Venham a mim todas a crianças! Mt 19, 13-15
18 de agosto de 2018O moço rico (MT 19, 16 – 22)
20 de agosto de 2018PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, toca meu coração
e faze com que nele a Palavra
encontre um lugar para crescer.
Espírito Santo, toca minha vontade, para que minhas ações
sejam impulsionadas pelo Evangelho.
Espírito Santo, toca minha vida,
para que possa encontrar-me com meus irmãos
e formar comunidade, anunciando a vida nova que Jesus nos traz.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: João 6.51-59
Jesus, o pão da vida
51Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Se alguém comer desse pão, viverá para sempre. E o pão que eu darei para que o mundo tenha vida é a minha carne.
52Aí eles começaram a discutir entre si. E perguntavam:
— Como é que este homem pode dar a sua própria carne para a gente comer?
53Então Jesus disse:
— Eu afirmo a vocês que isto é verdade: se vocês não comerem a carne do Filho do Homem e não beberem o seu sangue, vocês não terão vida. 54Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. 55Pois a minha carne é a comida verdadeira, e o meu sangue é a bebida verdadeira. 56Quem come a minha carne e bebe o meu sangue vive em mim, e eu vivo nele. 57O Pai, que tem a vida, foi quem me enviou, e por causa dele eu tenho a vida. Assim, também, quem se alimenta de mim terá vida por minha causa. 58Este
é o pão que desceu do céu. Não é como o pão que os antepassados de vocês comeram e mesmo assim morreram. Quem come deste pão viverá para sempre.
59Jesus disse isso quando estava ensinando na sinagoga de Cafarnaum.
1. LEITURA
Que diz o texto?
* Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Qual o convite que Jesus faz a seus ouvintes?
2. Por que os judeus discutem? O que lhes é custoso aceitar entre as coisas que Jesus disse?
3. O que significa “comer” a carne e “beber” o sangue de Jesus?
4. Que efeito tem “alimentar-se” de Jesus, que se nos oferece, e que efeito tem não fazê-lo?
5. Que diferença existe entre o pão que comeram no deserto e este que Jesus nos dá?
* Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini1
Com o texto de hoje se encerra o discurso de Jesus na sinagoga de Cafarnaum (6.59). Do evangelho lido no domingo passado, recordemos que Jesus havia afirmado que o Pai nos dava a graça de crer e, ao mesmo tempo, nos alimentava com o Pão de vida; para terminar, identificava o pão de Vida com sua carne entregue para a vida do mundo (c. 51).
Pois bem, os judeus entendem estas expressões de Jesus em sentido literal (“Como é que este homem pode dar a sua própria carne para a gente comer?”) e, por isso, escandalizam-se e discutem entre si (v. 52), mostram-se violentos.
Jesus, então, responde-lhes insistindo na necessidade de alimentar-se de sua carne e de seu sangue para ter vida eterna (vv. 53-54). E isto porque sua carne é verdadeira comida e seu sangue é verdadeira bebida (v. 55). Se o que fora dito antes soava forte e insuportável aos ouvintes de Jesus, estas afirmações provocam-lhes exasperação maior, porquanto Jesus declara solenemente que não apenas é preciso comer sua carne, mas também beber seu sangue para ter vida. Esta última exigência, beber sangue, estava explicitamente condenada pelo Antigo Testamento (cf. Gn 9.4; Dt 12.16,23; Lv 3.17).
Recordemos que a palavra “carne” indica a condição terrena e mortal de Jesus, e que o sangue simboliza a vida, particularmente a vida entregue, doada por Jesus. Temos, portanto, uma clara alusão à entrega sacrifical de Cristo pela redenção dos homens.
Há um dato que não deve passar despercebido ao leitor: Jesus fala da carne e do sangue do “Filho do Homem”, expressão que designa um ser celestial e glorioso, com o qual Jesus se identifica. Ou seja, a carne e o sangue que se oferecem como alimento necessário para ter vida não pertencem a um cadáver, mas são carne e sangue glorificados.
Nos versículos 54-58, aparecem ideias novas muito importantes. Em primeiro lugar, afirma-se que o verdadeiro pão descido do céu é a carne de Cristo entregue pela vida do mundo. Aparece também o sangue como verdadeira bebida. Estes elementos fazem referência claramente à Eucaristia como sacramento da entrega sacrifical e salvífica de Jesus em sua paixão e morte, em sua entrega em obediência ao Pai. Trata-se, portanto, da participação em um banquete sacrifical. É nova também a passagem do comer como assimilação da Pessoa de Jesus pela fé, o comer como assimilação da Eucaristia, de comungar, diríamos hoje. Convém notar que ambas as ações – “crer” e “comungar – têm o mesmo efeito: dão vida eterna, a ressurreição no último dia (v. 54,58).
No que se segue, Jesus explicita outras consequências, efeitos ou frutos que se derivam do comer sua carne e do beber seu sangue:
3 Em primeiro lugar, “vive em mim e eu vivo nele” (v. 56). Há uma mútua permanência e um vínculo estável entre Jesus e aquele que come de sua carne e bebe de seu sangue.
3 Em segundo lugar, mostra-nos a fonte e a orientação da verdadeira vida: “O Pai, que tem a vida, foi quem me enviou, e por causa dele eu tenho a vida. Assim, também, quem se alimenta de mim terá vida por minha causa” (v. 57). Este viver por Jesus “significa que quem come o corpo de Cristo vive ‘dele’, ou seja, em virtude da vida que provém dele, e vive “para” ele, isto é, para sua glória, seu amor, seu reino. Como Jesus vive do Pai e para o Pai, assim também, ao comungarmos do santo mistério de seu corpo e de seu sangue, vivemos de Jesus e para Jesus “ (R. Cantalamessa).
3 Em terceiro lugar está o fruto da vida eterna: “Quem come deste pão viverá para sempre” (v. 58). Como vimos, este fruto já se concedia a quem recebesse Jesus na fé.
O que o Senhor me diz no texto?
Na meditação do evangelho, é importante que nos animemos a passar pela porta da fé a fim de ingressar na dimensão do mistério de Deus. E uma vez tendo entrado, vamos ter uma grande surpresa. Sim, uma verdadeira surpresa, porque descobriremos que o mistério de Deus nos revela o mais humano de nossa humanidade.
De fato, nada é tão humano como a necessidade do pão para viver. Nada tão profundamente humano como a necessidade de sentir-se amado e de amar, para que a vida tenha sentido e plenitude. E sabemos, por experiência, que tanto a vida como o amor são dons: é preciso recebê-los. E nada nos move tanto a amar como o fato de sentir-nos amados. E também a experiência nos ensina que à medida que amamos e nos entregamos, a vida torna-se fecunda e se enche de sentido.
Levemos isto para o plano sobrenatural, para o mistério de Deus, e compreenderemos o que é a Eucaristia.
A Eucaristia é um pão que temos de comer e um vinho que temos de beber, receber com fé, para poder ter vida eterna. Porque o pão se converteu no corpo de Cristo entregue, e o vinho no sangue de Cristo derramado por amor aos homens.
A Eucaristia é a manifestação concreta e pessoal do amor de Jesus, que se ofereceu e se oferece a si mesmo para que tenhamos vida eterna. Ao receber a Eucaristia, podemos dizer com São Paulo: “…que me amou e se deu a si mesmo por mim” (Gl 2.20). Na medida em que recebemos seu corpo e sangue, recebemos o próprio Jesus feito pão, Eucaristia, e começamos a sentir a vida nova que nos impele a prolongar seu dinamismo de entrega e de amor para que outros tenham vida e a tenham em abundância. É verdade o que diz
a canção: a Eucaristia é milagre de amor e é presença do Senhor. Cristo em pessoa vem-nos libertar de nosso egoísmo e da divisão fatal.
Hoje o evangelho nos leva diretamente ao mistério eucarístico apresentado como presença real de Jesus glorificado, a quem devemos receber com fé. Embora seja certo que os sacramentos operam por sua própria força, não é menor a necessidade da fé para recebê-los frutuosamente. Se não experimentamos que Jesus mora em nós e nós nele, se não sentimos a influência misteriosa da graça que nos leva a viver por Jesus, a prolongar sua missão que vem do Pai, significa que nos falta maior fé neste mistério. Porque a fé, aqui, é a chave que abre por dentro nosso coração para que seja habitado por Jesus; mais ainda, para que seja transformado nele, a ponto de viver sua mesma vida e ter seus mesmos sentimentos, para sempre.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Busco ir além de meus raciocínios para abrir-me à luz superior da fé?
2. Já cheguei a experimentar que quanto mais conheço a Deus pela fé mais me descubro a mim mesmo?
3. Creio na presença real de Jesus na Eucaristia?
4. Já experimentei a grandeza do amor de Jesus que quis alimentar-me com sua própria vida?
5. Minhas comunhões são frias e rotineiras ou inflamam em mim a chama do amor a Deus e aos outros?
6. Já senti a alegria de alimentar a vida de outras pessoas com minha entrega amorosa?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por te doares.
Obrigado por teu corpo, que é comida.
Que eu saiba comungar-te não somente
na Eucaristia, mas também crendo em ti.
Que eu possa experimentar que
ao comer teu corpo e beber teu sangue,
Tu mesmo habitas em mim e eu em ti.
Livra-me de tornar nosso encontro rotineiro e frio.
Faze com que minha entrega alimente a vida de meus irmãos
para continuarmos vivendo segundo teu projeto.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, que eu possa, com meus gestos, comungar com teu projeto”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, convidarei um amigo a partilhar a Eucaristia.
“O mistério do homem só se esclarece à luz do mistério de Cristo,
Verbo Encarnado.”
São João Paulo II