Confiar plenamente
18 de setembro de 2017Qual o sentido do seu riso e das suas lágrimas? (Lucas 7, 31-35)
20 de setembro de 2017Leitura: Lucas 7, 11-17
Pouco tempo depois Jesus foi para uma cidade chamada Naim. Os seus discípulos e uma grande multidão foram com ele. Quando ele estava chegando perto do portão da cidade, ia saindo um enterro. O defunto era filho único de uma viúva, e muita gente da cidade ia com ela. Quando o Senhor a viu, ficou com muita pena dela e disse:
— Não chore.
Então ele chegou mais perto e tocou no caixão. E os que o estavam carregando pararam. Então Jesus disse:
— Moço, eu ordeno a você: levante-se!
O moço sentou-se no caixão e começou a falar, e Jesus o entregou à mãe. Todos ficaram com muito medo e louvavam a Deus, dizendo:
— Que grande profeta apareceu entre nós! Deus veio salvar o seu povo!
Essas notícias a respeito de Jesus se espalharam por todo o país e pelas regiões vizinhas.
Oração:
No evangelho de hoje, vemos Jesus trazer de volta à vida alguém que estava morto. Antes de Jesus, no tempo de Jesus e também depois de sua ressurreição, contudo, vários que morreram permaneceram mortos. As pessoas continuam morrendo. Que nos diz, então, a Palavra? Por que Jesus realiza esse sinal?
O primeiro detalhe bonito da passagem talvez passe despercebido devido ao escândalo do milagre. Está aqui: “Quando o Senhor a viu, ficou com muita pena dela”. Outras traduções trazem que ele “ficou comovido”. Jesus sabia o destino daquele menino, morto há poucas horas. Jesus sabia como viveria sua mãe. Jesus conhece o Amor pelo qual somos amados, do qual sequer nós temos plena consciência. Mesmo assim, ele sofre com nosso sofrimento. Um Deus tão alto não teria por que se comover; mas Deus, que se abaixou, sente, com seu povo, sua dor. Jesus olha a mulher, já viúva, a perder seu filho único. Sonda sua solidão e desamparo. Sente. Comove-se. Jesus nos diz que não sofremos sozinhos. Mesmo que não houvesse ali uma multidão… mesmo que essa viúva tivesse nenhum amigo, não estaria só. O Pai mesmo sofre a dor de cada filho e cada filha.
O outro detalhe bonito da passagem é explicitado pelo fato mais aparente, que é a vida nova que recebe o rapaz. Se temos de reconhecer que a morte é destino inexorável de nosso corpo, a imagem de um corpo que, morto, volta a viver, fala-nos do que Deus pode fazer em todas as dimensões da vida de seus filhos: dar vida e dar vida de novo. Mesmo antes da morte, é comum sentirmos que, ao longo do caminho, morremos pouco a pouco. Às vezes, sentimos que morre em nós a raiva, a capacidade de guardar rancor, o remorso, as maiores tristezas… essas mortes são fruto da vida com o Espírito! No entanto, é comum também que experimentemos, em algum ponto da vida, que nos morre a alegria, a capacidade para amar, o desejo de viver… acordamos, mas nos falta a coragem… levantamo-nos, mas nos falta uma razão para continuar caminhando. Essas mortes não são queridas por Deus nem são fruto da companhia d’Ele. Acontecem sem que haja explicação necessariamente. Ele, porém, é capaz de nos reavivar, pois é o Pai da alegria.
Peçamos ao Espírito que a vida de oração com a Palavra nos conduza ao reconhecimento de que o Pai caminha conosco em cada curva e chora conosco nosso choro. Peçamos ao Espírito, também, que seja o sopro que reaviva o que em nós morreu e tem de viver.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte