A cruz que nos cura – João 3,7-15
29 de abril de 2014Falar as palavras de Deus – João 3,31-36
1 de maio de 2014LEITURA
“Com efeito, de tal modo Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; quem não crê, já está julgado, porque não creu no Nome do Filho único de Deus. Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque as suas obras eram más. Pois quem faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que suas obras não sejam demonstradas como culpáveis. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, para que se manifeste que suas obras são feitas em Deus”.
Preferências
“Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque as suas obras eram más”.
Sempre fico encantado com um verbo recorrentemente usado por Jesus em seus discursos, também presente no evangelho deste dia: preferir. Encanto-me especialmente por dois motivos. Primeiro, com a aplicabilidade do “preferir” em nossa vida, lembrando-me da máxima de que a vida realmente é feita de escolhas, de preferências. Isso, para mim, ganha suprema autenticidade quando tanto é valorizado nos ensinamentos de Jesus. Nossa vida escorre em um caminho desenhado por nossas preferências, e a sabedoria divina se faz presente quando Jesus delicadamente escolhe, para revelar a nossa oportunidade de salvação, nos mostrar que tantas vezes não somos felizes porque não escolhemos ser felizes. Simples assim.
Por outro lado, o discurso de Jesus baseado no “preferir” me encanta por evidenciar uma das características mais exaltadas por ele: a liberdade. Se estamos aptos a preferir uma coisa a outra é porque desde o princípio devemos nos pressupor seres livres, com liberdade de escolha. E a liberdade é tão bela e preconizada por Jesus, porque é ela que está por detrás da fé e da caridade. Nossas preces e boas ações somente ganham credibilidade quando são vistas como opções de vida, diante de inúmeras outras alternativas ofertadas pelo mundo.
Nos meus dias, quando me vejo sufocado pela responsabilidade do trabalho e dos estudos, ao mesmo tempo em que sou levado a me distanciar da oração persistente e da reflexão diária da Palavra de Deus, lembro-me de Maria, aquela que escolheu, preferiu, a melhor parte (Lucas 10,38-42). Lembro-me também de uma importante frase que conheci e que me acompanha nesses dias de rapidez: ter tempo é questão de preferência.
Que o Espírito de Deus nos conceda, então, discernimento e sabedoria para reconhecermos as preferências, escolhas diárias, que nos conduzirão sempre a uma vida de luz. Desse modo, seremos espelhos da graça de Deus.
Marcelo H. Camargos. Estudante de medicina na UFMG. Fraternidade Missionária Verbum Dei de Belo Horizonte, MG.