“Quem faz a vontade de Deus é meu irmão, minha irmã e minha mãe”
23 de janeiro de 2018Marcos 16,15-18
25 de janeiro de 2018Evangelho: Marcos 4,1-20
“Jesus começou a ensinar outra vez na beira do lago da Galileia. A multidão que se ajuntou em volta dele era tão grande, que ele entrou e sentou-se num barco perto da praia, onde o povo estava. Jesus usava parábolas para ensinar muitas coisas. Ele dizia:
— Escutem! Certo homem saiu para semear. E, quando estava espalhando as sementes, algumas caíram na beira do caminho, e os passarinhos comeram tudo. Outra parte das sementes caiu num lugar onde havia muitas pedras e pouca terra. As sementes brotaram logo porque a terra não era funda. Mas, quando o sol apareceu, queimou as plantas, e elas secaram porque não tinham raízes. Outras sementes caíram no meio de espinhos, que cresceram e sufocaram as plantas. Por isso nada produziram. Mas as sementes que caíram em terra boa brotaram, cresceram e produziram na base de trinta, sessenta e até cem grãos por um.
E Jesus terminou, dizendo:
— Se vocês têm ouvidos para ouvir, então ouçam.
Quando a multidão foi embora, as pessoas que ficaram ali começaram, junto com os doze discípulos, a fazer perguntas a Jesus sobre parábolas.
Jesus disse a eles:
— A vocês Deus mostra o segredo do seu Reino. Mas para os que estão fora do Reino tudo é ensinado por meio de parábolas, para que olhem e não enxerguem nada e para que escutem e não entendam; se não, eles voltariam para Deus, e ele os perdoaria.
Então Jesus perguntou:
— Se vocês não entendem essa parábola, como vão entender as outras?
E continuou:
— O semeador semeia a mensagem de Deus. Algumas pessoas que a ouvem são como as sementes que caíram na beira do caminho. Logo que ouvem, Satanás vem e tira a mensagem que foi semeada no coração delas. Outras pessoas são como as sementes que foram semeadas onde havia muitas pedras. Quando ouvem a mensagem, elas a aceitam logo com alegria; mas depois de pouco tempo essas pessoas abandonam a mensagem porque ela não criou raízes nelas. E, quando por causa da mensagem chegam os sofrimentos e as perseguições, elas logo abandonam a sua fé. Ainda outras são parecidas com as sementes que foram semeadas no meio dos espinhos. Elas ouvem a mensagem, mas, quando aparecem as preocupações deste mundo, a ilusão das riquezas e outras ambições, estas coisas sufocam a mensagem, e ela não produz frutos. E existem aquelas pessoas que são como as sementes que foram semeadas em terra boa. Elas ouvem, e aceitam a mensagem, e produzem uma grande colheita: umas, trinta; outras, sessenta; e ainda outras, cem vezes mais do que foi semeado.”
Reflexão:
Começar nossa oração agradecendo ao Senhor a possibilidade de parar diante da sua Palavra, oferecendo-lhe o desejo sincero de compreendê-la na própria vida e pedindo-lhe essa graça.
Ser essas pessoas que não vão embora logo ao ouvir a Palavra, que ouvem de relance e saem, a multidão, mas as que continuam ali, ao lado de Jesus. Atender à sua provocação: “Se vocês têm ouvidos para ouvir, então ouçam.”
E quem tem ouvidos para ouvir? Aqueles que acolhem o perdão de Deus, o Seu dom oferecido e, por esse dom (que Ele deseja dar a todos, mas nem todos se abrem), olham e enxergam, escutam e entendem. Perceber em nós mesmos como isso é dom, distinguindo os momentos em que aconteceu conosco daqueles em que nossos olhos e ouvidos também estavam fechados.
Deixar que hoje Jesus explique a parábola em nossa vida. Sua explicação é tão clara que seria redundante estender-me aqui. Apenas algumas observações:
– Jesus fala “pessoas”, mas, ao invés de olhar para os outros, ver a nós mesmos em diferentes situações. Com isso, reconhecer, à medida em que Ele explica a parábola:
. Em que momentos ela caiu à beira do caminho da minha vida? Em que momentos ouço o Evangelho, na missa, no dia a dia… e não consigo perceber em nada o que quer dizer para a minha vida, a que me chama? Quantas celebrações sem fruto algum! Por que? Por não haver graça nela ou por algo meu?
. Que pedras são essas que não deixam a Palavra criar raízes em mim? “Quando ouvem a mensagem, elas a aceitam logo com alegria; mas depois de pouco tempo essas pessoas abandonam a mensagem porque ela não criou raízes nelas. E, quando por causa da mensagem chegam os sofrimentos e as perseguições, elas logo abandonam a sua fé.”
De relance podemos pensar: imagine, eu nunca abandonei a minha fé! Talvez pensemos isso no sentido de nunca ter negado a nossa fé cristã. Mas se formos ao dia a dia, em quantas situações entendemos da Palavra o chamado a uma concretização – por exemplo, a não entrar na roda de fofoca do trabalho; a ter paciência com uma pessoa – e, diante de uma dificuldade que aparece, largamos na mesma hora. Se examinarmos o dia, veremos: “Poxa, eu disse que não ia falar aquilo e falei!” Dialogar com o Senhor: Por que não criou raízes? O que acontece?
. Observar os espinhos – diante da explicação de Jesus, quais são eles na minha vida? Em que ilusões geralmente caio?
. Observar a terra fértil e deixar o coração ser tomado pelo desejo de frutos abundantes.
O mais bonito é que Jesus vem a mim como sou! Ou seja, não é de outra terra, mas da minha mesmo, do meu coração que Ele está falando. Se Ele não fará um transplante de coração, qual será o seu convite? Perguntar-lhe na oração.
Compreendo que será trabalhar a própria terra na Sua companhia, com a Sua graça. Não nos esquivar de olhar e reconhecer a superficialidade, as pedras, os espinhos e ir transformando nas atitudes contrárias. Deixando a Palavra penetrar, não voltando atrás no primeiro obstáculo, reconhecendo o poder das ilusões em si mesmo e pedindo a graça de escolher o que é Verdadeiro, o que não passa, o Seu amor.
Pedir-lhe a graça então de ser essa terra boa, não por passe de mágica, mas colaborando com Ele, o semeador, no trabalho paciente da terra real que tenho hoje para apresentar-lhe.
Tania Pulier, jornalista e teóloga, membro da CVX Cardoner e da Família Missionária Verbum Dei