A pergunta sobre a ressurreição (LC 20, 27 – 40)
25 de novembro de 2017Doamos a Deus apenas sobras?
27 de novembro de 2017PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Vem, Espírito Santo, para que eu aprenda
a viver com liberdade interior.
Ajuda-me a desprender-me de meus planos
quando a vida os modificar.
Toca meu coração para que confie
em tua proteção amorosa.
Serás meu poderoso protetor
em meio a toda dificuldade.
Derrama em mim tua vida, intensa e harmoniosa,
para que não me oponha ao cansaço, ao desgaste, às mudanças,
e para que não busque falsas seguranças.
Que tua Palavra chegue a toda a minha vida
e se faça vida em mim e em minha comunidade.
Amém
TEXTO BÍBLICO: Mt 25.31-46
O juízo final
31Jesus terminou, dizendo:
— Quando o Filho do Homem vier como Rei, com todos os anjos, ele se sentará no seu trono real. 32Todos os povos da terra se reunirão diante dele, e ele separará as pessoas umas das outras, assim como o pastor separa as ovelhas das cabras. 33Ele porá os bons à sua direita e os outros, à esquerda. 34Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: “Venham, vocês que são abençoados pelo meu Pai! Venham e recebam o Reino que o meu Pai preparou para vocês desde a criação do mundo. 35Pois eu estava com fome, e vocês me deram comida; estava com sede, e me deram água. Era estrangeiro, e me receberam na sua casa. 36Estava sem roupa, e me vestiram; estava doente, e cuidaram de mim. Estava na cadeia, e foram me visitar.”
37 — Então os bons perguntarão: “Senhor, quando foi que o vimos com fome e lhe demos comida ou com sede e lhe demos água? 38Quando foi que vimos o senhor como estrangeiro e o recebemos na nossa casa ou sem roupa e o vestimos? 39Quando foi que vimos o senhor doente ou na cadeia e fomos visitá-lo?”
40 — Aí o Rei responderá: “Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos, foi a mim que fizeram.”
41 — Depois ele dirá aos que estiverem à sua esquerda: “Afastem-se de mim, vocês que estão debaixo da maldição de Deus! Vão para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos! 42Pois eu estava com fome, e vocês não me deram comida; estava com sede, e não me deram água. 43Era estrangeiro, e não me receberam na sua casa; estava sem roupa, e não me vestiram. Estava doente e na cadeia, e vocês não cuidaram de mim.”
44 — Então eles perguntarão: “Senhor, quando foi que vimos o senhor com fome, ou com sede, ou como estrangeiro, ou sem roupa, ou doente, ou na cadeia e não o ajudamos?”
45 — O Rei responderá: “Eu afirmo a vocês que isto é verdade: todas as vezes que vocês deixaram de ajudar uma destas pessoas mais humildes, foi a mim que deixaram de ajudar.”
46E Jesus terminou assim:
— Portanto, estes irão para o castigo eterno, mas os bons irão para a vida eterna.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
- · Quem se senta no trono e o que faz?
- · O que fizeram de bom os da direita e o que deixaram de fazer os da esquerda?
- · Estavam conscientes de que o faziam ou o deixavam de fazer a Jesus?
- · Em última instância, sobre o que seremos julgados?
Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini
Desde o início, o texto convida-nos a representar-nos o juízo universal através das imagens do “Filho do Homem” que vem em sua glória, rodeado de anjos, e senta-se em seu trono glorioso. Uma vez que o “Filho do Homem” assume seu papel de juiz universal, sua primeira ação é convocar diante dele “todos os povos da terra”. O Juiz universal “separará as pessoas umas das outras, assim como o pastor separa as ovelhas das cabras”. As ovelhas são colocadas à direita, que é o lado do poder e do triunfo. As cabras ficam à esquerda.
A sentença do Rei começa com os da direita, aqueles que são chamados “abençoados pelo meu Pai” e são convidados a tomar posse do Reino prometido. Seguem-se as razões deste julgamento favorável: o Rei confessa ter sido objeto de seis obras de misericórdia por parte deles. Com efeito, Mateus apresenta aqui uma lista de seis situações de carência: fome, sede, estrangeiro, sem roupa, doente e na cadeia, que são supridas por seis obras de amor, bem conhecidas na tradição bíblica.
Os da direita, que agora são identificados como “os bons”, tomam a palavra e perguntam quando realizaram estas obras em favor do Rei. Portanto, os justos parecem não estar conscientes de ter feito estas obras de amor ao próprio Cristo.
É importante citar literalmente a resposta do Rei: “Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos, foi a mim que fizeram” (25.40). No evangelho de Mateus, são chamados de “irmãos” de Jesus os que fazem a vontade do Pai, mais concretamente, os discípulos ou apóstolos (cf. 12.49-50; 28.10). Conseguintemente, estes “meus irmãos mais humildes” serão, em primeiro lugar, os discípulos de Cristo no sentido dos membros da comunidade eclesial, incluindo-se os missionários itinerantes; mas existe a possibilidade de conferir-lhes um horizonte universal, que inclua toda pessoa que padece alguma das carências supracitadas. A expressão sublinha a enorme distância entre os indigentes e o juiz universal, e efetua sua identificação com eles. Ou seja, o maior identifica-se com os menores.
Desta forma, a vivência da fraternidade não se limita ao âmbito eclesial; abre-se a todos os seres humanos. Portanto, a fraternidade solidária que o primeiro evangelho nos propõe tem dois fundamentos: a paternidade de Deus e o mistério da encarnação do Filho, que escolheu os pobres e indigentes como modelo privilegiado de sua presença na história.
A segunda parte da parábola – a repreensão aos da esquerda – é clara: são condenados por não terem assistido Cristo nos necessitados, mesmo que não soubessem que Jesus estava presente neles. Observemos que não fizeram algo mau, mas se omitiram de fazer algo bom, e este é o mal.
O que o Senhor me diz no texto?
O final do ano litúrgico convida-nos a meditar sobre o fim da história e sobre o juízo final.
O evangelho recorre à imagem de um Juiz e Rei soberano que, na hora do julgamento, separará os bons dos maus. Pois bem, a grande contribuição que esta parábola nos traz é o critério do julgamento: o amor concreto ao próximo necessitado. No evangelho de Mateus, há uma forte insistência no fazer, nas boas obras, pois “não serão os sentimentos que tivermos pelos pobres, nem as intenções, nem as horas dedicadas a falar sobre eles que nos farão pertencer ao grupo das ovelhas, mas o que concretamente tivermos feito por eles, os gestos de ajuda e de solidariedade”.
O Papa Bento XVI faz referência ao evangelho de hoje em sua encíclica “Deus é amor”: “É preciso, enfim, recordar de modo particular a grande parábola do Juízo final (cf. Mt 25.31-46), onde o amor se torna o critério para a decisão definitiva sobre o valor ou a inutilidade duma vida humana. Jesus identifica-se com os necessitados: famintos, sedentos, forasteiros, nus, enfermos, encarcerados. ‘Quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos, foi a mim que fizeram’ (Mt 25.40). Amor a Deus e amor ao próximo fundem-se num todo: no mais pequenino, encontramos o próprio Jesus e, em Jesus, encontramos Deus” (DEA nº 15).
Concretamente, Jesus está a oferecer-nos antecipadamente as perguntas do exame final para que não sejamos reprovados. Com outras palavras, mais do que discutir sobre se é justo que Cristo condene os que não sabiam de sua identificação com os necessitados, o importante é que agora nós o sabemos, que a este respeito é que seremos julgados e, portanto, é isto o que devemos viver.
O Papa Francisco comentava esta parábola dizendo: “À direita ficam os que agiram de acordo com a vontade de Deus, que ajudaram o faminto, o sedento, o estrangeiro, o desnudo, o enfermo, o encarcerado, o forasteiro. Penso nos muitos estrangeiros que existem aqui na diocese de Roma. Que fazemos com eles? Ao passo que à esquerda estão os que não socorreram o próximo. Isto nos mostra que seremos julgamos por Deus quanto à caridade, se o amamos nos irmãos, especialmente nos mais vulneráveis e necessitados. Obviamente, sempre é preciso levar em conta que somos justificados, que somos salvos por graça, por um ato de amor gratuito de Deus, que sempre nos precede. Sozinhos nada podemos fazer. A fé é, principalmente, um dom que recebemos, mas para frutificar; a graça de Deus sempre exige nossa abertura para ele, nossa resposta livre e concreta. Cristo vem para trazer-nos a misericórdia de Deus que salva. Somos solicitados a confiar nele, a responder ao dom de seu amor com uma vida boa, feita de ações animadas pela fé e pelo amor”.
Enfim, Cristo é Rei de amor: quem aceita que ele reine em sua vida, aceita viver o amor ao Pai e aos irmãos. Então, se alguém ama gratuitamente, desinteressadamente os pobres e necessitados, é porque tem em seu coração o amor de Deus, é porque Cristo está reinando em seu coração. E por isso, na hora do juízo, será declarado abençoado.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
- · O amor é a coisa mais importante em minha vida?
- · Que atitude tenho e que ações pratico ou deixo de praticar diante de alguém necessitado?
- · Estou consciente de que não basta não fazer o mal a alguém? Peco por omissão?
- · Se o julgamento fosse hoje mesmo: de que lado Jesus me colocaria?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Obrigado por me antecederes sempre, Jesus.
Teu Reino não conhece medidas nem cálculos.
Tua Glória não tem pompas nem alardes.
Tua compaixão é a verdadeira revolução.
Que eu saiba partilhar minha comida.
Que saiba que um copo de minha água pode acalmar a sede.
Que meu coração seja casa de portas abertas para alojar e proteger.
Que eu vista aos despidos de alma.
Que minhas palavras curem e consolem.
Que não fique preso nos discursos, Senhor.
Move-me por dentro e impele-me a agir.
Quero ser sensível e ver-te, Jesus, em cada pessoa.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, ajuda-me a encontrar-te em meus irmãos mais humildes”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, comprometo-me a compartilhar minha comida com quem dela necessitar e perguntar seu nome para colocá-lo em minha oração.
“No entardecer da vida seremos julgados pelo amor.”
São João da Cruz