à dor. No entanto, a multidão se inteira disso, e quando Jesus chega ao lugar para onde se dirigia, as pessoas já se achavam ali, e ele sente compaixão por elas. Havia-se afastado para um lugar reservado a fim de lidar com sua dor; contudo, deixa-a de lado para atender à necessidade dessas pessoas.
Quando o dia está terminando, os discípulos, que viram o mestre compadecer-se da multidão, agora aprendem, eles próprios, a ver a necessidade dos que seguem a Jesus, e dizem-lhe que os despeça para que vão comprar alimento para si (v. 15). Jesus, porém, desafia-os com uma contraproposta: “Deem vocês mesmos comida a eles”. Ao que os discípulos respondem com o pouco que têm, como a dizer: “O que temos não é suficiente” (cf. Lc 9.13; Jo 6.9). E Jesus ordena que tragam até ele.
Os discípulos lhe apresentam tudo o que têm: é pouco, mas com esse pouco, Jesus dá de comer. No entanto, não é o próprio Jesus quem dá de comer, mas aqueles aquem ele havia dito:“Deem vocês mesmos comida a eles”. Antes, porém, ele mesmo faz o que lhes havia ordenado: dá o pão a seus discípulos para que sejam eles a dar de comer à multidão (v. 19). Jesus ordena-lhes algo que parece impossível: dar de comer a uma multidão. Os discípulos constatam o pouco que têm, mas colocam tudo nas mãos do Senhor, e ele se encarrega de fazer o resto.
A maneira como está narrado o fato – “pegou os cinco pães e os dois peixes… deu graças a Deus. Partiu os pães, entregou-os aos discípulos…”– é uma invocação clara da instituição da eucaristia, na qual se repetem os mesmos verbos (cf. Mt 26.26), o que nos mostra que uma das formas pelas quais o Senhor tem compaixão do povo e lhe dá de comer é também a celebração da eucaristia. O pão multiplicado sobra, e com isso se enchem doze cestos – um para cada discípulo? O Senhor está a dizer-lhes que, com o que sobrou, agora eles têm que continuar a repartir entre as pessoas famintas o pão, o pão da Palavra do Senhor e da própria Eucaristia? Estas são algumas das perguntas que o texto nos deixa.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
No dia 2 de junho de 2013, na recitação do Angelus, o Papa Francisco propôs uma reflexão a propósito a cena apresentada no evangelho. Meditemos a proposta do Santo Padre:
“Jesus sabe bem o que fazer, mas quer responsabilizar os seus discípulos, quer educá-los. A atitude dos discípulos é humana, pois procura a solução mais realista, que não crie demasiados problemas: Despede a multidão — dizem — e que cada qual se arranje como puder; de resto, já fizeste tanto por eles: pregaste, curaste os enfermos… Despede a multidão!
A atitude de Jesus é claramente diferente, pois é ditada pela sua união com o Pai e pela compaixão em relação às pessoas, por aquela piedade de Jesus para com todos nós: Jesus sente os nossos problemas, sente as nossas fraquezas, sente as nossas necessidades. Diante daqueles cinco pães, Jesus pensa: eis a providência! Deste pouco, Deus pode encontrar o necessário para todos. Jesus confia totalmente no Pai celeste, sabe que a Ele tudo é possível. Por isso, pede aos discípulos que mandem as pessoas sentar-se em grupos de cinquenta — e isto não é casual, porque significa que já não são uma multidão, mas tornam-se comunidades, alimentadas pelo pão de Deus. Em seguida, toma aqueles pães e peixes, eleva os olhos ao céu, recita a bênção — é clara a referência à Eucaristia — e depois parte-os e começa a dá-los aos discípulos para que eles os distribuam… e os pães e os peixes já não acabam, não acabam! Eis o milagre: mais do que uma multiplicação, trata-se de uma partilha, animada pela fé e pela oração. Todos comeram e sobejou: é o sinal de Jesus, pão de Deus para a humanidade.
Os discípulos viram, mas não entenderam bem a mensagem. Como a multidão, também eles foram levados pelo entusiasmo do sucesso. Mais uma vez seguiram a lógica humana, e não a lógica de Deus, que é feita de serviço, de amor e de fé.
Agora perguntemo-nos:
O que você sente quando ouve a voz de Jesus que lhe diz: “Dê de comer à multidão?” Em sua vida, você tem percebido que Deus lhe dá tudo o de que você necessita para viver? Você considera que a Eucaristia é a resposta de Jesus para um mundo faminto?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Senhor, dá-me, dá-nos um coração aberto, acolher, solidário, um coração grande,
capaz de abrir-se aos pobres, a teus preferidos, e que esteja sempre ao lado deles,
que não se feche ao necessitado, que eu o sinta como minha carne.
E dá-me um coração compassivo, que tenha as entranhas de uma mãe.
Dilata bem meu coração, para que ninguém fique de fora;
um coração generoso, vazio e livre de si mesmo,
capaz de partilhar, de entregar-se e de lutar por um mundo justo, novo.
Um coração que confie nos outros, nos que sofrem, nos enfermos, nos pobres.
Dá-me, dá-nos, Senhor, um coração novo, um coração que te agrade.
Pérez de Mendiguren
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Senhor, não quero ser indiferente às necessidades de meus irmãos;
Ajuda-me a ser testemunha de abandono em Ti.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Agradecerei diariamente porque o Senhor percebe a necessidade de seu povo e o alimenta; convidarei também minha família a fazer uma oração de ação de graças a cada refeição da semana.
“Na oração, há um obstáculo que consiste em pensar que a Providência de Deus não se ocupa das coisas deste mundo”.
São Tomás de Aquino