Coerência cristã (Lucas 9,43b-45)
27 de setembro de 2014“Ó Senhor, ensina-me os teus caminhos! Faze com que eu os conheça bem”
28 de setembro de 2014Naquele tempo, todos estavam admirados com todas as coisas que Jesus fazia. Então Jesus disse a seus discípulos: “Prestai bem atenção às palavras que vou dizer: O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens”. Mas os discípulos não compreenderam o que Jesus dizia. O sentido lhes ficava escondido, de modo que não podiam entender; e eles tinham medo de fazer perguntas sobre o assunto.
Lendo este texto, percebo que, em passagem anterior da narração de Lucas, Jesus já fizera afirmação semelhante à deste texto: “que o filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado por parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos escribas…” (Lc 9, 22).
Não é de se estranhar que as pessoas se admirassem com as coisas que Jesus fazia. Lucas nos relata vários sinais de Jesus: acalmar a tempestade, cura de um possesso, cura da hemorroíssa e da filha de Jairo, multiplicação dos pães e peixes etc.
Muitas pessoas o procuravam por causa desses sinais, crendo que Ele fosse o Messias esperado, investido de um poder temporal que o faria libertar o povo de Israel da dominação romana.
Mas Jesus percebe esse equívoco. Ele sabe que, antes de ser glorificado, deveria sofrer, ser entregue nas mãos dos homens. “Meu Reino não é deste mundo”, ele diria depois. Por isso, Ele pede a atenção dos discípulos e diz novamente que o Filho do homem deveria sofrer. E dirá isso outras vezes.
Entendo que Jesus quer nos mostrar algo de muito importante. Seu compromisso com a verdade não o fez recuar diante do sofrimento. Toda a sua vida foi uma entrega incondicional à vontade do Pai, que Ele entendia ser um projeto de amor à humanidade. Nada o faria se desligar do Pai, mesmo os momentos mais dolorosos, em que Ele se sentiu só. Sua enorme coerência o fez ser um homem que fazia aquilo que pregava e tudo o que fazia era bom. O alerta aos discípulos era para que eles se afinassem com este projeto de amor de Deus, percebendo que um libertador não é o que vem montado em glória e é capaz de subjugar para alcançar a liberdade de seu povo. Jesus é muito mais que o libertador de um povo. Ele é aquele capaz de nos libertar, a todos nós, de tudo que nos afasta de Deus.
Peço ao Espírito Santo que nos conceda o dom do entendimento, da sabedoria, para que acolhamos os caminhos que Deus faz na nossa vida e que sejamos capazes de vivenciar o sofrimento como uma possibilidade de crescermos na nossa espiritualidade.
***
Regina Maria – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG